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Brasília

PCC mantinha time de advogados

Polícia desmonta célula da facção criminosa. Investigação começou após ameaça a juíza do DF

Marcus Eduardo Pereira

08/01/2020 5h00

Esquerda para a direita: os delegados Guilherme Melo (diretor da Difac) e Leonardo de Castro (Coordenador da Cecor) Fotos: Lucas Neiva

Lucas Neiva e Willian Matos
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Na manhã de ontem, a Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) cumpriu 8 de 14 mandados de prisão contra membros da facção criminosa Primeiro Comando Capital (PCC). A operação Guardiã 61 cumpriu, também, cinco mandados de busca e apreensão contra os suspeitos, que tentavam estabelecer uma célula da facção no Distrito Federal. O grupo atuava de forma organizada em Brasília, chegando a contar com um time de advogados na tarefa.

As investigações começaram quando uma juíza da Vara de Execução Penal recebeu ameaças de membros da facção por meio de um bilhete após a transferência de líderes para presídios do Distrito Federal. “As ameaças comprovam a existência de atividade da facção criminosa no DF e com um detalhe muito importante: a participação de gravatas, de advogados”, revela Guilherme Melo, diretor da Divisão de Repressão a Facções Criminosas (Difac) da Coordenação Especial de Combate ao Crime Organizado (Cecor).

Foto: Imagem cedida ao Jornal de Brasília pela PCDF

A PCDF identificou a articulação de ao menos 30 membros do PCC no DF, que buscavam consolidar uma estrutura de apoio à cúpula da facção, além do núcleo de advogados. Parte dos faccionados atuava nas atividades de roubo e tráfico, enquanto outra parte cuidava do apoio jurídico a eventuais presos e auxílio extrajurídico (ajuda financeira, comunicação, entrega de alimentos e remédios a presidiários, etc.). “Essa estrutura remonta a entrada de advogados para esse auxílio, e isso gera o perigo da possibilidade de fuga desses membros”, afirma o diretor da Difac.

Desde então, a PCDF passou a monitorar as atividades do PCC, chegando inclusive a acompanhar, em dezembro, a tentativa do grupo de resgatar o líder Marcola, condenado a mais de 300 anos de reclusão e preso no Presídio Federal de Brasília. De acordo com Guilherme Melo, o objetivo era identificar o melhor momento para agir contra a facção. “Esse retardo na ação visa justamente permitir que haja uma resposta preventiva do Estado (…) e a movimentação repressiva da Polícia Civil, que é com esse indiciamento de 30 pessoas e mais o núcleo de advogados”, afirma.

Sede do crime

Durante o cumprimento do mandados de busca e apreensão contra os advogados suspeitos, foram encontrados dois dos chamados “cara-crachá”: fichas de filiação ao PCC, com informações detalhadas dos membros. Além disso, foram encontrados diversos comprovantes de pagamento e um contrato do aluguel de uma casa em Taguatinga, por onde a facção poderia contar com uma estrutura física de atuação.

De acordo com as investigações, a facção havia pesquisado imóveis em outras regiões administrativas antes de optar pela casa em Taguatinga. Os advogados suspeitos foram vistos visitando imóveis no Lago Norte, Lago Sul e Jardim Botânico, o que indica o grande poder econômico da facção. A PCDF acredita que esses locais tenham sido considerados para não atrair atenção dos órgãos de investigação, mas preferiram Taguatinga pela facilidade logística.

A casa servia como base de operações da célula, explica o delegado. “As casas de apoio são sedes territoriais estabelecidas para receber membros da facção, para ser um ponto de elaboração, esconder armas, esconder drogas, fornecer dinheiro, trazer faccionados para implementar uma possível fuga. São usadas das mais diversas formas”.

Os mandados de prisão preventiva e de busca e apreensão emitidos compõem a primeira parte da operação “Guardiã 61”. Os suspeitos, além de responder individualmente pela sua parcela dos crimes cometidos, terão que responder por promoção, constituição e integração de organização criminosa, com penas que variam de três a oito anos de reclusão.

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