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Brasília

Passageira é largada na rua por motorista que se recusa a rodar em Vicente Pires

Arquivo Geral

14/01/2019 18h42

Suzana Alves foi deixada a 1,2 km de casa pelo motorista do aplicativo. Vicente Pires. 14-01-2019. Foto: Vítor Mendonça/Jornal de Brasília.

Douver Barros
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Uma passageira de transporte por aplicativo denuncia ter sido deixada na rua por um motorista, antes de chegar ao seu destino, em Vicente Pires. Suzana Alves havia feito a solicitação de corrida nas proximidades de um shopping em Taguatinga e iria para casa. O motorista, segundo a cabeleireira, desistiu da viagem sob o argumento de haver muitos buracos na rua. Ela, o marido e o filho, de 2 anos, precisaram da ajuda de uma amiga para chegar em casa. O pano de fundo da situação não é incomum: o Jornal de Brasília apurou que outros motoristas têm se recusado a rodar pela região, que passa por obras. Sobre o caso específico, a associação que responde por motoristas de aplicativos diz que a prática cabe punição ao condutor.

O episódio ocorreu por volta da 0h desta segunda-feira (14). Suzana diz que, antes de embarcar, destacou para o motorista que a corrida era para Vicente Pires e ele teria ficado quieto. Ao chegar à Rua 6 da região administrativa, o inesperado aconteceu. “Ele estacionou o carro e disse que infelizmente não poderia me levar ao meu destino. Não acreditei que aquilo estava acontecendo. Desci e fui andando”, conta a cabeleireira, que chegou a passar mal. “Fiquei muito nervosa, tenho crises de asma”, completa.

Suzana se recusou a fazer o pagamento da corrida de R$ 13. “Ele cobrou, mas eu disse que não iria pagar. Perguntei: ‘Você me deixou no meu destino? Não, né? Se eu te pagar, vou ter de pagar outro carro ou até ônibus para chegar em casa’. E ele ficou reclamando, dizendo que por isso que não leva passageiro a Vicente Pires, porque são muitos buracos”, lembra a mulher. Segundo ela, o ponto onde parou até sua casa é de uma distância de cinco chácaras.

Suzana Alves foi deixada a 1,2 km de casa pelo motorista do aplicativo. Vicente Pires. 14-01-2019. Foto: Vítor Mendonça/Jornal de Brasília.

O carro é um Fiat Gran Siena branco. A reportagem do Jornal de Brasília pediu um print do histórico da corrida, mas a mulher disse que a viagem não ficou registrada porque o motorista cancelou antes do destino. Ela afirmou que a corrida foi contratada por meio da Uber. Procurada, a empresa disse que está verificando o caso de acordo com dados informados pela reportagem.

Esta não foi a primeira vez que Suzana passa por este tipo de situação. Em outro episódio, discutiu com um motorista que se recusou a levá-la de Taguatinga a Vicente Pires.

Na ocasião, estava com o filho no colo, que tinha dois meses de nascido. Depois de várias solicitações frustradas de viagem, precisou da ajuda de uma amiga para chegar em casa. “Isso está errado. Se estou pedindo é porque estou precisando. Não é uma diversão. A empresa precisa começar a notificar os motoristas que fazem isso. Caso contrário, eles vão continuar com a prática. Isso é discriminação”, lamenta a cabeleireira. Ela diz que denunciou o caso à empresa e foi informada de que não voltaria a encontrar o motorista numa nova solicitação de viagem.

Sugestões de associação

Bismarck Hegermann, presidente da Associação de Motoristas de Transporte Individual por Aplicativo (Amstip-DF), diz que empresas como Uber e 99 Pop estão cientes do problema com as ruas esburacadas de Vicente Pires. “A associação entrou em contato com as empresas e deu a sugestão de oferecer um valor de compensações sobre corridas em Vicente Pires. A ideia é deixar os motoristas incentivados a trafegar por ali”, explica o sindicalista. Nas palavras dele, as companhias se comprometeram a analisar a sugestão, mas ainda não deram retorno sobre a demanda.

“Deixar o passageiro na rua é algo condenável. Dá até desligamento do motorista na plataforma. Não se pode deixar um passageiro no meio do caminho, arriscando a vida. Pode acontecer algo como um assalto, por exemplo. A plataforma não admite este tipo de comportamento”, pontua Bismarck.

Questionada sobre cancelamentos de viagens devido à buraqueira em Vicente Pires, a Uber informou em nota que a “plataforma permite que os motoristas tenham a liberdade para não aceitar ou cancelar viagens”. Afirmou, no entanto, que uma alta quantidade de cancelamentos infundados pode configurar violação aos Termos e Condições de adesão. A infração pode acarretar no cancelamento da parceria entre empresa e motorista. “A Uber tem equipes e tecnologias próprias que constantemente analisam viagens para identificar violações e, caso sejam comprovadas, banir os envolvidos”, diz o texto.

Buracos em Vicente Pires

A situação das ruas em Vicente Pires não é fácil para quem precisa trafegar por ali. Os anos passam e os problema com buracos, carros engolidos por crateras e enchentes persistem. No ano passado, o Jornal de Brasília mostrou o drama dos moradores, que lançaram uma petição como grito de socorro por causa dos transtornos provocados por obras de drenagem.

As obras de reestruturação começaram em janeiro de 2016. Um ano antes, os recursos foram liberados pelo governo federal por meio do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). O total das obras têm custo estimado de R$ 504 milhões. Em setembro, o governo entregou as obras de pavimentação e sistemas de drenagem nas Avenidas São Francisco e Governador. Isso equivale a 22% do total a ser concluído somente na Gleba 1, que abrange as vias.

No sábado passado, o governador Ibaneis Rocha (MDB) viu de perto o andamento das obras na região. O novo gestor quer rapidez no andamento da recuperação asfáltica. A administração regional quer utilizar pontes entre o Trecho 2 e a Colônia Agrícola Samambaia e Jóquei Clube. Construção de calçadas nas margens dos lotes e vagas de estacionamento também devem entrar na pauta.

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