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Brasília

Para analisar consumo de drogas, Caesb usa esgoto

Cinco instituições – como UnB e polícias Federal e Civil do DF – vão avaliar amostras coletadas em seis cidades brasileiras e, assim, produzir informações para estimar a evolução do uso dessas substâncias

Redação Jornal de Brasília

06/01/2020 16h57

A Companhia de Saneamento Ambiental do Distrito Federal (Caesb) é uma das instituições mais relevantes no estudo a ser desenvolvido pela Universidade de Brasília e polícias Federal e Civil do DF sobre o consumo de drogas ilícitas no país.

Este ano o trabalho será feito parceria com o Ministério da Cidadania e o Instituto Nacional de Ciências e Tecnologias Analíticas Avançadas (INCTAA). No estudo serão, analisadas amostras de esgotos coletadas em seis cidades brasileiras. O Distrito Federal é pioneiro na participação deste tipo pesquisa uma vez que a Caesb já tem colaborado em estudos dessa natureza nos últimos 10 anos.Além do DF, as cinco cidades escolhidas para o estudo inicial são Porto Alegre (RS), Curitiba (PR), São Carlos (SP), Campinas (SP) e Natal (RN). Além do apoio institucional, dois empregados da Caesb também fazem parte da equipe de pesquisadores envolvidos com o projeto.

A pesquisa tem como objetivo identificar as substâncias secretadas pelo organismo de usuários de drogas – uma vez que elas, depois de metabolizadas, são excretadas pela urina, chegando ao esgoto. As informações produzidas pela análise de esgotos buscam complementar os dados gerados pelos métodos tradicionais usados para se estimar a evolução do consumo de drogas.

Para o professor do Instituto de Química da Universidade de Brasília (UnB), Fernando Fabriz Sodré, um dos responsáveis pelo estudo, a participação da Caesb sempre foi essencial ao desenvolvimento e consolidação desta linha de pesquisa nos últimos dez anos. Afinal, lembra ele, a primeira etapa para a obtenção dos resultados envolve a amostragem representativa do esgoto que chega nas estações de tratamento. A amostragem deve ser realizada de maneira composta, o que só é possível com amostradores automáticos refrigerados disponibilizados pela Caesb.

“Agora, conseguiremos expandir esta linha de pesquisa para outras regiões do país e, nesta nova etapa, a Caesb continuará sendo importante por se colocar como uma empresa de referência em termos de pesquisa frente às outras companhias de saneamento”, exalta Fernando.

O professor explica que um diferencial importante da pesquisa é que são medidas substâncias oriundas do pós-consumo das drogas, o que oferece a possibilidade de uma investigação a curto prazo, com dados produzidos em tempo quase real. “Hoje conseguimos, por exemplo, observar a variação de consumo durante vários dias consecutivos, identificando a influência de finais de semana, de eventos sociais e de feriados nacionais sobre o consumo de drogas”, explica.

Para o diretor de Operação e Manutenção da Caesb, Carlos Eduardo Borges, essas parcerias refletem o interesse da Companhia no apoio e na cooperação com outros órgãos do governo, local e federal, para o enfrentamento de problemas relacionados ao uso de drogas ilícitas.

“A Caesb incentiva a inovação e o uso de novas tecnologias para a identificação dos componentes dos esgotos domésticos, uma vez que vários cursos d’água, além de receptores de esgotos, tornaram-se mananciais de abastecimento de água”, defende Carlos Eduardo.

Em 2012, uma cooperação entre o Instituto Nacional de Criminalística e as Universidades de Campinas (Unicamp) e de Brasília (UnB) estimou, pela primeira vez no Brasil, o consumo de cocaína por meio da análise do esgoto. As amostras de esgoto bruto foram coletadas em seis estações de tratamento da Caesb, responsáveis por atender cerca de 70% da população do DF. Os resultados revelaram um consumo de 1080 mg/dia/1000 habitantes.

O estudo, conhecido como epidemiologia do esgoto, oferece um valor numérico relativo ao consumo de uma droga, possibilitando a construção de um mapa de consumo, uma vez que as amostras de esgotos são coletadas em diferentes estações (ETEs) que atendem diversas regiões do DF.

O estudo revelou, à época, um consumo de cocaína per capita mais elevado nas regiões norte de Brasília e Samambaia, onde a população é atendida pelas ETEs Asa Norte e Samambaia, respectivamente.

Os valores foram duas vezes maiores que o consumo de cocaína pela população atendida pelas ETEs Planaltina e Riacho Fundo. Outro dado observado é que o consumo de cocaína no fim de semana é maior do que em outros dias da semana, o que pode indicar um aumento do uso recreativo da droga nesse período.

Com informações da Agência Brasília. 

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