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Brasília

Pandemia: comerciários não conseguem ser testados

Lojistas se preocupam com a pouca disponibilidade de testagem no Sesc-DF

Lucas Neiva

29/06/2020 6h52

Foto: Vítor Mendonça/Jornal de Brasília

Um mês depois do Governo do Distrito Federal (GDF) autorizar a abertura dos estabelecimentos comerciais em Brasília, muitos lojistas relatam não conseguir acesso aos testes de covid-19 distribuídos pelo Serviço Social do Comércio (Sesc-DF). Para conseguir atender as exigências do governo, se veem obrigados a recorrer aos testes de laboratórios privados ou aos mutirões da Secretaria de Saúde (SES), onde a defasagem de tempo não atende aos requisitos do GDF.

Como medida para evitar que a reabertura do comércio pudesse resultar em perda do controle da propagação da doença, a Federação do Comércio do Distrito Federal (Fecomércio-DF) e o GDF estabeleceram uma parceria em que testes de covid-19 cedidos pela Secretaria de Saúde seriam realizados de 15 em 15 dias em funcionários do comércio por meio de postos geridos pelo Sesc. Mas apenas uma pequena quantidade de trabalhadores consegue agendar o atendimento nesses postos.

A denúncia chegou por meio de uma lojista do shopping Liberty Mall que pediu para não se identificar. “Na primeira leva de testes, somente 10% dos funcionários de shoppings conseguiram ser testados. Na segunda leva, que devia ter sido feita 15 dias atrás, ninguém conseguiu”. As primeiras levas de teste criaram filas que representavam risco aos funcionários que aguardavam as testagens, e para solucionar isso o Sesc criou um cadastro virtual para que os testes pudessem ser feitos por agendamento. Isso também não resolveu o problema. “Nós fizemos o cadastro e nunca fomos chamados”, reclama dona de loja.

A falta de disponibilidade de testes gratuitos e a necessidade de apresentação de sintomas para a realização de testes por meio dos mutirões da SES obriga lojistas a recorrer aos exames de laboratórios privados. Mas esses exames fogem do orçamento das lojas. “Cada teste custa entre R$ 250 e R$ 300. Antes, nós faturávamos R$ 100mil ao mês. Mas desde que o comércio reabriu, só tivemos R$ 1 mil. Como vamos arcar com os custos para testar todos os funcionários de 15 em 15 dias?”, questiona em desespero.

Outros lojistas procurados pela reportagem relataram o mesmo problema. “Estamos com muita dificuldade para fazer o agendamento, o pessoal tem sofrido para conseguir. Tem gente que fica todos os dias tentando, mas os pedidos são sempre negados. Não tem vaga, é constante. A minha equipe está testada, mas isso não tem sido fácil”, afirma Claudiana Tavares, gerente da loja Hering Store, no shopping Liberty Mall.

Na loja Arezzo, no mesmo shopping, a queixa quanto ao acesso dos testes por meio do Sesc permanece a mesma. “Os funcionários não estão conseguindo, na verdade está sempre sem vaga. Eu consegui, mas meus funcionários não conseguiram. Nenhum, toda vez que entra no site, não tem vaga. Acho que eu dei foi sorte”, afirma Wandir de Alencar, gerente da loja.

Na Imaginarium do Brasília Shopping, já não há expectativa para conseguir os testes por meio do Sesc. “A gente está fazendo só as testagens do GDF, pelo drive-thru mesmo. Mas os testes só ficam disponíveis para fazer um novo teste 15 dias depois do anterior, então acaba que atrasa até dois dias do prazo exigido”, declara a gerente Ana Clara.

Funcionários de redes multinacionais não ficam de fora da falta de disponibilidade de testes. “Nós não estamos conseguindo agendar, na verdade a empresa está pagando o nosso teste em laboratório particular a cada 15 dias. Nós conseguimos fazer duas vezes nos mutirões do governo, mas desde então não conseguimos mais vagas e a empresa está pagando para a gente”, relata Rosa Santos, gerente da loja Lindt no Iguatemi.

O Sesc-DF foi informado pela reportagem acerca das queixas dos lojistas, e questionado sobre a existência de algum plano de solução ao problema. Até o fechamento da matéria, não houve resposta.

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