Menu
Brasília

Pai desabafa: “As coisas estão fugindo do controle”

Enterro de Márcio Ribeiro, morto com uma facada, é marcado por revolta

Vítor Mendonça

09/03/2020 4h48

Velorio de Marcio Ribeiro Rocha Junior, 28, morto com uma facada no peito na madrugada do ultimo sabado (7).Foto: Vitor Mendonca/JBrData: 08-03-2020

Foi sepultado ontem o aluno de engenharia da computação Márcio Ribeiro Rocha Júnior, de 28 anos, assassinado com uma facada no peito na madrugada do último sábado (7), em frente a plataforma superior da Rodoviária do Plano Piloto. Ao som da canção “Hurt”, de Johnny Cash, familiares e amigos prestaram as últimas homenagens, com palmas e assobios à beira do túmulo.

“Foi um filho que enterrei, não um neto”, afirmou a avó Wilma Ribeiro Rocha, 84, com quem Márcio morava desde os 13 anos. “Ele era muito carinhoso e atencioso, me chamava de ‘vozinha’ e como ele não havia igual”. A mãe biológica se encontra em Pirassununga, São Paulo, e não pôde comparecer ao velório. “Ela está inconsolável, à base de calmantes”, informou Wilma.

O pai do estudante, Márcio Ribeiro Rocha, 55, estava desolado. Aos prantos, lamentou que o filho vai fazer falta, mas que tinha gratidão de ter sido seu pai.

“Não consigo nem explicar o sentimento agora, é uma mistura. Tem um buraco e um oco muito grande em mim”, tentou se expressar. “Vai fazer muita falta, aquele menino era de ouro”, disse com lágrimas nos olhos.

De acordo com o pai, a bondade e personalidade de fácil amizade de Márcio eram suas melhores qualidades, mas foram justamente elas que o levaram para uma emboscada. “Muita maldade. Esse cara fez amizade com meu filho pra matar ele, se fez de amigo”, revolta-se.

“Ele morreu porque era gente boa. Depois de roubar o celular, não precisava ter matado meu filho.”

O também corretor de imóveis critica a intensa criminalidade e sentimento de insegurança atualmente. “Hoje a gente não pode sair do carro, sair de casa. A gente pode até sair, mas não sabe se volta”, comenta Márcio. “As coisas estão fugindo do controle. Uma morte já é dura, por assassinato então, é indigerível”, declarou.

Sequência de erros

Thaís Araújo, 27, namorada de Márcio Júnior, conta que houve uma “sequência de erros” naquela madrugada por parte do socorro à vítima. “Quando o Samu chegou, ele já estava com dificuldade de respirar, tentando achar uma posição melhor. Eu informei o pessoal da ambulância sobre isso, mas eles não acreditaram e não deram os primeiros socorros; não tinha nem aparelho de oxigênio ou outro aparato”, relatou.Dez minutos após ter dado entrada no Hospital de Base do Distrito Federal (HBDF), veio a notícia de que Márcio não resistira.

O caso

Por volta das 4h da madrugada de sábado (7), Márcio e Thaís saíram de uma festa no Conic e compraram uma bebida. Em seguida conheceram um homem que os acompanhou até a plataforma superior da rodoviária, onde o casal solicitou um transporte por aplicativo. As imagens de segurança do local registraram o momento em que se aproximam.

Thaís se mantém afastada e entra na plataforma para sentar e aguardar a solicitação feita no aplicativo de mobilidade. Enquanto estava de costas para o estacionamento da área sul, uma briga entre Márcio e o novo conhecido começa. Depois, outros dois homens surgem e os três atacam o rapaz.

A princípio, a intenção era roubar o celular de Márcio e, enquanto brigavam, uma facada foi desferida contra o peito da vítima. O estudante se afasta dos agressores e se apoia em um mureta da área superior da Rodoviária. Thaís se aproxima e vê a situação.

“Quando o motorista de aplicativo chegou, se recusou a fazer a viagem, mas foi ele quem ligou no 192 para chamar o socorro”, contou Thaís.

    Você também pode gostar

    Assine nossa newsletter e
    mantenha-se bem informado