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Brasília

ONG oferece banho e alimentação para usuários de drogas no DF

Agência UniCeub

16/09/2019 11h04

Por Gabriela Zimovski e Lorena Cabral
Agência de Notícias UniCEUB/Jornal de Brasília

Aos 49 anos, Elvira Batista, fundadora da ONG “Futura Esperança”, vai todo sábado à noite para o Setor Comercial Sul, com um ônibus adaptado para fornecer banhos aos usuários de drogas que passam a noite no local. Cada pessoa tem direito a um kit de higiene, toalha e uma muda de roupa que a ONG recebe de doações. Elvira faz parte das 7,2 milhões de pessoas que praticam o voluntariado no Brasil. Os dados são de 2018 fornecidos pelo IBGE (Instituto de Geografia e Estatística). Esse número representa apenas 4,3% da população do país. A servidora pública explica que o governo não tem condições de realizar esse trabalho sozinho. “Eu não preciso cumprir a burocracia que o governo tem porque, às vezes, as pessoas só querem  atenção e cuidado”.

A incidência do total de pessoas que praticam o voluntariado é maior entre mulheres, pessoas com 50 anos ou mais e com o ensino superior completo, ainda segundo o IBGE. A socióloga e professora Olivia Assis considera que o trabalho voluntário é a única maneira de se pensar em uma igualdade social. “O trabalho voluntário consegue ir hoje a lugares que muitas instituições do estado não consegue ir”, explicou a especialista. 

A ONG começou em dezembro de 2014 e ajudava com lanches e conversas, e, em 2016, montou a estrutura do banho. A fundadora conta que além do banho, há outras instituições que ajudam levando lanches, cobertores e alegria. “ Aos sábados (exceto o primeiro do mês), outras ONGs vão e distribuem lanches, e todo último sábado do mês a gente comemora os aniversariantes, canta parabéns e leva bolo. Tem gente que chega e fala que nunca teve aniversário porque tem gente ali que já nasceu na rua, tem gente que largou a família e tem gente que nunca teve nada”, explica Elvira Batista.

Segundo dados do IBGE, o número de voluntários diminuiu 1,6% em relação aos anos anteriores, mas o número de pessoas que fazem o trabalho de forma individual aumentou. Para a socióloga Olívia Assis, os trabalhos voluntários feitos em Brasília  ainda são insuficientes. “Os trabalhos voluntários no DF são bons, mas ainda não são suficientes para atender a demanda que nós temos por ser a capital do país e por termos tido em um período uma divulgação muito ampla da qualidade de vida aqui”, afirmou a professora. 

Como começou? 

Tudo começou por um convite que Elvira recebeu aos 14 anos  da igreja que frequentava e que ainda faz parte, e, desde então, pegou amor pelo trabalho voluntário.

São cinco anos trabalhando como voluntária no Setor Comercial Sul, que é um dos pontos de consumo de droga em Brasília. Esse período já rendeu muitas histórias. Uma história simples que marcou a vida dela como voluntária e a ensinou que o importante está na simplicidade. “Para algumas pessoas, (o mais importante) não é o dinheiro, (mas sim) é a atenção. A atenção que você dá, de você olhar, isso faz a diferença”, emocionou-se

Elvira guarda todas as doações que recebe nos armários da casa dela

“É preciso amar as pessoas” 

Para a fundadora da ONG “Futura Esperança”, não é fácil o trabalho de voluntário. Ela conta que é preciso abrir mão de muita coisa, principalmente da família, mas, para continuar, lembra  que é o amor pelo próximo o que a motiva para continuar o trabalho. “É lógico que eu penso em desistir porque você abre mão dos seus dias, da sua família, mas eu acredito muito no poder do amor, pra mim ele é capaz de transformar as pessoas e isso me motiva”. 

Histórias de superação e mudança de vida são raras para quem usa drogas, mas Elvira se realiza quando consegue ajudar uma pessoa sair de uma situação improvável como essa. “É muito bom quando a gente consegue suprir a necessidade imediata da pessoa com o banho e é muito bom também quando a gente consegue suprir, além da necessidade imediata, necessidade de mudança. É muito gratificante é muito bom”, descreve a voluntária. 

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