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Brasília

Número de mortes de ciclistas no DF cai, mas é preciso avançar

Arquivo Geral

11/08/2016 7h00

Angelo Miguel

João Paulo Mariano
Especial para o Jornal de Brasília

No primeiro semestre deste ano, no Distrito Federal, sete pessoas deixaram suas casas de bicicleta e não conseguiram voltar. Elas morreram vítimas de imprudência no trânsito. Apesar de o número ainda ser preocupante, a diminuição em relação ao mesmo período de 2015 foi de quase 300% – quando houve 20 óbitos.

Em todo o ano passado, 32 ciclistas perderam a vida na capital. Para a coordenadora- geral da ONG Rodas Da Paz, Renata Florentino, o ano passado foi atípico, pois, desde 2008, os índices caíam.

Renata está grávida de cinco meses de um menino, e, mesmo assim, não larga bicicleta azul que ganhou de presente. Para ela, “quanto mais gente (pedalando) na rua, mais natural o ciclista fica” perante outros veículos. A ONG fez uma pesquisa do perfil do ciclista do DF e constatou que os usuários deste transporte na capital, em sua maioria, são jovens e fazem integração com ônibus ou metrô.

“Do ano passado para cá, intensificamos a campanha para ciclistas com um investimento grande em publicidade. Não deixamos a pauta cair. Mesmo saindo da TV e do rádio em maio, mantivemos as ações na cidade”, comemora a diretora de Educação de Trânsito do Detran, Gláucia Simões.
A campanha de 2015 reforçou ao motorista a regra de manter distância de um metro e meio do ciclista. Já a abordagem deste ano focou no ensinamento de que todos os veículos podem conviver pacificamente no trânsito.

Para a diretora, a experiência foi válida: “Hoje, eu vejo que as pessoas entendem que os ciclistas podem compartilhar a via com os motoristas”. O gasto em 2015 com campanhas educativas foi de R$ 1,7 milhões, e aumentou para R$ 3,5 milhões neste ano. O recurso vem do dinheiro arrecadado com multas.

Saiba mais

No dia 16, às 9h, ocorrerá uma reunião entre ciclistas e Detran para conversa sobre a Semana Nacional do Trânsito deste ano e o Dia do Ciclista, em 19 de agosto.

Neste ano, é comemorado o aniversário de dez anos do Dia do Ciclista. A data foi escolhida em homenagem a morte de Pedro Davison, que era apaixonado por bikes e faleceu, aos 25 anos, depois de ser atropelado por um motorista embriagado e com o carro em alta velocidade no Eixo Rodoviário Sul.

A ONG Rodas da Paz organiza o 14º Passeio Anual com o tema “Todo dia é dia do ciclista”, no dia 21 deste mês, domingo. O evento começa às 9h. A concentração será às 8h, no Museu Nacional. As cem primeiras pessoas ganham uma camiseta do evento.

É necessário melhorar a relação

Se para o Detran as campanhas têm êxito, a comunicóloga Carla Abad, 32, é incisiva ao falar da falta de ação do governo. “Minha mãe morre de medo que eu ande de bicicleta. Infelizmente, não temos uma educação forte”, relata.

A ciclista reclama que não quer simplesmente uma ciclovia ao lado da pista: ela quer que o ciclista possa utilizar a via junto aos carros e ser respeitado. Mas admite que é difícil, pois o “trânsito é uma selva”. Segundo ela, os motoristas mais desrespeitosos são os de ônibus, que “tiram fino” com frequência.

Visão Zero

A coordenadora-geral da ONG Rodas da Paz, Renata Florentino, pensa que o GDF deveria estabelecer a Visão Zero, como ocorre em outras cidades do mundo afora. No Brasil, já existe uma tentativa de implementar essa campanha em São Paulo. Na Visão Zero, o governo se propõe a adotar medidas que possibilitem a diminuição dos índices de mortes a zero.

Ela pondera que o pensamento não é utópico e pode ser executado com a sinalização correta, entre outros recursos. Porém, existem problemas na formação dos condutores, que não sabem dar preferência aos ciclistas e pedestres.

O repórter cinematográfico Antônio Carlos Leite, 48, percebe melhoria na relação de motoristas e ciclistas, e um dos motivos seria o aumento dos últimos nas ruas. Para ele, isso traz esperança. “Hoje, é comum um pelotão de bicicletas estar com um carro sinalizando que é preciso tomar cuidado”, exemplifica. Ele ainda não vai trabalhar de bike porque a logística é ruim, mas sabe que, de uns tempos para cá, é mais fácil conseguir voltar a salvo.

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