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Brasília

Número de incêndios cai no DF

O trabalho de prevenção feito com antecedência neste ano tem dados bons resultados

Redação Jornal de Brasília

09/09/2020 9h03

Catarina Lima e Pedro Marra
[email protected]

O Distrito Federal está no centro da região classificada no momento pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) como de maior risco de incêndios. De acordo com Carolina Schubart, coordenadora do Plano de Prevenção e Combate a Incêndios Florestais (PPCIF), da secretaria de Meio Ambiente do DF, apesar da baixa umidade do ar e do grande risco de fogo, o trabalho de prevenção feito com antecedência neste ano tem dados bons resultados. Até o dia 02 de setembro foram registradas 146 ocorrências de incêndios e 1.076 hectares pegaram fogo em 35 das 85 unidades de conservação. No mesmo período do ano passado registrou-se 424 ocorrências em 57 parques e 1.859 hectares foram queimados.

A redução dos incêndios não significa que o DF esteja totalmente livre das queimadas.
No último domingo, 62,4 hectares da mata localizada ao redor do Centro Olímpico da Universidade de Brasília (UnB) pegaram fogo, em um incêndio de grandes proporções, que levou mais de três horas para ser apagado.

Com base na experiência de 2019, as ações de prevenção aos incêndios florestais em 2020 começaram mais cedo, o que permitiu a realização de aceros em todas as áreas de preservação para evitar as queimadas. Embora todas as áreas de florestas mereçam atenção por parte dos órgãos que compõem o PPCIF, ao todo 23, a maior preocupação são o Jardim Botânico e a Estação de Águas Emendadas. Segundo Carolina Schubart, há dois anos não acontecem incêndios no Jardim Botânico.

Assim como a coordenadora do PPCIF, o Diretor de Prevenção e Combate aos Incêndios Florestais do Instituto Brasília Ambiental (Ibram), Pedro Paulo Cardoso, aponta o fato de a prevenção ter começado cedo este ano como responsável pela redução das queimadas até o momento. Segundo Pedro Paulo, o treinamento dos 148 brigadistas contratados teve início bem antes da chegada do período de seca e isto contribuiu para a diminuição da quantidade de incêndios florestais em relação a 2019. “Os brigadistas estão distribuídos em 16 bases. O tempo de resposta aos focos de incêndio tem sido mais rápida, e o tempo de resposta é muito importante”, explicou Pedro Paulo. Tempo de resposta é o período entre o início do fogo e o combate.

O secretário de Estado do Meio Ambiente do DF, Sarney Filho, chama a atenção para as ações educativas. “A ação humana intencional ou por negligência é a maior causa de incêndios florestais no DF, por isso é importante reforçar as ações educativas e de vigilância nas nossas UCs distritais”, diz ele. “O PPCIF é essencial para o DF uma vez que valoriza e fortalece os órgãos distritais e federais, unindo todos em prol do Cerrado.”

Carolina Schubart alerta que nesta época do ano os incêndios florestais são todos provocados pelas pessoas, uma vez que a mata só pega fogo sozinha quando cai raio. As causas mais comuns dos incêndios são velas acesas no mato para a realização de rituais religiosos, fogueiras mal apagadas, queima de lixo, limpeza de pasto e queima da mata para invasão de terras. Apesar da dificuldade em prender os responsáveis por essas ações, este ano, no DF, o Batalhão Ambiental já prendeu três pessoas.

Umidade pode chegar a 12%

Com temperatura mínima de 14º C e máxima de 31º C, o DF chegou ontem a 105 dias sem chuva. A baixa umidade também tem influenciado na sensação de calor em Brasília, em alerta laranja (umidade abaixo de 20%). Mas, até o fim desta semana, essa taxa pode chegar a 12%.

Segundo o meteorologista do Inmet, Olívio Bahia, esse longo período de estiagem demonstra que não faz tanta diferença na sensação térmica as mudanças nos baixos níveis de umidade. “Pode baixar [a umidade relativa do ar], mas eu costumo dizer que a nossa situação com mais de 100 dias sem chuva, temperatura alta e umidade entre 15% e 25% não faz mais diferença. Pode ficar um pouco abaixo na próxima semana, mas é difícil chegar no alerta vermelho, [com umidade abaixo de 12%]”, analisa o especialista Olívio Bahia.

Segunda quinzena de setembro terá chuva

Como se trata de uma época de seca, Olívio Bahia destaca que os primeiros pingos começam a aparecer somente na metade deste mês. Ou seja, na mudança de estação de inverno para primavera, que começa em 22 de setembro.

“Essa é a expectativa, as primeiras chuvas, mesmo não sendo contínuas, são muito pontuais. Começam a partir do dia 15 ou 20 de setembro, com aquela primeira chuva que dá no período seco. Mas são os primeiros pingos de água, servem para molhar um pouco o solo. Os volumes não costumam ser elevados, mas servem para dar uma ligeira aliviada na atmosfera. Na segunda quinzena de outubro é o período que as chuvas começam a ser mais frequentes. Quase todo dia tem uma pancada”, projeta o meteorologista do Inmet.

Cuidado

Segundo Olívio, as temperaturas máximas ainda costumam ocorrer entre 12h e 15h. “O problema não é só a temperatura, pois o período de maior radiação é praticamente em que o sol está acima da nossa cabeça, o que ocorre entre 12h e 14h. Mas a radiação ultravioleta (UV) chega em maior quantidade entre 10h e 16h. Primeiro, aquece a superfície terrestre e depois aquece o ar”, conclui o meteorologista.

Hidratação frequente

Para isso, a dermatologista Simone Karst orienta a hidratação frequente ao longo do dia. “A primeira coisa é ingerir muita água. Segundo, água de coco e suco de frutas. E o uso de cremes e mais cremes. Quanto mais seca a pele, mais cremosa tem que ser. Misturar loções e óleo também é bom, até para as pessoas que já têm a pele seca, como algumas crianças. Os idosos precisam mais ainda. Quanto mais gordurosa a pele, melhor. É se manter hidratado por dentro e por fora. Ficar em lugares mais úmidos e evitar o ar-condicionado, porque resseca mais ainda a pele”, aconselha a profissional.

Simone esclarece ainda que as pessoas que fazem atividades físicas entre 10h e 16h devem evitar esses horários. “Temos o raio ultravioleta (UVB), da vitamina D, em que basta 10 a 15 minutos para a pele absorvê-lo. Além disso, facilita para o câncer. Uma pessoa de pele clara fica mais exposta. Então, quando o ar fica seco, evite. Procure se exercitar antes de 10h e após 16h, pois a incidência da UVA é menos intensa”, complementa.

Saiba Mais

Quando perguntado sobre a influência das queimadas ilegais neste período de seca, Olívio alertou que a queimada com a ação humana potencializa o tempo quente e seco.

“Ainda mais quando se tem um vidro jogado no mato. O nosso período é marcado pelo período de pouca chuva e baixa umidade. A partir de abril e maio, as chuvas na região central do Brasil diminuem, e o mato começa a secar, a paisagem fica cinza e amarelada. Você sente na pele a secura. Qualquer fagulha que dê ao limpar um terreno, o vento leva a fuligem com a chama para o lado, e quando a pessoa vê, perdeu o controle”, afirma.

Olívio ainda faz um alerta: “Qualquer bituca de cigarro, por exemplo, vai queimar. Tendo temperatura alta, umidade baixa e dias sem chuva, você eleva o índice de incêndio”, afirma.

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