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Brasília

Negociação sindical ignora crise na CEB

Urbanitários pedem abono especial de R$ 6 mil e diversas outras benesses na negociação salarial com a companhia que está no rol de possíveis privatizações

Lindauro Gomes

04/09/2019 6h02

CEB FOTO : ROSY SANTOS / JORNAL DE BRASILIA DATA : : 20/06/2019

Sindicato quer aumento e regalias
Instituição dos urbanitários quer abono especial que custaria R$ 5,4 milhões à CEB

Lucas Valença
[email protected]

Uma proposta de negociação enviada pelo Sindicato dos Urbanitários do Distrito Federal (STIU-DF) à Companhia Energética de Brasília (CEB) pode ser considerada por alguns como “fora da realidade”.

Em um momento considerado crítico para a empresa, que já veio a público e alcança cerca de R$ 1 bilhão em prejuízos somados, a instituição sindical procura aumentar vários dos benefícios a que os servidores tem direito.

Além disso, um valor bruto de R$ 6 mil é pedido a título de abono especial temporário.

Caso se prolongue, a crise vivida pela CEB pode ser prejudicial ao Governo do Distrito Federal (GDF) que poderá perder o comando da companhia para a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel).

Recentemente, o governador assinou um acordo com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para conseguir um empréstimo que possa contribuir com a situação fiscal da companhia. A CEB também chegou a acordar um parcelamento das dívidas em até 60 meses.

Só que a crise econômica e a situação frágil da empresa pública parecem não ter comovido o sindicato, que tem procurado manter a maioria dos benefícios e até a aumentar os valores referentes ao auxílio-creche e babá (que hoje já varia de R$ 296,95 a R$ 1.000), do piso salarial, do adicional de condutor, entre outros.

Ou seja, o STIU-DF procura reajustar boa parte das cláusulas financeiras. Das 53 cláusulas presentes no contrato, 24 dizem respeito a questões financeiras. Entre elas está uma das mais polêmicas. Atualmente, o valor da indenização por morte ou por invalidez permanente faz com que a companhia desembolse 60 remunerações do funcionário caso uma das alternativas tenha relação com um acidente de trabalho. Caso não tenha nenhuma relação com o trabalho, a CEB paga um valor referente a 30 salários, uma espécie de seguro de vida. Este é um dos quesitos que estão sendo articulados para receber reajuste.

Com dificuldades de pagar a atual folha de pagamento, a proposta de negociação também pede um reajuste salarial de acordo com o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC). “A CEB reajustará o valor do piso salarial de acordo com a variação do INPC do período referente a 01/11/2018 a 31/10/2019, a partir de 01/11/2019“, enfatiza o documento.

Números

  • R$ 1000: é o atual valor máximo de auxílio-creche que a CEB paga aos funcionários
  • R$ 1 bi: é o prejuízo acumulado da companhia

Um valor de R$ 6 mil também foi pedido à companhia que possui cerca de 900 funcionários. Ao total, o montante que poderá ser desembolsado pela empresa pública gira em torno de R$ 5.4 milhões. “A CEB pagará aos seus empregados, até o dia 05/11/2019, em parcela única e não incorporável ao salário, a título de abono especial temporário, o valor bruto de R$ 6 mil“, descrevem no texto.

Atualmente o adicional de linha viva (valor que procura remunerar quem trabalha exposto à eletricidade) paga um valor de R$ 473,04 ao funcionário, mas pode receber um aumento caso a proposta de negociação seja aprovada. O valor, no entanto, é entendido como necessário e justo por funcionários procurados da CEB.

O STIU-DF não cedeu em praticamente nada. Quando não pedem um reajuste, buscam manter os benefícios.

Procurado, o sindicato não respondeu à reportagem para se posicionar sobre o assunto.

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