Menu
Brasília

“Negligência”, narra homem que ficou pendurado em brinquedo

Arquivo Geral

13/10/2018 19h11

Foto: Rayra Paiva Franco/Jornal de Brasília.

Jéssica Antunes
[email protected]

O jornalista Stuart Figueredo percorreu quase 50 quilômetros para uma dupla celebração. Com a namorada e quatro filhos – dois de cada -, eles partiram de Brazlândia para o parque Nova Nicolândia, no Parque da Cidade Sarah Kubitschek. A comemoração do Dia das Crianças e do aniversário de um dos meninos quase acabou em tragédia. Ele e dois garotos, de 10 e 13 anos, ficaram por quase dez minutos pendurados de cabeça para baixo no brinquedo que falhou na tarde de sexta-feira (12). Para o homem, houve negligência: ele não havia colocado a trava de segurança.

“Nós compramos os ingressos na própria bilheteria. O Mixer era o quatro brinquedo que iríamos. Subi com os dois meninos, de 10 e 13 anos, que entraram e sentaram primeiro. Na minha vez, consegui colocar apenas o pé esquerdo antes de o brinquedo se movimentar”, relata. Ele conta que teve que a trava fechou em seu ombro e teve que empurrá-la para tentar encaixar a cabeça com o aparelho em movimento. “Não parecia completamente fechada”.

Eles estavam de cabeça para baixo a cerca de quatro metros de altura. Stuart lembra que o cenário era de desespero tanto em cima do brinquedo quanto entre quem assistia, do solo, o que ocorria ali. “Era muito medo, choro, gritos. Fiquei apoiando o banco com a perna enquanto o socorro chegava”, detalha.  Um vídeo mostra os momentos de tensão. O jornalista e as duas crianças foram os últimos a descer. Ele se jogou e segurou o garoto mais novo pelos pés. Em seguida, o outro consegue sair graças a uma escada.

Não houve acionamento do Corpo de Bombeiros do Distrito Federal. Um segurança e dois brigadistas do parque auxiliaram no resgate e levaram o grupo para a enfermaria. Conforme Stuart, o menino de 10 anos teve uma pequena luxação na barriga. O mais velho, traumatizado e eufórico, precisou de tempo para se tranquilizar. Ele, por sua vez, machucou o pé e o ombro usados para sustentação no ar.

Voucher para retornar

Aquela foi a primeira vez de Stuart no Nova Nicolândia. Sem pestanejar, ele garante: também foi a última. “A direção falou com a gente. No primeiro instante ofereceram um voucher com validade de um mês para que retornássemos ao local em outra oportunidade. Eu neguei. Nunca mais eu volto”, diz. Ele e outros envolvidos tiveram que insistir pela devolução do dinheiro.

Sobre o ocorrido, ninguém saberia explicar. “Só dizem que investigam se foi falha técnica ou humana. Acho que teve negligência, tanto que um dos funcionários me empurrou para ver se eu conseguia entrar na trava de segurança gritando ‘vai, vai, vai”.  Stuart considera entrar na Justiça contra o parque. “Seria de grande valia. Não para receber dinheiro, mas para que eles possam tomar cuidado e evitar que isso aconteça outra vez”, explica.

O Jornal de Brasília procurou a direção do parque neste sábado (13), mas não obteve retorno até a publicação desta matéria. No dia do acidente, eles emitiram uma nota indicando “problema mecânico” que fez com que o equipamento parasse em posição elevada. O pronunciamento considera o episódio “completamente normal”. O brinquedo funciona desde 2015 e teria passado por manutenção no dia anterior. O mesmo equipamento falhou em maio de 2017. O parque abriu normalmente, mas interditou o brinquedo.

Brinquedo funciona desde 2015 e teria se movido antes de travas de segurança. Foto: Divulgação

 

    Você também pode gostar

    Assine nossa newsletter e
    mantenha-se bem informado