Menu
Brasília

Namoro: TJDFT ensina a prevenir abuso

Minicurso “Violência no Namoro, Não”, ministrado pelo tribunal, é voltado para professores da rede pública

Redação Jornal de Brasília

17/09/2020 5h46

Violência contra a mulher foto : divulgação

Tatiana Py Dutra
[email protected]

A adolescência é o período em que os jovens começam a experimentar relacionamentos amorosos mais profundos e duradouros. Essa fase também é de aprendizado para os adultos responsáveis por sua educação, que nem sempre têm todas as respostas. Exemplo: como agir quando aquele namoro adolescente dá sinais de ser abusivo?

O Núcleo Judiciário da Mulher do TJDFT resolveu meter a colher nesse tema, criando o minicurso “Violência no Namoro, Não”, voltado para professores da rede pública. O curso de quatro semanas começa amanhã para professores da CRE Santa Maria, onde foi identificada uma recorrência nos casos de relacionamentos abusivos. O objetivo é que o grupo possa traçar algumas estratégias de enfrentamento.

Psicóloga responsável pelo curso, Priscila Parada diz que não há uma fórmula mágica para lidarmos com essa situação, mas que antes de tentar intervir é preciso levar em consideração alguns aspectos.

“O que é violência? Em geral, pensamos na física. Mas a própria Lei Maria da Penha esclarece que há violência moral, patrimonial e sexual, que podem ocorrer não só no namoro, mas no casamento”, diz.

Priscila ainda chama a atenção para o fato de que sociedades patriarcais, como a nossa, valorizam mulheres que estão dentro de um relacionamento. Assim, é comum que muitas naturalizem abusos para manter o status.

“Se menino força a barra para ter relação sexual, a menina pode ter receio de perdê-lo e nisso nem percebe que sua vontade foi desrespeitada”, comenta a psicóloga.

Linhas de ação

A especialista observa que, muitas vezes, adolescentes e jovens mergulhados em um relacionamento abusivo não procuram os pais para falar de seus problemas. São os amigos os portos seguros para suas angústias. Assim, é preciso preparar também esses parceiros para prevenir a violência.

Mas e o que os pais podem fazer? Segundo Priscila, o primeiro passo é entender que o processo de saída de um relacionamento violento não é começa no rompimento, é muito anterior. A decisão perpassa por auto-observação, autocuidado e suporte social, processos que podem ser incentivados dentro de casa.

“O jovem pode não perceber a violência e, quando percebe, não valida. Então é importante que ele pense: ‘Como eu fico quando estou com ele ou ela, como é quando estou sem? Quando eu estou com as minhas amigas, estou leve e feliz, quando ele liga, fico tensa”, explica.

Outro processo que os pais podem conduzir os adolescentes e jovens é o autocuidado. “Talvez seja mais interessante para os pais, em vez de afrontar a relação, incentivar a sair com amigos para se divertir e incentivar hobbies, como dança, principalmente em grupo. Também pode buscar ajuda profissional, atendimento psicossocial, meditação, ioga. Espaços de autocuidado, lazer, descanso, alternativas além daquela relação”, ensina Priscilla.

A terceira estratégia que perpassa todo o processo de termino é o suporte social, que tem a ver com a qualidade das amizades e com o apoio dos pais.

“O preocupante é quando os pais, às vezes por gostarem do namorado, ou por receio que a filha se terminar saia sozinha à noite, por exemplo, incentivem um relacionamento abusivo. Em caso de dificuldade, o suporte vem dos amigos, dos pares, para prevenir a violência”, finaliza.

    Você também pode gostar

    Assine nossa newsletter e
    mantenha-se bem informado