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Brasília

Motoristas de aplicativo realizam carreata de protesto e solidariedade após morte de colega de profissão

Geraldo Iris Gontijo, 50 anos, encontrado morto dentro do porta-malas do próprio carro no Hospital Regional de Santa Maria (HRSM)

Vítor Mendonça

13/01/2021 18h32

Foto: Vítor Mendonça/ Jornal de Brasília

Motoristas de aplicativo fizeram uma carreata na tarde desta quarta-feira (13) em protesto e solidariedade ao colega de profissão, Geraldo Iris Gontijo, 50 anos, encontrado morto dentro do porta-malas do próprio carro no Hospital Regional de Santa Maria (HRSM), na manhã da última terça-feira (12).

A ação organizada por membros do Sindicato dos Motoristas por Aplicativo no Distrito Federal (Sindmaap) e do Movimento dos Motoristas reuniu cerca de 60 carros de motoristas em frente ao Estádio do Bezerrão, no Gama. Nas janelas e parabrisas dos veículos, palavras como “luto” e “paz” foram escritas, e fitas pretas amarradas em antenas e retrovisores também compunham o cenário da carreata, que seguiu caminho dentro do Gama e depois Santa Maria.

“Ele foi a pessoa mais injustiçada desse mundo”, relatou a sobrinha mais nova de Geraldo, Juliana Cardoso, 29. De acordo com ela, que estava no protesto, o tio “não via maldade nas pessoas”, uma vez que costumava ir a lugares que muitos outros motoristas não iam. “Ele aceitava corridas e as pessoas pediam para que ele não recusasse como os outros por conta de problemas de saúde ou emergências. E ele socorria, entrava em qualquer lugar e deixava as pessoas no lugar certo. Ele gostava do que fazia e de ajudar”, contou.

Foto: Vítor Mendonça/ Jornal de Brasília

As também sobrinhas Polyana e Kelly Cardoso, 35 e 38, afirmam que sempre lembrarão do tio como quem se oferecia para garantir o máximo de segurança para os membros da família nas viagens dentro do DF. Segundo elas, Geraldo alertava para ter cuidado e que não pedissem viagens muito tarde por temer o perigo, embora trabalhasse de madrugada. “Ele sabia dos riscos”, apontou.

“Quantas vezes ele já chegou a nos buscar no Plano Piloto, dizendo: ‘pode deixar que eu vou te buscar’. Saía deixando todas as minhas amigas em casa para que ninguém tivesse que pegar ônibus ou um outro carro tarde. Depois me deixava em casa. Era uma pessoa sensacional”, compartilhou Juliana.

“Ele era como pai, porque estava há muito tempo conosco. Era uma pessoa muito família, muito amigo, maravilhosa. E era muito querido por muita gente. Vamos sentir falta da companhia dele, do bem que ele fazia para todo mundo, porque era muito solidário e muito humano”, disse ainda a sobrinha do meio.

O velório do motorista estava marcado para acontecer na tarde desta quarta-feira, mas, por problemas na documentação, foi adiado para amanhã (14), às 9h, no cemitério Campo da Esperança do Gama, Região Administrativa onde morava.

Dinâmica

De acordo com investigações das Polícias Civil do DF e Goiás (PCDF e PCGO), o motorista teria recebido um chamado para corrida até Valparaíso do Goiás por volta de 1h de terça-feira – horário habitual de trabalho para as corridas que fazia. A partir daí, a dinâmica do ocorrido no restante da madrugada ainda precisa de confirmações para as equipes de investigação. A investigação no DF está sendo acompanhada pela 33ª Delegacia de Polícia (Santa Maria), com equipe comandada pelo delegado-adjunto Paulo Fortini.

A descoberta do corpo de Geraldo se deu por outra vítima dentro do mesmo carro, na parte de trás: um homem baleado com dois ou três disparos. Duas testemunhas avistaram o homem dentro do Volkswagen Up branco parado na região de Anhanguera, em Valparaíso, e dirigiram o veículo até um posto de saúde do município. Sem estrutura para atendê-lo, a recomendação do posto foi que o levassem para o HRSM. Já em Santa Maria, notaram algo diferente no porta-malas e constataram o corpo de Geraldo, já sem vida.

O homem baleado segue internado em estado grave no HRSM, sem condições para prestar depoimento para as polícias. Ele seria também um motorista de aplicativo.

Nota de pesar

Geraldo trabalhava pela empresa 99 Pop e estaria em uma corrida quando o crime aconteceu. Sobre o ocorrido, a empresa de mobilidade afirma que “lamenta profundamente” a morte do motorista e “apura se o crime ocorreu durante corrida pelo aplicativo”. “Nos solidarizamos com a dor dos familiares e estamos buscando contato com eles para oferecer o suporte necessário. A plataforma se coloca à disposição da polícia para compartilhar informações que possam ajudar a esclarecer os fatos e a punir os responsáveis”, disse em nota.

De acordo com a empresa, os investimentos em segurança são contínuos. “Como formas de prevenção antes das chamadas, a companhia mostra aos motoristas informações sobre o destino final, a nota do passageiro e se ele é frequente – além de exigir que todos os passageiros incluam CPF ou cartão de crédito. Durante o trajeto, ferramentas como câmeras de segurança, gravação de áudio, monitoramento da corrida via GPS, compartilhamento de rotas com parentes e amigos e um botão para ligar direto para a polícia estão disponíveis. Depois das viagens, uma central telefônica 24h para emergências oferece apoio imediato em caso de necessidade”, finalizou a 99 Pop.

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