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Brasília

Motoristas danificam uma média de 20 postes por mês em acidentes de trânsito

Arquivo Geral

13/11/2018 7h00

Reposição é providenciada pela CEB após ser avisada pela administração regional. Rayra Paiva Franco/Jornal de Brasília

Raphaella Sconetto
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Acada mês, 20 postes, em média, são danificados em acidentes de trânsito no DF. Só no último fim de semana, quatro deles ficaram estragados depois das colisões. Se somado o valor máximo de cada um desses equipamentos, com base em dados da Companhia Energética de Brasília (CEB), estima-se um prejuízo de R$ 1 milhão ao ano. Quem paga a conta não é o governo, mas o autor do dano. Especialista avalia que investimento em rede subterrânea diminuiria custos e até melhoraria a distribuição de energia no Distrito Federal.

Entre janeiro e 25 de outubro deste ano, com base no levantamento da CEB, 208 postes foram danificados. Esse número cresce a cada dia, tendo em vista que só no último fim de semana foram registrados quatro acidentes automobilísticos com queda de postes. Em todo o ano passado, foram 268 ocorrências parecidas.

O último acidente aconteceu na madrugada de domingo. Eram por volta das 5h30 quando um carro pegou fogo após bater em um poste na Ponte das Garças, no Lago Sul, sentido Gilberto Salomão. O condutor, Raphael de Mattos Teodoro, de 22 anos, sofreu apenas escoriações no braço e foi encaminhado à delegacia, porque recusou a fazer teste do bafômetro.

No sábado, houve três acidentes. Um em Sobradinho, na DF-150, em que um caminhão colidiu em um poste de concreto de 16 metros. Outro na Estrada Parque Taguatinga (EPTG), sentido Plano Piloto, quando um carro perdeu o controle e bateu em uma estrutura da mesma altura. No último, na L4 Sul, às 17h35, uma viatura se chocou em um ponto de iluminação pública.

Em todo o DF

Fins de semana são o período em que há mais registros de queda. A constatação não é oficial, mas de funcionários que trabalham diariamente neste tipo de conserto. Um deles retirava o poste danificado da L4 Sul e conversou com a reportagem. “Tem colisão em todas as regiões administrativas e elas não dependem da velocidade de via: pode ser em uma de velocidade baixa, como 40 km/h , ou naquelas de 80 km/h”, aponta. O homem observa que períodos chuvosos também contribuem para mais registros de acidentes dessa natureza.

Poste danificado na L4 Sul foi retirado ontem. Foto: Rayra Paiva Franco/Jornal de Brasília

Conta chega a R$ 10 mil

O preço médio de uma reposição varia conforme o poste estragado: altura, tipo de material – aço, curvo ou de concreto -, número de luminárias e até a potência da iluminação. Os valores vão de R$ 2,5 mil a R$ 10 mil. Segundo a assessoria da CEB, a manutenção e a reposição são realizadas por empresas terceirizadas.

“O motorista que tenha abalroado o poste de iluminação pública é o responsável por pagar as despesas para reposição do poste. É contabilizada, além do custo do material, a mão de obra para o serviço”, explica o órgão.

Os que mais costumam ser atingidos pelos condutores são os de 7,5, 10 e 16 metros, de aço e concreto, com luminárias convencionais. Eles custam R$ 2,5 , R$ 3,5 mil e R$ 10 mil, respectivamente. O pagamento acontece depois de a CEB enviar à administração regional do local do acidente uma cópia do boletim de ocorrência junto com uma fatura com os valores devidos pelo infrator. Cabe à administração fazer a cobrança. Não há dados oficiais de quantas pessoas deixaram de pagar os postes danificados.

Para remover o poste inutilizado, a Companhia Energética de Brasília precisa ser acionada. Depois, vai ao local e recolher o poste danificado. “A reposição não acontece de imediato, pois vai depender de autorização da administração”, afirma a CEB, em nota.

Ponto de Vista

Luciano Duque, professor de Engenharia Elétrica do UniCeub, relembra como a eletricidade chegou no Brasil. Na época de Dom Pedro II, último imperador do País, a preocupação era levar a energia às residências o quanto antes. “Tinha de ser rápido e econômico. Dom Pedro II não tinha a preocupação de padronizar, então fizeram por meio da postificação. O custo é menor e atinge a população com maior rapidez. Esse modelo perdurou até hoje”, contextualiza.

No Distrito Federal, apesar do planejamento inicial do Plano Piloto, não foi muito diferente. “O centro é subterrâneo, mas as cidades foram crescendo e as concessionárias expandiram com os postes, porque é mais barato e rápido. Mas isso representa um problema. Não precisa somente derrubar um poste, um simples caminhão que passa e derruba um fio já traz prejuízos”, afirma. Além dos acidentes, ele lista o risco de morte, caso algum carro bata e o poste caia em cima de uma pessoa, ou até mesmo a eletrocussão.

Por isso, Duque acredita que a rede subterrânea seria o ideal para evitar os acidentes. “É um investimento alto, porque precisa de equipamentos modernos e tecnológicos, mas que no futuro gera benefícios. Previne acidentes, reduz a queda de energia em decorrência dos acidentes e ainda melhora a qualidade de distribuição da energia elétrica”, conclui.

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