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Brasília

Motorista da Uber vende celular de passageiro

Caso ocorreu em 25 de fevereiro, quando um rapaz esqueceu o aparelho no carro. Ao JBr, motorista nega envolvimento na história

Pedro Marra

15/07/2020 5h36

Um caso, que ocorreu no dia 25 de fevereiro durante o carnaval, não foi motivo de festa para um passageiro da Uber. Em denúncia enviada ao Jornal de Brasília, o empresário Rafael Borba, 34 anos, conta que por volta de 2h da madrugada saiu de uma festa particular e solicitou viagem do estacionamento do Ginásio Nilson Nelson, onde estava, para o shopping Pier 21. Mas ao sair do carro, ele esqueceu o celular no banco de trás. Mas o parceiro do aplicativo de transporte, chamado Lucas, não devolveu o aparelho e ainda o vendeu na internet poucos meses depois.

Rafael conta quando percebeu que havia perdido o aparelho no veículo, um Fiat Palio Weekend, de cor prata, segundo ele. “Deu nem dois minutos que senti a falta do celular. Como estava com um amigo, pegamos o celular dele para ligar no meu. Tentamos umas quatro vezes seguidas, chamando até que desligaram. Na minha cabeça, achei que teria sido o próximo passageiro que entrou no veículo e achou no banco de trás, mas foi o próprio motorista mesmo”, relata.

 

O dono do celular afirma ter reportado a denúncia à Uber no mesmo dia 25 de fevereiro. “Fiz a solicitação pelo próprio site na época, relatando que tinha esquecido o celular no carro. Só que eles não geram protocolo. Tentam entrar em contato diretamente com o motorista primeiro, mas nunca me responderam. Até consegui rastrear o celular em Ceilândia Sul”, complementa Rafael, que fez outra denúncia de roubo à Uber no último dia 10 deste mês.

Em boletim de ocorrência registrado na delegacia eletrônica da Polícia Civil do DF (PCDF), Rafael relatou que “fez o bloqueio do celular e aguardou que quem tivesse achado o celular o devolvesse, uma vez que tinha seu contato na tela de bloqueio. Com o passar do tempo, um rapaz de nome Diego entrou em contato com o comunicante [Rafael] dizendo que estava com o celular e que no aparelho apareceu o contato do comunicante no bloqueio da tela após o celular ter dado defeito e travado”, diz um trecho do documento.

“Ele me bloqueou”

Anunciado no site OLX, o celular da marca chinesa Xiaomi, modelo Redmi Note 7, de 128GB, de cor Nebula Red, foi vendido no dia 15 de maio por R$ 800 justamente para Diego Costa, autônomo de 25 anos. Após o motorista Lucas ficar com o aparelho por mais de dois meses, marcou um encontro com o comprador em Samambaia, onde Diego mora. Lá, recebeu o dinheiro em mãos e entregou o aparelho.

Ele disse, na época, que é motorista da Uber. Quando chegou aqui ele falou que qualquer coisa eu podia entrar em contato. Aí peguei e resetei o celular. Nisso, bloqueou com uma conta e um número. Perguntei ao cara que me vendeu e disse que tinha pego o celular assim. Depois disso, ele me bloqueou. E qualquer número que eu entrasse em contato, ele apenas bloqueava mesmo”, recorda Diego, que devolveu o aparelho a Rafael no dia 10 de julho.

Em mensagens trocadas, Lucas não consegue ajudar Diego a solucionar o problema. “Mano, não sei não. A única senha que coloquei foi a de desenhar. Ele já está resetado, só entrar e usar. Eu esqueci de sair da minha conta Google“, diz o rapaz no dia 15 de maio, data da venda.

Em 28 de maio, o comprador mandou um “olá” para o motorista, e recebe a seguinte mensagem: “Olá, quem é?”. Neste momento, Diego diz que comprou o celular com ele e pergunta se pegou de algum conhecido. “Aí ele já me bloqueou”, esclarece.

Procurado pela reportagem, Lucas confirmou que trabalha para a empresa, mas negou o envolvimento na história.

“Não fui eu [o vendedor do aparelho]. Sou motorista [da Uber] sim. Não quero informar onde moro, você está perguntando demais”, afirmou o homem, antes de desligar o telefone.

Posicionamento da Uber

A Uber enviou uma nota de esclarecimento por meio de assessoria de imprensa. “É importante esclarecer que o usuário citado pela reportagem não reportou a perda do celular após a viagem realizada em fevereiro. Na ocasião, pelo que podemos depreender das mensagens enviadas pela reportagem, ele teria respondido ao e-mail do recibo da viagem e sido informado que não se tratava do canal correto por uma resposta automática. A queixa pelo canal de ajuda só foi feita muitos meses depois, no dia 10/07/2020, o que evidentemente torna mais improvável a possibilidade de recuperação do item”, diz uma parte do texto.

Mais à frente, a empresa declara que objetos pessoais são de responsabilidade do próprio usuário. “Assim como em outros meios de transporte, como ônibus ou avião, cada usuário é responsável pelos seus objetos pessoais quando está utilizando o serviço. De acordo com os Termos e Condições de uso do aplicativo da Uber, a empresa não tem qualquer responsabilidade por itens deixados em veículos de motoristas parceiros, entendimento reiterado por tribunais em inúmeras decisões pelo país, como no Distrito Federal, por exemplo.”

A Uber diz que quando usuários esquecem objetos em viagens é possível pedir ajuda ao acionar a equipe de suporte da Uber pelo próprio aplicativo ou pelo site uber.com/ajuda. “Os atendentes tentam auxiliar o usuário intermediando o contato dele com o motorista que prestou o serviço, seja por mensagens ou por ligação telefônica com número anonimizado, de modo a preservar a legislação que resguarda a privacidade de dados pessoais. Quando o objeto é encontrado, as partes podem combinar a melhor forma de devolução do item perdido.”

Por fim, a empresa orienta como deve reportar uma denúncia ao aplicativo. “Caso um usuário acredite que tenha sido vítima de um crime, deve buscar auxílio das autoridades policiais que podem proceder com a investigação. A Uber está sempre à disposição das autoridades e compartilha dados para colaborar com investigações em curso, na forma da lei”, finaliza.

OLX

Ao JBr, a OLX informou que “não teve acesso às evidências de que esse caso ocorreu na plataforma. A empresa investe constantemente em tecnologia e na comunicação das melhores práticas de negociação, incluindo a recomendação do levantamento de nota fiscal do produto e pesquisa com os dados do vendedor”, posiciona-se.

Para alertar usuários, a empresa deixou algumas dicas de negociação. “Fique atento sobre os excessos de facilidades e preços muito abaixo do mercado; não deposite ou realize transferências de valor antes de receber o produto; com os dados sobre o vendedor, faça uma pesquisa nas mídias sociais; desconfie se o comprador está muito apressado, nervoso ou impaciente; nunca efetue entrega de produtos ou realize pagamentos a uma pessoa que se diz ‘representante da OLX’. Não participamos, em hipótese alguma, das trocas e entregas de produtos ou serviços que ocorrem entre comprador e vendedor; Sempre peça a nota fiscal do produto”, aconselha.

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