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Brasília

Moradores da Comunidade Santa Luzia relatam mudanças de hábitos durante isolamento social

“Eu entreguei na mão de Deus para não me desesperar”, diz morador

Agência UniCeub

05/06/2020 18h45

Por João Paulo de Brito
Jornal de Brasília/Agência UniCEUB

Os mais de 16 mil moradores da comunidade Santa Luzia, localizada na cidade Estrutural, enfrentam o período de isolamento social em meio a condições desafiadoras. O local que possui cerca de 3,8 mil residências apresenta problemas como falta de saneamento básico, água e eletricidade. O atual cenário tem sido motivo de preocupação para os habitantes da região, que, de acordo com dados do Governo do Distrito Federal (GDF), já contabiliza mais de 220 casos do novo coronavírus e quatro mortes.

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Patrícia Paixão da Silva, 37, vive há nove anos em Santa Luzia e mora em uma casa com mais seis pessoas. Apenas ela trabalhava de maneira informal, ao realizar faxinas. Atualmente, o sustento da família dela tem sido realizado por meio do programa Bolsa Família e de doações de cestas básicas que são distribuídas. A dona de casa tem se apegado à religiosidade e à cautela para enfrentar o momento de incerteza com otimismo. “Eu entreguei  na mão de Deus para não me desesperar, mas fiquei preocupada sim”, relata.

Para manter a família a salvo do risco de contaminação, tanto Patrícia quanto seus parentes têm adotado as medidas de prevenção necessárias contra a Covid-19. “Redobramos a limpeza e a higienização da casa. Todos possuem máscaras e utilizam o álcool em gel, além da casa ser lavada com muita água sanitária”, destaca.   

 Patrícia Paixão é mãe de uma criança e um adolescente, 6 e 18 anos, e relata estar preocupada com uma possível volta às aulas no momento. “Estou muito preocupada, porque nem todos os alunos vão conseguir acompanhar. Eu acredito que eles (governo) deveriam ter um ‘plano B’ para trabalhar melhor essa ideia. Tenho muito medo de mandar meus filhos para a escola.”

A também dona de casa Gediane de Sousa Santos, 44 anos, reside há sete anos no local. Ela mora com mais cinco filhos em uma casa de alvenaria. O sustento da casa era obtido por meio da filha mais velha, 20 anos, que trabalhava em uma loja de maquiagens. Atualmente, a renda familiar vem do Benefício de Prestação Continuada (BPC),  auxílio que um dos filhos de Gediane recebe. O benefício assistencial é destinado para pessoas com mais de 65 anos ou portadores de necessidades especiais que possuam baixa renda. Além de utilizar máscaras e álcool em gel, Gediane de Sousa deixou de receber visitas no momento e afirma que houve mudanças  na rotina da família. “A nossa realidade tem sido só dentro de casa mesmo. A gente tem assistido televisão. Os meninos têm aproveitado o tempo para estudar um pouco também.”         

A reportagem entrou em contato com a Administração Regional do SCIA e Estrutural para saber quais medidas estão sendo tomadas para auxiliar as famílias da comunidade Santa Luzia, porém não obteve retorno até o fechamento da matéria.

 

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