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Brasília

Mistério: família não reconhece corpo e tem esperança

Mãe de Lázaro Rosa Franco esteve no IML de Valparaíso na manhã de ontem

Redação Jornal de Brasília

26/08/2020 6h52

Lázaro e a mãe, Cynthia. Foto: arquivo pessoal

Ciça Souza e Olavo David Netto
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A família de Lázaro Rosa Franco, 29 anos, não reconheceu o corpo encontrado na noite de segunda-feira (24) próximo a um centro comercial de Valparaíso, em Goiás. Segundo a professora Cynthia Rosa, mãe do rapaz, que esteve no IML de Valparaíso na manhã de ontem, o estado do corpo não permitiu identificar se seria ou não o filho desaparecido. Agora, a identificação será realizada por meio de exames da arcada dentária e, caso não haja confirmação, será feito o teste de DNA para verificar a compatibilidade genética com a família de Lázaro Franco.

Por isso, a Polícia Civil de Goiás (PCGO) pediu cautela à família. Segundo os agentes da corporação, as roupas e o cabelo do corpo encontrado no início da semana coincidem com as descrições e imagens do jovem. As buscas oficiais e informais – com grupos de amigos do homem e da família – continuam pelo Distrito Federal e pelo Entorno. Amigo de Lázaro, o advogado Christian Thomas Oncken coordena a busca. Conforme comentou ao Jornal de Brasília, os trabalhos não cessarão até que se confirme a identidade do colega.

Para Leonardo Sant’anna, consultor de Segurança Pública da Organização das Nações Unidas (ONU), a opção é correta. “Cessar as buscas por causa de hipóteses, quer seja pelas autoridades ou familiares, não deve ser uma opção”, comenta. “Qualquer oportunidade desperdiçada é uma chance a menos de localização”, atenta o especialista. Números para contato foram divulgados, e algumas informações apontaram o paradeiro de Lázaro nas cidades goianas de Anápolis, Santo Antônio do Descoberto, Abadiânia e Alexânia.

As equipes de busca se deslocaram para os núcleos indicados, mas não houve sucesso. Apesar disso, Sant’Anna indica que esse é uma forma de procura “já reconhecida como efetiva”. Não há o costume de maior colaboração na realidade brasileira, segundo diz, e este seria o maior empecilho nesses casos. “Infelizmente o Brasil não tem uma cultura de participação coletiva como em outros países; agentes e sociedade se comunicam muito pouco, deixando de lado a colaboração coletiva”, critica.

Ainda assim, as equipes informais de busca chegaram a reunir 800 pessoas em diversas cidades do Centro-Oeste. Em diversos momentos a família agradeceu aos voluntários, reiterando a participação da comunidade nas buscas pelo servidor do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa).

Dois meses

Lázaro estava de calça jeans escura, camisa preta e sapato marrom quando deixou a casa da mãe, no bairro Cidade Jardins, também em Valparaíso, no dia 30 de junho. Ele saiu sem documentos, dinheiro ou celular. Pai de uma menina, que mora no Rio Grande do Sul, ele sofre há algum tempo com transtornos de ansiedade e depressão. Nos últimos meses, uma nova crise chegou com o término de um relacionamento – o que motivou, inclusive, o retorno à casa materna.

Mãe de Lázaro, a professora Cynthia Rosa, 50, comentou à época do desaparecimento sobre o martírio durante as buscas. “Você fica com dúvida, você fica com insegurança. São dúvidas demais quando alguém diz que viu algo. É uma sensação de dor, de incerteza, de não saber se meu filho pode estar doente ou transtornado”, disse. Esta é uma hipótese das investigações, já que o homem deixou a residência sem qualquer documento ou aparelho de comunicação.

“Ele já teve episódios depressivos e estava passando por uma crise de ansiedade”, relatou a mãe. Segundo afirmou Cynthia ao JBr no mês passado, houve “uma explosão” no temperamento do filho, e “ninguém esperava por isso”.

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