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Brasília

Menino perde o pai e tia junta recicláveis para comprar passagem e trazê-lo de volta a Brasília

Arquivo Geral

18/04/2018 7h00

Foto: Myke Sena.

Rafaella Panceri
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Uma criança brasiliense está sem guarda definida em Mocajuba, cidade do interior do Pará. Para trazer o menino de 10 anos de volta à capital, a moradora de Ceilândia Isis dos Santos Ferreira, 24, tia materna do garoto, junta latinhas de refrigerante e cerveja. A intenção é vendê-las, comprar uma passagem de ônibus e trazer o sobrinho para perto da mãe. “Estou desempregada. Foi o jeito que encontrei para buscar o meu sobrinho. É uma situação triste, mas temos que ter esperança. Eu resolvi tomar uma atitude”, afirma.

Os familiares maternos do garoto tentam trazê-lo para Brasília após a morte do pai, há poucas semanas, mas passam por dificuldades financeiras. A mãe do menino vive em Brasília, mas não era responsável legal por ele. Por enquanto, a guarda segue indefinida. A família deve procurar a Defensoria Pública e o Ministério Público ainda nesta semana para dar entrada no processo.

Saudade

O vínculo afetivo com o sobrinho é forte. “Cuidei dele nos primeiros anos de vida, quando a minha irmã deu à luz”, lembra. “É como se fosse meu filho”, compartilha Isis, emocionada. Ela espalha pedidos de ajuda em redes sociais e conta com o apoio dos vizinhos para juntar as latas. “O pessoal já sabe que estou juntando, então ninguém joga nada fora. Quando tem churrasco aqui perto, é minha alegria”, relata.

No momento, ela reúne, no quintal de casa, cerca de 6 kg de material reciclável distribuídos em dois sacos — o que deve render aproximadamente R$ 14 em um centro de reciclagem de Ceilândia. A verba é módica, mas a esperança é enorme. “Não vou desistir de buscar o meu sobrinho. De latinha em latinha, eu chego lá”, acredita.

Desempregada, diz não ter condições financeiras para ir ao Pará. “Já pedi dinheiro para outros membros da família, mas a situação está difícil”, lamenta. Problemas de saúde a impedem de trabalhar como cabeleireira, ofício que exercia antes do desemprego. “Quando vi uma vizinha jogando várias latinhas fora, me veio a ideia”, lembra.

Isis quer ir ao Pará porque teme pela segurança da criança. “A família do pai é conturbada e ele está pulando de casa em casa, porque ninguém tem condições de criá-lo”, afirma a mulher.

Assassinato

O garoto vive no Pará há nove anos com o pai, mas o homem foi assassinado no dia 1º de março. Após o crime, a criança passou a viver com uma tia, conforme o Conselho Tutelar de Mocajuba (Pará).

Conselho Tutelar acompanha

Conselheiro tutelar do município de Mocajuba, Ocivaldo Rodrigues Martins garante que todos os encaminhamentos competentes ao órgão foram devidamente feitos, e o caso já foi encaminhado ao Ministério Público.

“A criança está sendo acompanhada por assistentes sociais e uma psicóloga do Centro de Referência Especializado de Assistência Social (Creas) e pelo Centro de Referência de Assistência Social (Cras). Atualmente, mora em uma casa de parente próximo com todas as condições adequadas”, detalha Rodrigues.

Manifestação

Após visitar a casa onde Ayude vive atualmente, o conselheiro atestou que a tia do garoto deseja que a família de Brasília reivindique a guarda. “Mas compete à família procurar o setor administrativo, um advogado ou a Defensoria Pública, onde possa fazer o requerimento do processo da guarda”, informa.

A tia de Brasília, Isis dos Santos Ferreira, está em contato com a família paterna, do Pará, e se prepara para ir ao estado em breve. “Já tenho latinhas para buscar em toda a Ceilândia. Tenho certeza de que vou conseguir”.

Serviço

Os interessados em ajudar Isis com as despesas da viagem ao Pará pode ligar para (61) 99634-3503

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