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Brasília

Manifestantes pedem por reabertura de bares, restaurantes e academias

“Pedimos que o tribunal reverta a decisão e que a liminar seja suspensa, para que o governador cumpra com seu cronograma”, afirmou presidente da Abrasel

Vítor Mendonça

23/06/2020 15h06

Foto: Vítor Mendonça/Jornal de Brasília

Pouco mais de 100 manifestantes de setores empresariais se reuniram em frente ao Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios (TJDFT) para protestar contra decisão que proíbe a reabertura de comércio não essencial na capital no fim da manhã desta terça-feira (23). O parecer foi tomado pela juíza federal Kátia Balbino de Carvalho Ferreira, da 3ª Vara Federal Cível do Tribunal Regional Federal 1 (TRF-1) no último sábado (20). Representantes das frentes sindicais comerciais questionaram a autonomia da magistrada para a decisão.

O governador do DF, Ibaneis Rocha (MDB) declarou na manhã da última segunda-feira (22) que a decisão representa uma intervenção “indevida” do poder judiciário. “Tiraram meus poderes”, afirmou o chefe do executivo local.

De acordo com Beto Pinheiro, presidente da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes no DF (Abrasel-DF), a decisão do judiciário fere a autonomia dos poder executivo e que um recurso foi encaminhado pelo governador na última segunda-feira (22). “Pedimos que o tribunal reverta a decisão e que a liminar seja suspensa, para que o governador cumpra com seu cronograma”, afirmou. A reabertura do comércio não essencial no DF estava prevista para a próxima quarta-feira (1º de julho).

“O setor de bares e restaurantes é o que mais emprega no DF. São cerca de 100 mil famílias que dependem do nosso setor; podendo chegar a 400 mil. As empresas não estão conseguindo crédito. Há respiradores para as pessoas físicas que precisam de tratamento contra o coronavírus, mas não há respiradores para as empresas do DF”, completou o representante. “Creio que seremos vitoriosos.”

A deputada Júlia Lucy (NOVO) esteve presente e discursou no palanque móvel, que guiou uma carreata de cerca de 600 carros no início do ato, segundo os organizadores. Para a parlamentar da casa legislativa do DF, a decisão foi uma surpresa. “As famílias estão desesperadas. […] Eu recebo com espanto essa forma preventiva de agir do judiciário. A sensação é que essa decisão foi tomada por uma pessoa que desconhece a realidade do Distrito Federal, que não vê a realidade das pessoas querem trabalhar. E trabalhar não para luxo, mas para viver, para não passar fome”, declarou.

Deputada Júlia Lucy (NOVO) participou do movimento e discursou no palanque móvel. Foto: Vítor Mendonça/Jornal de Brasília

De acordo com a deputada, alguns dos comércios estão em funcionamento clandestino nas regiões administrativas mais afastadas do Plano Piloto. Para ela, é preciso que protocolos claros de funcionamento sejam estabelecidos para que todos sigam um mesmo padrão, uma vez que seria “ingênuo achar que uma decisão no papel impediria a economia de funcionar”. “A própria inteligência coletiva poderá fazer denúncias de descumprimento das regras de prevenção [de transmissão do vírus]”, opinou.

“Essa decisão vai cair, não tenho dúvida”, defendeu o presidente do Sindicato Patronal de Hotéis, Restaurantes, Bares e Similares de Brasília (Sindohbar), Jael Antônio da Silva. Segundo ele, há um protocolo de segurança sanitária já estabelecido que o governo analisou e aprovou para a reabertura. “Não foge em nada daquilo que está sendo feito no mundo. Trabalhamos em cima de três pilares: higienização, afastamento e distanciamento para evitar aglomerações”, colocou.

A previsão é de uma retomada de movimento nos estabelecimentos de forma lenta e gradual. “O que não podemos mais é ficar fechado”, continuou Jael. O momento, de acordo com ele, agora, é de esperar os desdobramentos do recurso, uma vez que Ibaneis não pode descumprir com uma medida judicial senão pelo processo estabelecido por lei.

Jael Antônio da Silva, presidente do Sindhobar. Foto: Vítor Mendonça/Jornal de Brasília

“Decisão mal avaliada”

Para a empresária Milena Infantini, 37, que gerencia os dois salões de beleza Orange Beauty Studio, localizados no Sudoeste e Asa Sul, a decisão foi “mal avaliada”, visto que os estabelecimentos, ao contrário de shoppings e algumas feiras, têm a possibilidade de controle de entrada de pessoas pelo agendamento e de manter distanciamento entre as cadeiras de atendimento. “Não faz sentido permitir 200 pessoas na Feira dos Importados enquanto nós podemos ter um controle muito maior. Se eu trabalhar com 50% da capacidade, consigo deixar as pessoas com mais de três metros de distância entre cada uma”, afirmou.

De acordo com ela, desde o dia 4 de maio os salões de beleza que administra estão preparados para receber o público. “Temos máquina de desinfecção das toalhas, toalhas descartáveis, Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) dos funcionários, protocolo de recebimento de clientes, etc.”, disse. Ela não conseguiu linhas de crédito e se preocupa com o acúmulo das contas de aluguel de espaço e ainda o sustento de 37 funcionários dos dois estabelecimentos.

No setor das academias, o representante da Associação Brasileira de Academias no DF (Acad Brasil-DF) Lúcio Gomes é o proprietário da empresa 01 Pilates, e entende que faltou diálogo na decisão e foi feita de forma unilateral. “O judiciário não chegou a consultar os órgãos representativos do setor para tomar a decisão. Desde que fechamos, trabalhamos para formular protocolos e pesquisas ratificados por doutores da USP [Universidade de São Paulo]”, afirmou. Os protocolos evidenciam, segundo ele, a capacidade para a reabertura.

Atletas de tênis improvisaram uma partida para exemplificar o distanciamento na atividade. Foto: Vítor Mendonça/Jornal de Brasília

De acordo com Luciano Lunkes, 46, diretor do Sindicato das Academias do DF (Sindac-DF), a conversa com o governador Ibaneis Rocha vem sendo feita há alguns meses para trazer proposições com condições de segurança máxima para receber as pessoas nas academias. O representante entende que outro fator positivo para a reabertura será a gradual retomada das atividades nos estabelecimentos.

“O retorno não vai acontecer de uma hora para outra, até porque as pessoas estão receosas com todas estas situações. No nosso caso, outro lado positivo, além da questão econômica, contribui para a saúde e qualidade de vida das pessoas”, ponderou. “Isso diminui de forma significativa o risco de morbidade em vários níveis, incluindo infecções por vírus e bactérias.” Luciano afirma que contaminados, com as atividades físicas, têm condições de estarem “imunologicamente fortes” para enfrentar o vírus.

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