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Brasília

Luta medieval ganha vida no DF

Sobradinho reúne o primeiro time de Historical Medieval Battle e usa armaduras e espadas

Lucas Neiva

09/12/2019 6h31

Treinamento e equipamento do time Iron Bastards no Clube Rural Rosa de Ferro. Lucas Neiva

No início da tarde de um sábado, os lutadores levam suas espadas, machados e armaduras até a oficina, onde acompanham o trabalho dos ferreiros no reparo de suas peças. Outros itens de armadura são fabricadas artesanalmente, conforme a demanda do lutador. Terminados os reparos, os membros do time vestem as armaduras, e saem da forja para treinar. Um grupo vai praticar golpes em equipe em uma arena, enquanto outro vai realizar treinos individuais com suas armas em um campo separado.

O cenário que lembra uma reprodução do século XIII é a rotina dos treinamentos do Iron Bastards, time brasiliense de Historical Medieval Battle (HMB) que se estabeleceu em Sobradinho, no Clube Rural Rosa de Ferro. O esporte, que em português significa “Batalha Histórica Medieval”, é praticado em diversos países ao redor do mundo e simula o combate realizado por cavaleiros medievais.

O HMB é dividido em duas modalidades: o Profight, individual; e o Buhurts, praticado em equipes. As regras são estabelecidas conforme os critérios do campeonato internacional do esporte, o Battle of the Nations, que nasceu em 2009 na Ucrânia, e é realizado anualmente em diferentes cidades europeias. “Os campeonatos acontecem com muita frequência. Eles são classificados em níveis dados de acordo com o número de times participantes e pelos critérios da federação internacional”, explica Filipe Canabrava, capitão do Iron Bastards.

As regras variam conforme a modalidade, assim como os critérios para vencer a competição. “Nas modalidades individuais cada golpe forte que atinge o adversário marca um ponto. Ele pode tentar se defender com sua espada ou escudo. Ao final do tempo dos rounds, soma-se os pontos e anunciam o vencedor. Já na modalidade em equipe, ganha a última equipe a ficar de pé”, resume o capitão.

A principal categoria na modalidade em equipe é a de embates 5×5, em que os times podem conter até 8 jogadores que se alternam dentro da arena, chamada pelos lutadores de “liça”. Para eliminar o adversário é preciso derrubá-lo, jogá-lo para fora da arena, quebrar sua armadura ou fazer com que desista. Porém, a liga não se limita ao 5×5: as outras categorias podem chegar a 30 jogadores por time, ou até 150.

Mesmo envolvendo contato constante e armas, Canabrava garante que o índice de acidentes do HMB se assemelha ao de qualquer outra arte marcial. “A armadura, se bem feita, protege muito mais do que parece. A maioria dos acidentes são pequenas luxações. Mas às vezes acontecem”.

Equipamento histórico

Treinamento e equipamento do time Iron Bastards no Clube Rural Rosa de Ferro. Foto: Lucas Neiva

As armas e as armaduras utilizadas no HMB são padronizadas, para seguir um rigor de autenticidade histórica e segurança. São feitas baseadas em pesquisas de museus, bibliotecas e estátuas. Na oficina do Iron Bastards, todas as peças necessárias são fabricadas sob medida para os lutadores, feitas de aço forjado a quente ou a frio.

As armaduras pesam em média 30kg, variando conforme o tamanho do lutador. O elmo pesa cerca de 6kg e o peso das armas varia de acordo com o material e o tipo de arma. As lâminas das espadas e machados são cegas, para garantir a segurança do lutador. Ao todo o equipamento custa cerca de R$ 10 mil, valor pago individualmente.

O elevado valor da armadura é um problema que o time tenta resolver. “Nós estamos com um projeto para produzir armaduras para o time. Para que possamos escolher bons lutadores que não tenham condição de comprar uma de imediato por meio de provas”, declara o capitão do time.

Prática exige dedicação

Nós começamos a treinar quando descobrimos o esporte pelo do torneio mundial Battle of the Nations em 2015. Juntamos lutadores, aprendemos a fazer as armaduras, e estamos em busca de apoio e patrocínio para continuarmos participando de torneios”, conta Canabrava sobre a origem do time.

O time começou com apenas cinco jogadores, mas hoje conta com 16 lutando com armadura completa. O Iron Bastards conta tanto com lutadores amadores quanto profissionais, que mantém uma rotina rigorosa de treinos. “Os de nível profissional mantém uma prática de 8 a 14 treinos por semana, muitas vezes cada um por si. Costumamos nos reunir aos sábados, às 14h em Sobradinho”, conta o capitão.

Dentro da equipe, a hierarquia é simples, sem muitos níveis como acontece nas outras artes marciais. No topo da cadeia está o capitão do time, em seguida os oficiais, responsáveis pela instrução. Abaixo deles estão os lutadores, separados entre veteranos e amadores.

O Iron Bastards já contou com uma vitória fora de Brasília, conquistando o primeiro lugar no torneio Ironclad, realizado em São Paulo. Hoje se preparam para o Brazil Open, também em São Paulo, que será realizado em abril de 2020.

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