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Brasília

Longas filas e protestos marcam primeiro dia de entrega de entulhos no Lixão da Estrutural

Arquivo Geral

29/01/2018 14h04

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Lia Sahadi
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O primeiro dia em que o Lixão da Estrutural passou a receber apenas resíduos da construção civil foi marcado por protestos e filas quilométricas. Caminhões carregados de entulhos enfrentaram horas de espera devido ao número de veículos e à burocracia pra descarregar as caçambas. Por outro lado, inconformados com o fechamento do maior aterro a céu aberto da América Latina, catadores reivindicam a entrada no local.

Segundo Anderson Castro, proprietário da Cerrado Entulho, o clima no local é tenso. “O Lixão deveria abrir às 7h, mas os caminhões só conseguiram começar a entrar no local por volta das 7h40. Além disso, os catadores ameaçaram tacar pedras nos motoristas, gerando uma insegurança muito grande”.

De acordo com o empresário, desde o último dia 20, quando o aterro foi fechado, as caçambas estavam paradas. “Tivemos que deixar o material com os clientes, porque os pontos disponibilizados pelo governo para o descarte são muito distantes e fogem da nossa logística”, ponderou.

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Conforme Instrução Normativa publicada no DODF de 18 de janeiro, todos os caminhões terão que estar cadastrados no Sistema de Gerenciamento de Resíduos da Construção Civil (RCC) do Serviço de Limpeza Urbana (SLU). A partir de 15 de março, as empresas pagarão pela tonelada descartada. Segundo a diretora-presidente do SLU, Kátia Campos, Será cobrado R$ 14,34 por tonelada de entulho limpo e R$ 26,27 por tonelada do entulho misturado.

“Os caminhões deverão ser pesados na entrada, quando tiverem cheios, e na saída, já vazios, para calcular o valor exato a ser pago. Em uma conta simples, cada caçamba terá que pagar, no mínimo, R$ 130 para o governo só para descartar material no local”, disse Anderson. “Essa reforma está vindo para moralizar o setor, mas não estamos conseguindo trabalhar”, desabafou.

Por outro lado, manifestantes alegam que o GDF teria garantido aos catadores de entulhos o direito de continuarem trabalhando no aterro. Hoje, no entanto, eles teriam sido impedidos de entrar no local. “Muito pai de família vai ficar desempregado. O governo fala que é uma vergonha ter catador nessa situação, mas é o que temos para viver. Como vamos fazer para pagar aluguel?”, indagou o catador Pedro Alves ao Jornal de Brasília no último dia de funcionamento do Lixão. Ele é um dos 2 mil autônomos, sem filiação a cooperativas. Para Pedro, o ganho nos galpões é pequeno – cerca de R$ 400 por mês. Já no lixão, ele chega a fazer até R$ 500 catando revistas.

Posicionamento

Em nota, o SLU informou que o congestionamento de caminhões na porta do aterro ocorre devido à demanda acumulada após a área ficar fechada por nove dias para adequações.

Saiba mais

Com o encerramento das atividades, o lixo doméstico irá para o Aterro Sanitário em Samambaia, e o que estiver no lixão será coberto de terra e compactado. O lixo reciclável vai para os galpões dos catadores. Diferente do que ocorre hoje: das 2,7 mil toneladas de lixo no DF, 900 toneladas vão para o aterro, e 1,8 mil, para o lixão.

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