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Brasília

Justiça pede que pai de Bernardo faça outro exame psiquiátrico

Laudo do IML constatou que Paulo Osório não sofre transtornos mentais e não precisa ser alocado em ala de tratamento psiquiátrico

Willian Matos

18/02/2020 8h41

Paulo Roberto de Caldas Osório, 46 anos, assassino confesso do próprio filho, Bernardo, 1 ano e 11 meses, terá de fazer que um novo exame psiquiátrico. É o que determinou a Justiça.

Embora um exame em 1992 tenha apontado que Paulo Osório era semi-imputável, um laudo inicial recente do Instituto Médico Legal (IML) constatou que o homem não apresenta transtornos mentais e, “do ponto de vista psiquiátrico-forense, não necessita ser alocado na ala de tratamento psiquiátrico do presídio”. 

O caso

O desaparecimento do garoto Bernardo mobilizou a Polícia Civil e chocou os brasilienses em dezembro de 2019. Paulo Osório, pai do de Bernardo, sumiu com o garoto no dia 29 de novembro, com a intenção de tirá-lo da mãe, Tatiana da Silva. Paulo foi preso dois dias depois, mas foi encontrado sem o garoto.

Perguntado, ele deu uma versão diferente da realidade. Afirmou que deixou o garoto em um local diferente do encontrado, fazendo a polícia mobilizar uma equipe para procurar Bernardo, sem sucesso. Disse também que a intenção era dar “um susto” em Tatiana, afirmação que, para a investigação, é falsa.

Enquanto isso, os dias se passavam e a família de Tatiana sofria sem notícias de Bernardo. Como o caso ganhou notoriedade rapidamente, os palpites de espectadores eram variados. Muitos chegaram a acreditar que Bernardo ainda estava vivo, o que confundia ainda mais a mãe do garoto.

No entanto, no dia 7 de dezembro, a Polícia Civil confirmou a morte de Bernardo

Como explicou o delegado-chefe da Delegacia de Repressão a Sequestros, Leandro Ritt, Paulo tinha o desejo de tirar Bernardo das mãos da mãe, Tatiana da Silva, 30, e da avó materna. “Ficou concluído que ele agiu sozinho nesse homicídio e que a criança foi morta ainda dentro de casa . Comprova aquela linha inicial da investigação de que ele tinha por objetivo matar a criança e fazer com que os familiares nunca mais vissem nem mesmo o corpo. Ele tinha por objetivo perpetuar esse sofrimento na família”, afirmou Ritt.

O delegado também elucidou o passo a passo do crime. Paulo chegou a ficar hospedado em um hotel em Luís Eduardo Magalhães-BA com Bernardo já morto. O garoto ficou no carro, enquanto ele pernoitou no quarto. “Às 20h52 [de sexta-feira (29)] ele deixou a residência em direção a Bahia. Às 21h20 ele passa por um radar na Ponte do Bragueto sentido saída norte. Dirige já com o menino morto dentro do carro até Luis Eduardo Magalhães-BA, onde chega entre 2h e 3h de sábado (30). Pernoita num hotel, deixando o cadáver no carro. De lá, ele sai do hotel às 7h de sábado e dirige até a região da cidade de Palmeiras-BA, mas precisamente no povoado de Campos de São João, onde abandona o corpo de Bernardo à beira da pista juntamente com a cadeirinha do bebê”, explicou o agente. 

Segundo as investigações, a versão de Paulo de que ele queria apenas dar “um susto” na família sem a intenção de matar Bernardo é falsa. “Temos a certeza que o plano inicial era o homicídio de Bernardo, até pela quantidade de remédio que ele forneceu ao garoto, uma dose extremamente letal.”

Roupas novas

Paulo chegou a comprar roupas novas para Bernardo, para que quando ele fosse encontrado, a família tivesse dificuldades em identificar o corpo, como explica o delegado. “A avó, ao visualizar as roupas que Bernardo vestia, não as reconheceu como sendo compradas por ela ou pela mãe. Isso mostra que o plano inicial era que o Bernardo nunca mais fosse encontrado.”

Identificação do corpo

O diretor do Instituto de Pesquisa de DNA Forense da Polícia Civil do DF, Samuel Ferreira, explicou como foi o trabalho de reconhecimento do corpo. Para comprovar que o cadáver era mesmo do garoto, foi necessário exame de DNA. O exame foi realizado através de amostras do perfil genético colhidas da cartilagem de Bernardo e confrontadas com células da mucosa oral (saliva) de Paulo e Tatiana, pai e mãe do menino.

Ainda segundo o diretor, o exame é extremamente preciso e não deixa dúvidas. “Para se ter uma ideia, a probabilidade de uma pessoa ter o mesmo perfil genético de Bernardo é de uma em 53 septilhões de pessoas na face da Terra. Considerando que o planeta Terra tem 7 bilhões de pessoas, precisaríamos de cerca de 3 trilhões de planetas Terras para haver uma outra pessoa com o mesmo DNA de Bernardo. Portanto, o corpo encontrado na Bahia é de fato o do garoto”, cravou Samuel.

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