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Brasília

Justiça Federal mantém data da segunda prova do Enem, neste domingo (24)

De acordo com o órgão solicitante, o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep) não foi competente para administrar as medidas contra a covid-19 nos locais de prova. No entendimento da magistratura encarregada, não houve provas suficientes para atestar negligência da banca aplicadora

Vítor Mendonça

21/01/2021 21h18

Mesmo após apelo da Defensoria Pública da União (DPU) pelo adiamento da segunda prova do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), a Justiça Federal decidiu mantê-la na data previamente estabelecida, no próximo domingo (24). De acordo com o órgão solicitante, o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep) não foi competente para administrar as medidas contra a covid-19 nos locais de prova. No entendimento da magistratura encarregada, não houve provas suficientes para atestar negligência da banca aplicadora.

Neste segundo dia, o exame está dividido entre 45 questões de Matemática e outras 45 questões de Ciências da Natureza – conteúdos de Química, Física e Biologia. Os candidatos terão cinco horas até o término da avaliação para entregar seus gabaritos. O fechamento dos portões dos respectivos locais de prova acontecerá às 13h. São aproximadamente 5,8 milhões de concorrentes no Brasil.

Aglomerações na entrada e saída marcaram o primeiro dia de avaliações do Enem no Centro Universitário UDF no último domingo (17). No local, quase 3 mil candidatos realizaram a prova e não houve aferição de temperatura para quem entrava ou circulava na faculdade. No espaço da instituição de ensino, havia um estacionamento para onde os participantes poderiam se espalhar e respeitar o mínimo distanciamento social de dois metros entre si, mas poucos o fizeram. A maioria se concentrou na entrada do local.

O mesmo aconteceu na faculdade Uniplan, em Águas Claras. De acordo com a candidata Amanda Avelino, 21 anos, que quer cursar Medicina, na entrada no local a maioria das pessoas não manteve o distanciamento social e se aglomerou. Ela, porém, preferiu manter distância para aguardar uma amiga em um local mais afastado. Apesar disso, ela afirma que se manteve tranquila e que, na sala onde fez o exame, a capacidade de ocupação em 50% foi respeitada.

“Estava todo mundo junto e misturado na entrada. Não podíamos ficar no pátio da faculdade, mas aí todo mundo se aglomerou fora dela”, relatou. “[Dentro da sala] deu pra perceber que foi mais ou menos metade [da ocupação]. Eles tentaram pular uma cadeira, mas quase funcionou por completo. Só duas pessoas ficaram uma atrás da outra, mas achei tranquilo, não fiquei com medo não”, contou. Além disso, a máscara não a atrapalhou para fazer a prova. “Acho que nem lembrava muito. Só na hora de comer mesmo, porque precisei tirar.”

Sonho na Medicina

Amanda terminou o Ensino Médio há quatro anos, mas ainda não alcançou o sonho de cursar medicina em uma universidade federal. Ela está confiante neste ano e acredita que fez uma boa prova no último domingo. O tema da redação, “O estigma associado às doenças mentais na sociedade brasileira”, foi um dos pontos positivos nesta edição do exame.

“De repertório histórico e cultural usei um episódio de uma série em que o personagem tinha um quadro leve de esquizofrenia, mas que foi levado em descrédito por conta de um ataque que teve. Falei também da falta de oportunidade de pessoas com doença mental podem ter na área profissional e lembrei de um dado da OMS [Organização Mundial da Saúde] que diz que o Brasil está entre os países mais ansiosos do mundo, mas as pessoas muitas vezes não olham isso como um problema ainda, de forma correta, que necessita de ajuda profissional”, relatou.

Para o próximo domingo, Amanda também está segura e apenas assistirá uma live com revisão de conteúdo, sem fazer anotações, “porque não cansa tanto a mente”. Ela afirma que quer uma nota acima de 790, no mínimo para ter nota de concorrência nas universidades de Medicina no DF, como a Escola Superior de Ciências da Saúde (Escs) e a Universidade de Brasília (UnB).

Para descansar, no sábado ela prefere relaxar fazendo atividades tranquilas e sem leituras para aliviar a tensão o máximo possível.

Neste semestre, a estudante relata que se desenvolveu mais na prática provas e simulados do Enem, com bastante exercícios, uma vez que o conteúdo já fora aprendido anteriormente com o estudo de outros anos, necessitando apenas de revisão. “Trabalhei mais na prática e consegui ter um olhar para identificar quais questões são mais fáceis e quais são mais difíceis. E então, a melhor opção é seguir pelas fáceis para economizar tempo”, explicou.

Dia de números e cansaço

Para o professor de Matemática do Colégio Sigma, Paulo Luiz Ramos, o raciocínio de Amanda está correto, já que o principal nesta etapa é a atenção ao prazo para a realização do exame. “Geralmente os alunos não têm tempo de fazer todas elas [questões]. O candidato tem que ir com a cabeça um pouco mais tranquila porque, quando encontrar as questões mais difíceis, poderá pular sem nenhum peso na consciência. Se ele fizer isso, não gastará tempo nelas e conseguirá fazer a prova bem”, afirmou.

“É preciso focar nas questões médias e fáceis da prova. Se sobrar tempo ao final, então poderá voltar nas mais difíceis para fazer com mais calma. Se for para deixar de fazer alguma questão, que seja a difícil”, recomendou. De acordo com ele, o uso do modelo de alternância entre as questões depende muito do aluno, mas é uma boa estratégia para tentar descansar a mente durante a prova.

Ao invés de procurar questões em que o aplicante se identifique mais, o professor recomenda que a prova seja feita dentro da linearidade das questões, a fim de administrar melhor o prazo para a realização do exame. “Na medida em que o candidato fica tentando achar questões em que considera a matéria mais interessante, ele perde tempo, o que não pode acontecer no Enem. É receber a prova e ir fazendo na ordem mesmo, pulando o que é difícil e fazendo todo o resto independente do assunto tratado [nas questões]”, disse Paulo.

“É uma prova muito cansativa porque são muitas questões com contas e não há calculadora, então, os alunos que não treinaram ou se habituaram a usar a calculadora sempre, talvez gaste mais tempo nas contas. Então, para diminuir um pouco o tempo, é bom que seja treinado antes com algumas questões nessa reta final para poder aprimorar [seu desempenho]”, sugeriu o professor.

Segundo ele, os assuntos mais recorrentes na prova de matemática são proporção, porcentagem e geometria, principalmente, com cálculos de aritmética. Por vezes, os assuntos são misturados entre si.  Nas proporções, é bom focar em relembrar as regras de três compostas, com mais de uma variável, além da proporção inversa.

Ainda de acordo com Paulo, identificar o objetivo final do cálculo no enunciado ao fim da questão é uma boa maneira de economizar tempo antes de ler todo o texto motivador anterior. Assim, quando o fizer, o candidato saberá compreendê-lo de maneira mais intencional, buscando números e descartando possíveis distrações.

“Mas é preciso prestar atenção para não ler rápido e tirar conclusões precipitadas, que podem induzir ao erro, marcando a questão errada. Isso gera muitos erros das pessoas”, afirmou o professor.

SAIBA MAIS

  • Segundo o professor Paulo, “ninguém faz um treino pesado de futebol um dia antes do jogo”, então aproveite o último dia de amanhã, sábado, para descansar e busque dormir bem;
  • Tente esquecer dos estudos relacionados à avaliação e busque a prática de alguma atividade física que goste, conversar com os amigos, jogar, assistir filmes ou séries para se distrair;
  • Não foque, no dia da prova (24), estudos desesperados dentro do carro ou na porta da sala onde fará o exame. O nervosismo atrapalha a concentração;
  • Não esqueça de levar uma máscara extra e de não removê-la durante a realização do Enem, a não ser para trocá-la, comer ou beber algo;
  • Leve da garrafa d’água e da caneta esferográfica preta, ambas de material transparente;
  • Leve chocolate, barras de proteína, frutas ou outros lanches para se alimentar durante as cinco horas. Eles podem servir para aliviar o estresse gerado pela prova.

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