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Brasília

Jovem precisa de curativos no valor de R$ 60 mil para voltar a andar

Arquivo Geral

14/10/2018 8h00

Ludimila Alves, 20, é estudante de artes cênicas e está internada há dois meses após sofrer acidente. Foto: Arquivo Pessoal.

Rafaella Panceri
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Após sofrer um acidente de trânsito, ter a bacia fraturada e ficar em coma induzido por quatro dias, a estudante do último semestre de artes cênicas Ludimila Alves Rodrigues, 20, moradora de Valparaíso de Goiás, está internada no Hospital Regional do Gama (HRG) há dois meses, sem previsão de alta e de voltar a andar.

Ela precisa de curativos e terapias que custam aproximadamente R$ 75 mil, mas o Governo do Distrito Federal (GDF) alega não ter os materiais disponíveis na rede pública.

A família da jovem não tem condições de arcar com o custo do tratamento e se mobiliza na Justiça para garantir que ela consiga sair do hospital. O caso comoveu médicos do HRG, que criaram uma página nas redes sociais para pedir ajuda financeira.

O tratamento de Ludimila envolve o uso de curativos a vácuo, cujo custo estimado é de R$ 60 mil, e a realização de oxigenoterapia hiperbárica (inalação de oxigênio puro). O valor previsto para o segundo procedimento é de R$ 15 mil.

Ludimila Alves Rodrigues, 20 anos, está internada há dois meses, sem receber tratamento adequado, no Hospital Regional do Gama (HRG). Foto: Arquivo Pessoal

Presa nas ferragens
Antes de sofrer o acidente que mudaria sua vida para sempre, Ludimila teve um dia comum. Foi à faculdade, o Centro Universitário IESB (Asa Sul), em um micro-ônibus particular contratado pela família, e retornava para casa no mesmo veículo. Por volta de 23h40 do último dia 15 de agosto, o automóvel tombou na pista. O acidente envolveu uma picape, que teria realizado uma ultrapassagem perigosa e gerado o transtorno.

Presa nas ferragens, Ludimila ficou com a bacia e a pelve seriamente comprometidos. Foi socorrida pelo Corpo de Bombeiros Militar do DF. Todos os dias, precisa fazer raspagens para conter uma infecção no local. Segundo a família, ela já perdeu grande parte de pele e músculo de uma das pernas devido ao procedimento.

“É muito doloroso e gera muita secreção. A região sofreu uma necrose grave, devido à pancada. Os médicos temem que a raspagem atinja os nervos e a prejudique a voltar a andar no futuro. No momento, minha filha não pode se movimentar”, compartilha o pai, Edvar Vidal Rodrigues, 46, motorista.

“Ela sobreviver foi um milagre, mas não é fácil ficar deitada em uma cama por 60 dias, esperando por um tratamento que pode não chegar. Tivemos que brigar na Justiça para garantir um direito nosso”, expõe a dona de casa Maria da Paixão Alves Ferreira, 45, mãe da paciente.

A família informou que a empresa responsável pelo transporte escolar tem “prestado toda assistência possível, mas que a responsabilidade sobre a saúde de Ludimila é do Estado.”

Pais da paciente processam o GDF para ter o direito à saúde, garantido pela Constituição Federal, garantido. Foto: Kléber Lima/Jornal de Brasília.

Sem material e sem providências
De acordo com médicos do HRG, nenhum dos hospitais da rede pública do DF têm curativos a vácuo e equipamento para oxigenoterapia disponíveis. Ludimila, portanto, está há dois meses sem ter o quadro revertido.

A família decidiu ajuizar uma ação contra o GDF para ter o direito ao tratamento garantido. Movida na última segunda-feira (8), a ação gerou resultados: por meio de liminar judicial, a Secretaria de Estado de Saúde (SES-DF) foi condenada. A pasta é obrigada a comprar curativos a vácuo em empresas de material hospitalar em até 10 dias. O prazo termina no próximo domingo (21).

A família pede, ainda, que o GDF arque com os custos de realização da oxigenoterapia em clínica especializada, além do transporte até o local, já que nem o HRG nem outra unidade de saúde da rede pública têm equipamentos adequados. Essa segunda ação judicial está em curso e Justiça local ainda não estabeleceu prazo para que a SES-DF tome providências.

“Já que o Estado é omisso e não garante o direito à saúde, previsto na Constituição, a família precisou mover uma ‘ação de obrigação de fazer’, com base nesse direito. A liminar que condena o GDF a pagar pelos curativos que não estão disponíveis na rede já saiu, mas nada foi feito. Pacientes como a Ludimila ficam esperando pela morte, sem qualquer respaldo ou providência ser tomada”, critica o advogado da família, Wanderley Aires Gomes.

Médicos do Hospital Regional do Gama (HRG) criaram uma conta no Instagram para recolher doações financeiras para o tratamento da jovem. Foto: Reprodução

Médicos se mobilizam
De acordo com os profissionais que acompanham o caso, “a luta pela vida de Ludimila é diária”. Eles criaram uma conta no Instagram para arrecadar recursos financeiros e comprar os curativos, até que o Estado assuma o custo. “Inclusive, está sendo aventada a hipótese de uma hemipelvectomia, cirurgia extremamente mutiladora para uma jovem de 20 anos”, relatou um servidor que preferiu ter a identidade preservada.

Versão oficial
De acordo com a Secretaria de Saúde, o Curativo Esponja foi indicado pela equipe médica “devido à gravidade do ferimento”, mas não pode ser comprado pelo governo “por não fazer parte dos produtos padronizados”. A pasta diz que ainda não foi notificada sobre processo judicial. A paciente segue internada na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do HRG “com extensa ferida na perna direita”.


Serviço
Uma médica do HRG disponibilizou os próprios dados bancários para doações:

Cinara de Paula Guimarães
CPF: 006.325.611-81
Agência: 7815
Conta corrente: 16980-5
Banco: Itaú

» Página no Instagram: @todos_pela_lud
https://www.instagram.com/todos_pela_lud/

 

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