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Brasília

Jovem é agredido por skinheads na Ceilândia após ouvir se era feminista

De acordo com relatos da vítima, que não quis ser identificada, os agressores eram carecas e usavam calças camufladas com coturnos

Agência UniCeub

11/10/2019 16h54

Jornal de Brasília/Agência UniCeub

Depois de um mês do espancamento promovido por skinheads em Ceilândia, que deixou um grafiteiro em estado grave na UTI de um hospital em Brasília, outro caso de agressão foi registrado. Dessa vez, um jovem de 21 anos foi violentado dentro de uma padaria na região. Ele participava do evento “Ação pela Liberdade Consciente” que aconteceu próximo da estação norte do metrô da Ceilândia no dia 5 (sábado). De acordo com relatos da vítima, que não quis ser identificada, os agressores eram carecas e usavam calças camufladas com coturnos. Segundo um dos organizadores do evento, a casa que residem alguns dos skinheads é perto do local que aconteceu o evento. 

Junto da irmã e de uma amiga, o jovem agredido estava colando adesivos nas proximidades do evento com mensagens antifascistas e dicas sobre saúde mental para as pessoas que são visadas por grupos de ódio. Em seguida, fizeram uma pausa na padaria, onde aconteceu a agressão. “Tudo ocorreu muito rápido. Quando desconfiamos deles, já estavam nos abordando. Um deles perguntando se ‘eu era um homem feminista’ como se isso fosse um crime. Não respondemos, e no segundo seguinte ele me agrediu na cabeça, com um tapão violento”, explicou. 

Não satisfeitos, os agressores skinheads continuaram com a violência. “Meu primeiro impulso foi tomar uma distância segura dele… percebi que só queriam bater em mim. Nisso o outro saiu correndo atrás de mim, me alcançou e meu deu outro tapa antes de desistir. Também apontaram uma faca pra minha amiga e minha irmã”, detalhou o jovem agredido.  Segundo ele, o grupo só conseguiu se livrar dos dois agressores quando correram na direção do evento. 

O jovem que sofreu as agressões se reconhece LGBT e antifascista. Ele lembrou que é importante entrar na luta contra o fascismo. “Como vamos nos proteger do ódio e perseguição, na prática?. O antifascismo foi a resposta que encontrei. Além do preconceito da população, nem sempre os Estados toleram nossa existência. Pode haver um retrocesso por meio do fascismo, e se isso acontecer seremos criminalizados, perseguidos, mortos… Precisamos resistir”, alertou. 

O jovem agredido procurou a Comissão de Direitos Humanos da Câmara Legislativa. O comitê, por meio de um ofício, pediu à Secretaria de Segurança Pública a averiguação dos fatos e a identificação de medidas cabíveis para o enfrentamento deste tipo de violência praticada por grupos neonazistas.   

Evento antifascista 

A ação pela liberdade consciente foi idealizada quando pichações racistas e homofóbicas apareceram nos muros da Ceilândia. Antifa Durruti, um dos organizadores, contou que o evento serviu para conscientizar a população sobre os grupos de ódio da região.. “Alguns de nós juntos com outros coletivos tramamos um evento denúncia para a comunidade sobre a conscientização da crescente desses movimentos contra as minorias. O evento teve roda de debate, mutirão de grafite, artistas do rap de brasília e dança”, detalhou Antifa Durruti. 

De acordo com ele, o evento estava marcado para acontecer no mês passado, quando as pichações de ódio surgiram, mas teve que ser cancelado pois um grafiteiro que participaria do evento foi covardemente espancado pelos skinheads. Ele foi hospitalizado, recebeu alta e tenta retomar a rotina. 

Pichação que pregava ódio contra nordestinos em Ceilândia

Relatos da agressão

Confira trechos de texto escritos pela vítima e postados em uma rede social com o título de “Fui agredido por um nazi na padaria”.

Se aproximaram de maneira agressiva e prepotente, me perguntando se “eu era um homem feminista”. Só sei que nós três continuamos sentados e quietos, tentando decidir o que raios íamos fazer, e no segundo seguinte senti um baque na cabeça. Um deles havia me dado um tapão violento na lateral da cabeça, cambaleei para longe deles e pulei a cerquinha da padaria em direção a rua”.

“O outro nazi pula a cerca também e me persegue por alguns metros, me alcança e desfere outro golpe antes de desistir, já que eu tento correr na direção do evento”.

“Eu sabia que esse risco era real, eu sei que o nazifascismo tem crescido exponencialmente (…) Não numa padaria com várias pessoas em volta, na plena luz do dia, sem estarmos caracterizados”.

“Precisamos trabalhar ativamente para informar a população acerca dos riscos do fascismo”

 

 

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