Rafaella Panceri
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O autor dos crimes de injúria e ameaça cometidos contra a professora da Universidade de Brasília (UnB), Débora Diniz, foi identificado pela Polícia Civil do Distrito Federal em São José dos Pinhais (PR). O homem tem 42 anos, mora com uma mãe idosa e tem antecedentes criminais por porte ilegal de arma e lesão corporal. A polícia apreendeu o disco rígido do computador que originou as mensagens de ódio e apurou que o autor mantinha contato com um grupo de extrema direita no Paraná.
Aos policiais, ele afirmou que não concordava com o posicionamento ideológico da professora. Por isso, escreveu mensagens no site do Instituto de Bioética, Direitos Humanos e Gênero (Anis), presidido por ela. O conteúdo tinha ofensas à honra da professora, palavras de baixo calão e declarações como “pessoas como você têm que sangrar até morrer”. Ele não confessou o crime, mas as provas encontradas no computador são “incontestáveis”, afirma a PCDF.
Outro suspeito de ameaçar Débora Diniz não foi identificado. A Polícia Civil cumpriu outro mandados de busca e apreensão em Ceilândia na última quarta-feira. Os agentes procuravam pelo dono de um aparelho que teria originado ameaças, mas encontraram um jovem “muito simples”, que afirmou ter tido o celular roubado, segundo a chefe da Delegacia Especial de Atendimento à Mulher do DF (Deam), Sandra Melo.
Punição educativa
A PCDF enviou o caso concluído e relatado em um termo circunstanciado ao Ministério Público. A advogada da professora, Vitória Buzzi, comenta que ela poderá representar uma queixa-crime contra o autor ou, ainda, dar entrada em uma ação cível. “Principalmente por ele ter antecedentes, será educativo. Estamos confiantes para seguir em frente”, afirma.
Para a delegada, a conclusão da investigação é simbólica. “Em crimes cibernéticos de ofensa, discriminação e de ódio contra a mulher, temos tido 100% de aproveitamento. Temos que debater ideias no campo da argumentação, jamais atentando contra o direito do outro, tirando-lhe a paz e ameaçando sua integridade física”, finaliza.
Saiba mais
Os ataques à professora da UnB começaram após a ministra do STF, Rosa Weber, convidá-la para participar de audiências públicas sobre o aborto. Ela chegou a deixar a cidade após ser ameaçada de morte na internet.
Ao receber insultos e ser agredida num evento, ela registrou boletim de ocorrência na Deam e recorreu ao Ministério Público do DF e Territórios para integrar o Programa de Proteção aos Defensores de Direitos Humanos. O pedido está em avaliação pelo Ministério dos Direitos Humanos.