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Brasília

Guias de turismo e hotéis têm previsão desanimadora para Olimpíadas

Arquivo Geral

14/07/2016 6h47

Josemar Gonçalves

João Paulo Mariano
Especial para o Jornal de Brasília

Que Brasília é uma cidade linda, ninguém duvida. Mas, pelo visto, os turistas não estão interessados na capital. Com a Olimpíada chegando, os setores relacionados ao turismo daqui informam que não há o que comemorar: as reservas, tanto de hotéis quanto de serviços receptivos e de agências de viagem, estão baixas para agosto.

Brasília vai receber dez jogos durante os dias 4 a 13 do próximo mês, inclusive a estreia da seleção de futebol masculino. A estimativa do Governo de Brasília é que a capital receba 300 mil diárias nos dez dias. O gasto médio previsto por turista deve ser de R$ 520 por dia, incluindo hospedagem, alimentação e transporte. O GDF divulgou que o investimento será de R$ 32 milhões.

Poucas reservas

A presidente da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis (ABIH-DF), Adriana Pinto, diz que a estimativa é baixa: cerca de 30% de ocupação com essa antecedência. Ela pensa que deve aumentar um pouco até o início de agosto, mas nada animador. “Não tem como comparar com a Copa, não há tanto atrativo para a Olimpíada”, afirma.
Para ela, o governo precisa vender mais a cidade para que atraia mais turistas. “Fica difícil competir com o Rio. Não é um desafio fácil. Mas, nessa situação econômica do governo, é complicado esperar muito”, conclui.

O diretor-geral da rede Plaza de Hotéis, Helder Carneiro, diz que a Olimpíada não teve significância nas reservas dos 1,2 mil quartos da rede na cidade. A previsão é de que 42% sejam ocupados. Ele explica que, durante o mesmo mês no ano passado, a estimativa era a mesma.
“Brasília teve uma superoferta de hotéis para a Copa. Assim, há um excesso de hospedagens. A crise econômica reduz a vinda de turistas e até de executivos a Brasília. E, também, o brasileiro não tem clima de Olimpíada pela situação do Rio e da política nacional, haja vista que há pessoas que nem sabem quando o torneio inicia”.

Versão oficial

Segundo o Governo de Brasília, a expectativa é de que a movimentação financeira na capital federal seja de R$ 156 milhões, quase cinco vezes a mais que o investimento previsto: R$ 32 milhões.

A estimativa é que a capital receba 300 mil diárias nos 10 dias de jogos. Os R$ 32 milhões previstos para investimento correspondem ao orçamento de todos os órgãos envolvidos na Olimpíada em Brasília. Desse valor, R$ 13 milhões serão destinados a gastos com segurança e R$ 7,1 milhões com estrutura temporária (a mais barata do Brasil, de acordo com o governo).

Os demais recursos servirão para adequar as arenas esportivas e para ações de mobilidade, entre outras áreas ligadas ao evento. Para segurança — uma das maiores preocupações do Governo de Brasília em relação ao evento —, a verba aplicada visa garantir tranquilidade para quem vai acompanhar as partidas e para o cidadão do DF.

Realidade distante da Copa

Já a situação dos dois hotéis da rede Windsor em Brasília é diferente. De acordo com a gerente-geral do empreendimento, Helen Coelho, um dos hotéis foi reservado em parte pela organização do evento. Assim, muitos dos 340 leitos já têm previsão de ocupação. Ainda assim, ela afirma que, no início, a expectativa era positiva, mas amornou, pois os jogos não são um chamariz tão grande como ocorreu na Copa de 2014.
“Nossa rede é bem conceituada no Rio de Janeiro. Assim, a equipe da Rio 2016 buscou nossas instalações na capital”, explica Coelho, que, otimista, entende que o setor pode ser surpreendido com uma ocupação de última hora.
“Depois da Copa, surgiu muita oferta. Se antes eram X leitos, agora são 2X. A fatia fica pequena para todos”, conclui. Ela ainda diz que o hotel promove algumas ações específicas para tentar atrair mais clientes.

Sem movimento

Para os guias de turismo, a situação também está complicada. “Para nós, comparando um evento deste porte com outros, como as copas das Confederações e a do Mundo de 2014, está imperceptível o movimento”, afirma a presidente do Sindicato dos Guias de Turismo (Sindgtur-DF), Maria José Carvalho.
Ela lembra que, durante a última Copa, três meses antes de o evento começar, já havia treinamento por parte das empresas contratantes e datas para trabalho. Porém, até agora, não houve nenhum contato nem há expectativa para que eles apareçam.

“Parece que não vai ter Olimpíada para nós. Há uma mídia negativa para a cidade devido aos políticos. Quando se fala em Brasília, as pessoas pensam que é o local dos ociosos que ganham dinheiro”, completa a presidente sindical.

Além disso, Maria José expõe que a cidade está “feia” e que a estrutura de informações, a limpeza e até mesmo alguns pontos turísticos, como a Catedral Metropolitana e a Praça dos Três Poderes, estão mal cuidados.

Para ela, faltou demonstração, por parte do governo, de amor pela cidade, um planejamento para transformar Brasília em um destino turístico e preparar os centros de Atendimento ao Turista (CATs).

Serviço

Atualmente, há em funcionamento 4 centros de Atendimento ao Turista:
Aeroporto – das 8h às 18h todos os dias
Casa de Chá – das 8h às 18h todos os dias
Centro de Convenções – das 8h às 12h e 14h às 18h de segunda a sexta-feira
Torre Digital – Sábado, domingos e feriados das 9h às 17h

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