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Brasília

Grupo cobrava até R$ 15 mil para facilitar aquisição de casas pela Codhab

Arquivo Geral

23/06/2016 11h04

Douver Barros
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A Polícia Civil deflagrou, na manhã desta quinta-feira (23), a operação Lote Fácil, cujo objetivo é desarticular uma organização criminosa responsável por fraudar programas habitacionais no Distrito Federal. Os suspeitos atuavam em quatro associações que viabilizavam o primeiro lugar na fila da Companhia de Desenvolvimento Habitacional do Distrito Federal (Codhab) para a aquisição de casas e terrenos. O nome dos candidatos era inserido na lista mediante pagamento de valores que variavam entre R$ 2 mil e 15 mil.

Foram presos temporariamente os diretores de associações e cooperativas do DF, além de funcionários das entidades. A operação segue em andamento e, nesta primeira fase, deve cumprir 19 mandados de prisão preventiva, 14 de condução coercitiva e 25 de busca e apreensão. A própria Codhab auxiliou o trabalho da polícia, fornecendo documentos com suspeitas de fraude. As investigações ocorrem desde o último ano e também apura o envolvimento de bancos no esquema.

Segundo Jeferson Lisboa, delegado da Coordenação de Repressão a Crimes contra o Consumidor, Ordem Tributária e a Fraudes (Corf), o grupo também providenciava a falsificação de documentos que os beneficiários não tinham como conseguir. Servidores públicos também estavam envolvidos no crime e auxiliavam a inclusão dos nomes na lista. “Deve ser salientado que a função deles não tinha nada a ver com a distribuição de imóveis, mas mantinham contato com esses diretores de cooperativa e associações, inclusive providenciavam clientes quando possível”, diz.

Documentos, computadores e carros foram apreendidos. A quebra de sigilo bancário deve apontar a quantia movimentada pelos suspeitos durante o tempo de atuação. O dinheiro, segundo o delegado, não ia para a conta das associações, mas, sim, para a conta pessoal dos diretores e das pessoas que prospectavam clientes. A operação não identificou o envolvimento de políticos no grupo.

Candidatos são vítimas

Foto: Renato Oliveira

Foto: Renato Oliveira

“Em princípio, os candidatos são tratadas como vítimas. O governo fornece esses imóveis dentro de um critério, dentro de uma lista, a qual beneficia pessoas sem condições de custear uma moradia. Nada deve ser pago para essas cooperativas e associações, pois a chance de perder o dinheiro é muito grande”, alerta Jeferson.

Todos os suspeitos devem responder por organização criminosa. No entanto, como cada um possuía uma função, demais penas serão aplicadas conforme a atuação dentro grupo. “Alguns vão responder por estelionato e uso de documento falso. Aqueles que ficaram demonstrados que ocultavam ou dissimulavam o dinheiro também serão responsabilizados”, conclui o delegado.

Inscrição por entidade

As vítimas são pessoas cadastradas no programa Morar Bem, vinculado ao Programa Minha Casa, Minha Vida, do governo federal, por meio de cooperativas, associações ou sindicatos. Nesses casos, a entidade é quem fica responsável pela inscrição do candidato no programa.

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