O Governo do Distrito Federal (GDF), por meio da Secretaria de Segurança Pública, solicitou ao ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, informações e esclarecimentos em relação à situação do Primeiro Comando da Capital (PCC), uma das maiores facções criminosas do país. A pasta teme pela paz da população da capital federal após acontecimentos ligados ao grupo criminoso.
“Solicito a V.Exa. o envio urgente dessas informações/esclarecimentos sobre o que realmente está acontecendo e o exato grau de ameaça a que toda a população aqui residente está exposta em razão da permanência desses líderes do crime na capital federal”, afirma o documento, enviado a Moro na última terça-feira (21).
A fuga de membros do PCC que estavam presos no Paraguai e no Acre se junta ao fato de haver líderes do grupo encarcerados no complexo da Papuda, no DF. Também vale ressaltar que, segundo a Polícia Civil (PCDF), membros da facção haviam alugado uma casa em Taguatinga para começar a se firmar na capital federal. Tudo isso tem despertado inquietação das autoridades e do Poder local.
“Estamos próximos a um incidente que extrapola os muros da unidade prisional federal e tem a capacidade de expor a sério risco a vida, a tranquilidade e o patrimônio dos cidadãos que aqui residem.”
A Secretaria de Segurança Pública justifica a preocupação afirmando que a segurança pública nas ruas do DF é cediça (ultrapassada, estagnada). A pasta considera injustificável o “silêncio” dos órgãos federais.
O documento ainda deixa claro que não aprova a transferência/permanência dos líderes do PCC na capital federal. Pois, como cita o texto, Brasília recebe autoridades de todo o mundo diariamente, além de os Poderes da República serem aqui sediados.
Ao final do ofício Torres destacou: “ressalto novamente que o governo do Distrito Federal considera um erro estratégico grave a transferência/permanência desses líderes na cidade em que estão sediados todos os poderes da República, todas as representações diplomáticas e que recebe, diariamente, autoridades de várias partes do Brasil e do mundo”.
Fugas do PCC
Em dezembro, um plano de fuga para libertar Marcola do presídio federal foi descoberto, o que deflagrou uma megaoperação, em que o Exército cercou a unidade prisional. O plano para resgatar Marcola teria sido arquitetado por Gilberto Aparecido dos Santos, conhecido como Fuminho ou Magrelo, apontado como uma das principais lideranças do PCC. Fuminho é considerado o maior traficante do Brasil e apontado como “sócio” de Marcola nas operações no País. De acordo com informações de setores da inteligência, ele está na Bolívia, de onde controla a operação de envio da droga para a Europa.
Na madrugada de 19 de janeiro, 75 presos ligados ao PCC fugiram do presídio da cidade de Pedro Juan Caballero, que faz fronteira com o Brasil. Segundo a ministra da Justiça do Paraguai, Cecília Pérez, foi a maior fuga das prisões do Paraguai. Pérez disse que os presos depositaram areia e escombros em celas durante dias, e não poderiam ter feito isso sem que os guardas soubessem.
Marcola no Hospital de Base
Na manhã desta terça-feira (21), o líder do Primeiro Comando da Capital, Marcos Willians Herbas Camacho (Marcola), foi ao Hospital de Base para realizar exame de colonoscopia. O mandatário de uma das maiores facções criminosas do país foi cercado por um forte esquema de segurança.