A pandemia do novo coronavírus tem gerado alterações no sono, na alimentação e no humor de várias pessoas. Essas mudanças causam uma série de sintomas psicológicos, como sensações de angústia, ansiedade, insegurança e medo que nem sempre são indicativos de transtorno, mas precisam de atenção e cuidado. Com informações da Agência Brasília.
A partir dessa nova realidade, o Governo passou a investir em um modelo online de tratamento psicológico para os funcionários públicos do Distrito Federal. Além da psicoterapia e dos atendimentos tradicionais, também existe o plantão de acolhimento. A iniciativa funciona desde o dia 25 de março e já efetuou cerca de 1.273 atendimentos a distância.
A Subsecretaria de Segurança e Saúde no Trabalho, da Secretaria de Economia, gerencia os serviços prestados. A unidade tem entre suas responsabilidades atividades e programas de promoção à saúde de servidores efetivos – exceto policiais civis e militares, bombeiros e funcionários de empresas públicas. Os serviços de atenção à saúde mental, compostos por ações coordenadas e sistematizadas em formato de programas, são contínuos.
“No caso da psicoterapia, há data para começar, mas não para terminar. Já o plantão online é uma estratégia de prevenção ao adoecimento psíquico durante a pandemia, com sessões determinadas. O acolhimento aos servidores já existia anteriormente e vai continuar acontecendo”, afirma a psicóloga Jacqueline Ferraz da Costa, que atua na Gerência de Saúde Mental e Preventiva da Subsecretaria de Segurança e Saúde no Trabalho.
Transtornos de ansiedade
Especialistas da Gerência de Saúde Mental e Preventiva estimam que ocorra um aumento significativo dos casos de afastamento de funcionários públicos em decorrência de transtornos mentais e comportamentais. Em 2019, foram registrados 17.755 afastamentos de 9.127 servidores do GDF. Um terço foi classificado como transtornos ansiosos. O aumento desses casos é uma tendência internacional.
Ainda segundo a equipe da Gerência de Saúde Mental e Preventiva, já é notável o crescimento dos registros de transtorno obsessivo-compulsivo, principalmente relacionados aos comportamentos obsessivos de limpeza ou de higiene. “Em alguns casos, as mãos chegam a ficar feridas pelo excesso de uso do álcool em gel, da lavagem ou da limpeza do ambiente”, diz a Jacqueline.
Também aumentou o número de casos de fobia social. “Há muitas pessoas manifestando medo de sair de casa. Se precisam fazer isso, começam a ter taquicardia, náusea e dor de cabeça, sintomas clássicos da ansiedade”, relata. Outras demandas comuns têm sido a necessidade de conversar com alguém que não seja da família — em muitos casos, o servidor quer justamente saber como ajudar parentes ansiosos — e como lidar com o luto.
O acolhimento inicial pode minimizar a angústia em uma única sessão ou o profissional responsável pelo atendimento pode identificar a necessidade de acompanhamento por um período maior. Há servidores que diariamente recebem a ligação de um psicólogo ou psiquiatra.
Aliada aos atendimentos, uma das estratégias da Subsecretaria de Segurança e Saúde no Trabalho de prevenção para minimizar os fatores de risco para o adoecimento psíquico é a psicoeducação. A abordagem é utilizada em intervenções individuais ou em grupo e com a produção de materiais informativos sobre os cuidados com a saúde mental durante a pandemia.