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Brasília

Fórum Mundial da Água contrasta com a realidade de Brasília

Arquivo Geral

19/03/2018 7h00

Foto: Kleber Lima/Jornal de Brasília

Eric Zambon
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Arealização do 8º Fórum Mundial da Água no DF, no estacionamento do estádio Mané Garrincha, deixou o governador Rodrigo Rollemberg, presente na abertura, ontem, confiante para voltar a falar sobre a antecipação de obras de captação e o fim do racionamento, previsto para este ano. A experiência compartilhada no evento, porém, contrasta com a própria realidade da cidade, que convive com o rodízio há mais de um ano, e um consumo que ultrapassa a média recomendada.

Na visão do secretário do Meio Ambiente do DF, Igor Tokarski, que acompanhou o chefe do Executivo na visita aos estandes, a ocupação desordenada da cidade provocou aterramento de nascentes e assoreamento. “E ainda há questões climáticas. Tivemos a estiagem mais rigorosa da nossa história no último ano e isso também nos trouxe à crise”, crava.

Assim, ele espera que o conhecimento trazido pelos quase 8 mil congressistas confirmados no Fórum se transformem em ferramenta para sair da situação incômoda. “O momento é oportuno pois existe uma crise em vários países. O abastecimento humano e o manejo da água devem ser repensados constantemente. Brasília, por exemplo, cresce em mais de 60 mil habitantes ao ano e isso gera grande impacto”, contemporiza.

Alheio ao discurso pé no chão do secretário, Rollemberg esbanjou otimismo e garantiu que, depois do Fórum, Brasília seria reconhecida como “capital mundial das águas”. “Vamos construir isso como um novo conhecimento sobre recursos hídricos”, justificou.

Seu parceiro de caminhada pelos cerca de 36 mil metros quadrados da estrutura montada, o ministro do Meio Ambiente José Sarney Filho, foi além. Para ele, o Brasil, que tem um consumo médio diário por habitante de 154 litros por dia, 44 a mais do que o recomendado pela Organização Mundial da Saúde, tem o que ensinar. “Vamos colher aqui experiências de países que estão em dificuldades, que a superaram e apontam caminhos. O Brasil, com seu know- how, tem muito a oferecer”, acredita.

Conforme a organização do Fórum, 5 mil congressistas já haviam confirmado presença até ontem, com perspectiva de pelo menos mais 3 mil até sexta, quando há o encerramento. Serão 300 sessões divididas entre reuniões de cunho político, debates sobre sustentabilidade e painéis voltados ao público, dentre outros. A expectativa é de um público de 45 mil pessoas.

Promessa não resistiu ao histórico

A história revela que a falta de gestão e conscientização secaram a cidade. Nos anos 1970, a Companhia de Saneamento Ambiental (Caesb) afirmou que Brasília jamais ficaria sem água. Em 2015, quando o racionamento não era cogitado oficialmente, o consumo médio diário do cidadão brasiliense era 84 litros acima do recomendado (100 litros) pela Organização Mundial da Saúde (OMS).

Após três anos, com um 2017 marcado pelo rodízio de fornecimento do recurso, o DF conseguiu baixar o consumo per capita para 129 litros diários. Como a média recomendada atualizada da OMS é de 110 litros, isso mostra evolução do quadro, mas não o suficiente para a cidade se gabar.

Saiba mais

– Há cerca de oito meses, foi revelado que a fatura da conta de água do Estádio Mané Garrincha, referente a junho, teve um gasto excessivo de 94,2 milhões de litros.

– O boleto deixado foi de R$ 2,2 milhões a ser pago.

– O motivo alegado pela Caesb e pelo Governo de Brasília foi desatenção: uma ligação entre o encanamento e os reservatórios de chuva da arena foi deixada aberta de maneira indevida.

– Ninguém foi punido, até o momento, pelo deslize.

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