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Brasília

“Foi vingança pessoal”, diz Turbay

Defesa de Adriana Villela proto colou recurso contra a condenação da arquiteta, que segue livre

Marcus Eduardo Pereira

04/10/2019 6h09

Marcelo Turbay – advogado de defesa Adriana Villelafoto : Vitor Mendoncadata : 03-10-19

Olavo David Neto
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A defesa de Adriana Villela protocolou, na manhã de ontem (3), um recurso contra a decisão do Tribunal do Júri de Brasília que condenou a arquiteta a 67 anos e seis meses de prisão, a serem cumpridos inicialmente em regime fechado. A equipe capitaneada por Antônio Carlos de Almeida Castro, o Kakay, não quis se pronunciar sobre a apelação até que o documento esteja em pauta na segunda instância. Assistente da acusação, o criminalista Pedro Calmon desmereceu a ação.

Já o advogado Marcelo Turbay — membro da equipe de defesa de Adriana — disse ao Jornal de Brasília não ter dúvidas de que o Tribunal do Júri cometeu “a maior injustiça da história do judiciário no Distrito Federal”. Para o advogado, a condenada foi vítima de juízos de valor elaborados pelos jurados no momento da decisão.

“O Tribunal do Júri tem de ser repensado; o que houve com a Adriana foi uma vingança pessoal, um justiçamento”, declarou o defensor.

Ainda sobre a condenação, Turbay sustentou que os maiores prejudicados com a sentença são os familiares, que, segundo ele, têm de lidar com uma decisão injusta após o longo trauma do assassinato. “A família Villela está destroçada. Foram vítimas de uma assassinato cruel, se viram em meio a uma investigação atrapalhada, criminosa mesmo, e agora têm de lidar com a condenação de um familiar inocente”, disse.

De volta ao Leblon

O advogado também afirmou que a condenada tem todo o direito de voltar ao Rio de Janeiro, onde mora há seis anos, já que o endereço do apartamento da arquiteta no Leblon, Zona Sul da cidade, consta nos autos e é de conhecimento da justiça candanga. Sobre a pensão do casal Villela — estimada em R$ 70 milhões —, Turbay disse que o assunto foge da alçada dos advogados de Adriana, e por isso decidiu não se posicionar.

Para Pedro Calmon, advogado da família de Francisca — e que atuou no julgamento de Adriana como assistente da acusação —, Adriana realmente tem direito a voltar para a capital fluminense pelas normas vigentes no país, mas ele é contrário à possibilidade.

“Minha visão é que o condenado tem de permanecer no distrito de culpa”, comentou o acusador, acrescentando que tudo “deve ser feito com a ciência do juiz”. Sobre o recurso, ele considerou uma atitude “protocolar” da defesa.

Sem direito a pensão

Calmon também comentou ao JBr. que a herança do ex-ministro do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) José Guilherme Villela e da advogada Maria Villela, dividida entre os herdeiros em 2012, não deve mais beneficiar a condenada.

“O Código Civil não contempla o herdeiro que atentou contra a vida do doador. Quem tem direito é o Augusto e a Carolina, que não foram denunciados pelo Ministério Público”, sustentou.

Caso se constate movimentação do dinheiro ao longo dos sete anos, a acusação pedirá anulação das transações. O criminalista deve visitar a 1ª Vara de Órfãos e Sucessões de Brasília ainda hoje para analisar o patrimônio deixado pelo casal. A partir daí, o advogado estuda uma indenização à família que representa, já que Francisca foi assassinada como “queima de arquivo” no caso do triplo homicídio.

“Foi o crime mais grave, pois ela morreu por cumprir seu trabalho”, sustentou Calmon.

No dia seguinte à condenação em primeira instância pela morte dos pais, Adriana Villela divulgou um vídeo para amigos e familiares no qual agradece o apoio demonstrado ao longos dos dez anos que se seguiram ao crime — e, principalmente, nos dez dias de julgamento no Tribunal do Júri de Brasília. No vídeo, a arquiteta classifica como “injusta” a sentença proferida na quarta-feira, e afirma se manter com “serena coragem”, mesmo após a condenação.

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