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Brasília

Fim da Lei Seca Eleitoral aumenta lucro, mas é criticado em bares do DF

Arquivo Geral

08/10/2018 7h00

No grupo de amigas, algumas são contras e outras a favor da liberação do álcool em dia de eleição. Foto: Myke Sena/Jornal de Brasília.

Matheus Garzon e Rafaella Panceri
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Pela primeira vez na história, Brasília não teve a Lei Seca Eleitoral em vigor durante o domingo de votações. A decisão, tomada pela Secretaria de Estado da Segurança Pública (SSP-DF) após um pedido do Sindicato de Hóteis, Restaurantes, Bares e Similares de Brasília (Sindhobar), permitiu a venda de bebidas alcoólicas em estabelecimentos do Distrito Federal durante todo o dia. 

Até as últimas eleições, em 2014, o DF era uma das unidades da federação que proibiam o comércio desses produtos. Porém, o assunto integra apenas o Código Eleitoral. Por isso, fica a cargo de cada governo decidir se a restrição deve ou não ser aplicada.

Desde o meio-dia desse domingo (7), vários estabelecimentos abriram as portas com programação especial. Além da venda regular de drinks e petiscos, comerciantes disponibilizaram telões com a exibição da apuração dos votos para atrair os consumidores. Entre os clientes, maioria opinou que o álcool não atrapalha o ato de votar, mas houve quem defendesse o álcool zero.

Proprietário de um bar no Núcleo Bandeirante, Judivan Pereira não se arrependeu de abrir as portas neste domingo (7). Foto: Myke Sena/Jornal de Brasília.

Medida é ‘educativa’
Judivan Pereira, 56, é dono de um bar próximo a uma zona eleitoral no Núcleo Bandeirante e achou a medida excelente. “É muito boa, até mesmo para educar o povo. Restringir não resolve, porque a gente sempre via em outros lugares vendendo escondido”, argumenta. O bar, que funciona há 30 anos, sempre teve de fechar nos domingos de eleição. Na prática, foi um dia comum. “Falaram que eu era doido por abrir hoje porque ia dar bagunça. Foi um dia espetacular, teve problema”, avalia.

O vigilante Paulo Alexandre, 41, estava no bar e disse que liberar a venda de bebidas foi uma medida acertada. “A gente não esperava. Estamos aqui bebendo tranquilos e todo mundo é amigo. Estamos aqui desde as 11 horas e não vimos problema nenhum”, conta. Ele, no entanto, pensa que poderia acontecer algum incidente. “Às vezes o cara está bebendo desde de manhã e depois vai votar. Pode não conseguir se controlar.”

O grupo de amigos de Paulo Alexandre, 41, (esq.) enxerga a liberação dos drinks com tranquilidade e não observou confusões geradas pela ingestão de bebidas alcoólicas. Foto: Myke Sena/Jornal de Brasília.

Outro cliente do bar, o auxiliar de serviços gerais Paulo Roberto Pereira, 33, se diz contra a liberação da venda de bebidas, mesmo estando no local desde o fim da manhã. “Atrapalha e muito. Votei às 10 horas e, lá dentro, percebi que já havia algumas pessoas bêbadas”, denuncia.

Bom para a economia
Em Águas Claras, comerciantes comemoraram a liberação da venda de bebidas alcoólicas nesse domingo (7). Gerente de um bar, Leilson Alves compartilhou que a casa ficou cheia no almoço e que a expectativa era de fila de espera para o período noturno. “Na eleição passada, tivemos muito menos movimento”, lembra. O garçom Italo Moraes de Souza confirmou a melhora no movimento. “Foi muito bom no almoço e ninguém parou até agora. Há quatro anos foi muito diferente, bem mais fraco. Fechamos mais cedo”, recordou.

Em um bar de Águas Claras, comerciantes comemoraram o fim da Lei Seca Eleitoral, mas clientes criticaram a medida. Foto: Myke Sena/Jornal de Brasília.

Entre os clientes, maioria se posicionou a favor da venda de bebidas alcoólicas em dia de eleição. “Não atrapalha em nada. Votei pela manhã e vim tomar minha cerveja no fim da tarde. É bom para todos porque o comércio não para. Isso gera emprego e renda. É igual a Copa do Mundo”, defendeu o empresário Ricardo Soares, 40.

No grupo de amigas de Daniela Pinho, algumas são contras e outras a favor da liberação do álcool em dia de eleição. Foto: Myke Sena/Jornal de Brasília.

A estudante Daniela Pinho, 26, resolveu beber com as amigas no mesmo bar, por volta das 17h. “Não atrapalha de forma alguma. Como o álcool está liberado, optamos por votar cedo e vir depois”, compartilha. A amiga dela, Ana Carolina Pinho, 22, estudante, se posicionou contra a venda dos drinks neste domingo, apesar de estar no estabelecimento. “Muita gente passa dos limites e se esquece de votar, além de gerar brigas”, explicou.

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