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Brasília

Fiéis despedem-se de religioso

Governador foi à missa de corpo presente do padre Casemiro e se desculpou pela violência

Marcus Eduardo Pereira

24/09/2019 5h27

Missa corpo presente Padre Casemiro. Foto: Vítor Mendonça data : 23-09-2019

Vítor Mendonça
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Lágrimas, louvores, rezas e terços estiveram presentes no funeral ocorrido ao fim da tarde de ontem para o padre polonês Kazimierz Andrzej Wojno, 71 anos, vítima de latrocínio (roubo seguido de morte) no último sábado (21). O líder religioso, conhecido como Casemiro, foi homenageado por fiéis seguidores, padres e outros sacerdotes católicos que mantinham admiração pelo presbítero.

O regente do funeral foi o clérigo Cristiano Soares Sanches, vigário episcopal do Vicariato Norte. Ele discursou em tom de saudade, pela perda do colega religioso, e lembrou os fiéis a orarem por missionários que vêm ao Brasil para os trabalhos competentes ao ministério.

“Oremos por todos os missionários que, assim como o padre Casemiro, começaram o caminho da evangelização em Brasília”, recordou o sacerdote. O padre morto foi o precursor da construção da paróquia que administrava na quadra 702 da Asa Norte. A igreja Santuário Nossa Senhora da Saúde foi levantada pelas mãos do católico, segundo alguns fiéis.

Na manhã de ontem, mais de mil pessoas compareceram às duas missas de corpo presente na paróquia em questão. Ali, o padre Júlio César Gomes, da paróquia da Igreja Nossa Senhora do Rosário de Fátima, em Sobradinho, afirmou que o padre era como uma carta: “Por fora parecia ser rude, mas quando aberto, só havia ternura”. O missionário era conhecido por sua dedicação e seriedade nas questões eclesiásticas, mas também pela ajuda que fornecia aos necessitados.

Dedicação aos fiéis

Padre Casemiro havia ingressado no ministério sacerdotal há 46 anos e há 35 estava em Brasília. O homem de fé era conhecido por seus trabalhos exercidos com dedicação. De acordo com fiéis, foi o próprio padre quem projetou e trabalhou na construção da Paróquia Nossa Senhora da Saúde.

Ceoliles Caio, 71, uma das fiéis da igreja, declarou que o padre não admitia “corpo mole” e tudo precisava ser feito “com muita seriedade”. “Ele era um homem muito disposto a ajudar, mas sempre contava com o compromisso dos outros de mostrarem que queriam mudar. No início ajudou muitos nordestinos que vieram pra capital e os ensinou sobre obras e até alfabetizou”, conta.

Outra admiradora do trabalho feito pelo sacerdote é Juliana Moreschi, 25 anos, que há 15 conhece o trabalho de padre Casemiro. “Eu venho pelo menos quatro vezes por semana. Já conversei com ele diversas vezes e sempre foi muito atencioso”. Emocionada, coloca na porta da paróquia uma rosa branca. Ela seca as lágrimas, incessantes. “É muito difícil. Vai fazer muita falta”, desabafa.

Admirador das artes, padre Casemiro costumava fotografar os encontros entre os amigos de fé e congressos que participava. “Ao final ele sempre trazia a cópia das fotos gravadas em um CD. Apesar de ser polonês e imaginarmos uma pessoa ríspida, era amável, mas também rígido com suas obrigações”, afirmou o líder da Arquidiocese de Brasília, a Catedral, padre João Firmino.

Governador quer reforçar segurança

O governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB), declarou o pesar pela perda do sacerdote. “Que o padre Casemiro seja um exemplo na nossa cidade de dedicação, trabalho e amor aos fiéis. Para nós, fica o sentimento de tristeza.”

Ele acredita que a insegurança nas redondezas tem sido a principal pauta no momento. Em um evento de tecnologia na cidade, antes de se dirigir ao velório pela manhã, o governador pediu desculpas “por essa onda de violência” na capital.

Na paróquia, Ibaneis deu parecer sobre as medidas que tem tomado para reverter a situação. “Já conversei com o secretário de Segurança Pública e teremos de reforçar a segurança não só nas igrejas, mas em todas as áreas. Tivemos uma queda nos índices, mas isso não está refletindo na sensação de segurança da população”.

“Temos tido vários assaltos em sequência aqui nessa área da Asa Norte. Vamos reforçar colocando mais viaturas e aumentar o efetivo da Polícia Militar do Distrito Federal. Temos mais de 700 oficiais em treinamento.”

As investigações seguem em sigilo pela Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF). Até o momento, pelas informações prestadas e pelo tom dado pela corporação, não é descartada a hipótese de um crime premeditado. Segundo o delegado Laércio Rossetto, da 2ª Delegacia de Polícia, responsável pelo caso, “não há dúvidas de que eles conheciam o funcionamento da casa pela forma que agiram” .

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