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Brasília

Feiras tiveram movimento fraco

Na Ceasa, maior centro de hortifruti do DF , apenas 30% dos feirantes montaram suas bancas

Catarina Lima

06/04/2020 6h40

Se as feiras são a praia do brasiliense, como costuma dizer o governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha, no primeiro sábado depois do decreto do Executivo que permitiu a reabertura de 23 feiras livres, a maré estava bem baixa. Em meio a pandemia de coronavírus, o sábado, dia de maior movimento nas feiras, foi fraco. Na feira do Guará havia fila para entrar, distribuição de álcool em gel e uma equipe do Corpo de Bombeiros medindo a temperatura dos clientes. Na Ceasa, maior centro de distribuição de hortifruti do DF, apenas 30% dos feirantes montaram suas bancas.

“Um dos motivos foi que a primeira versão do decreto dizia que as feiras voltariam a funcionar a partir do dia 6. Como essa feira de varejo é uma feira que acontece pontualmente no sábado, alguns comerciantes não conseguiram se programar para estar operando aqui neste sábado, dia 4, já que o decreto teve uma revisão. Quem já tinha estoque, conseguiu fazer uma logística de estar aqui no dia 4” explicou o diretor técnico operacional da Ceasa de Brasília, Fernando Cabral.

Fernando espera que no dia 11, próximo sábado, 100% dos feirantes montem suas bancas. Ele também analisa que a redução de público se deve ao fato de a feira da Ceasa ser frequentada, em sua maioria, por pessoas do Plano Piloto e lagos Sul e Norte e público de embaixadas, com idade mais avançada, que correm risco de terem mais complicações caso contraíam o coronavírus. A comerciante Cristiane Andrade, dona de uma banca na Ceasa há 22 anos, foi uma das que conseguiu abrir sua banca. Apesar do pouco movimento, ela acredita que no próximo sábado será melhor.

Seis demissões

Leandro Araújo, proprietário da Casa de Doces e Queijos, um dos empórios mais conhecidos de Brasília, que funciona dentro da Ceasa, embora não tenha fechado as portas, já que vende alimentos, disse que seu movimento foi reduzido em 80%. Segundo ele, foi preciso fazer rodízio de funcionários, deu férias, mas mesmo assim não conseguiu evitar a demissão de seis colaboradores. “Brasília depende dos restaurantes, que estão fechados, da vida social, por isso o movimento aqui caiu muito”, explicou.

Feira do Guará

A administradora da feira do Guará, Luciane Quintana, disse que o movimento foi tranquilo, com duas filas, uma para entrar e outra para sair, evitando assim a aglomeração de pessoas nos dois únicos portões da feira que ficaram abertos.
A comerciante Maria Ueda, dona de uma peixaria com o mesmo nome, que está na feira do Guará desde sua inauguração quando o comércio ainda funcionava no Guará I, passou pela primeira vez pelo fechamento do centro comercial. Embora tenha comemorado a reabertura acha que o movimento ainda está fraco devido ao controle no portão de entrada. Ueda disse seus funcionários estão orientados e usando todo o material de segurança necessário.

Apesar do movimento fraco, os trabalhadores das feiras apoiaram as medidas tomadas pelo governador Ibaneis, de fechamento do comércio. “Essas medidas são importantes para não nos contaminarmos”, disse Maria Andrade, vendedora.

Entre os frequentadores, o senhor Fábio, apesar de fazer parte do grupo de maior risco caso contraia o coronavírus, pois tem mais de 60 anos, é favor da abertura de todo o comércio. Ele ariscou uma ida a feira do Guará para conferir o movimento e fazer algumas compras. “Devido à situação que estamos vivendo é importante que o comércio esteja aberto”, disse. Fábio é contrário às medidas de distanciamento social adotadas pelo governador do Distrito Federal. Ele, assim como o presidente da República, Jair Bolsonaro, defende o isolamento vertical. “Está todo mundo sendo penalizado, principalmente os informais”, disse. Fábio acredita que se fosse feito um trabalho bem organizado por parte do Ministério da Saúde, seria possível isolar apenas os idosos.

Outro feirante que estava comemorando a reabertura das feiras era Milton Paulo da Silva, que tem banca na feira do Guará há 20 anos. Mas embora estivesse feliz em voltar ao trabalho, Milton apoiou a medida da administração da feira de controlar a entrada de pessoas no centro comercial.

“O controle é importante para proteger nossa saúde”, disse. Welligton César, outro que comemorou a abertura da feira, disse o governador está certo nas medidas tomadas até agora, e que em sua banca não faltam álcool, máscaras e cuidado para não haver contato físico com clientes.

A banca do comerciante está na feira do Guará há 35 anos.

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