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Brasília

Família deve criar rotina e estar atenta às alterações de humor de crianças, diz pesquisadora

Acompanhamento dos pais nesse período se torna essencial para que as crianças estejam assistindo às aulas e concluído as atividades propostas pela escola

Agência UniCeub

23/06/2020 18h45

Maria Clara Andrade e Rayssa Loreen
Jornal de Brasília/Agência UniCEUB

Criar uma rotina que possa envolver tantos as atividades escolares como os momentos para espairecer. Essa é uma  necessidade para que as crianças possam acompanhar as aulas e se adaptarem após meses de quarentena, segundo a professora de psicologia de Mara Weber.

Ela entende que o acompanhamento dos pais nesse período se torna essencial para que as crianças estejam assistindo às aulas e concluído as atividades propostas pela escola.

“É preciso que as crianças tenham suporte da escola e da família, mas sabemos que muitas vezes isto pode ficar comprometido, uma vez que alguns pais estão com atividades de trabalho no modelo home office ou não tem o conhecimento para auxiliar seus filhos o que pode gerar algum tipo de estresse nas relações familiares”, explica a doutora.

Para a especialista, a escola deve levar em consideração esses obstáculos para que a quarentena não se torne cansativa para a criança.

Alterações de humor

Outra dificuldade enfrentada pelos alunos é a falta de contato com os colegas e professores, o que pode causar alterações de humor na criança, aumentando a ansiedade e irritabilidade por conta da privação causada pelo distanciamento social.

“A família deve, na medida do possível, desenvolver atividades lúdicas e físicas para os filhos bem como trazer interações virtuais de lazer com os colegas”, sugere Mara Weber.

Além das adaptações que devem ser feitas pelos pais, a psicóloga explica a importância de as instituições de ensino proporem cronogramas e roteiros de estudo para auxiliar os pais nesse período. A especialista sugere que sejam enviadas atividades apropriadas para as crianças resolverem de maneira autônoma.

“Se a escola enviar atividades complexas, que necessitem de auxílio constante dos pais (os quais também estão com suas atividades) seja na sua execução ou no uso da tecnologia para postagens poderá gerar um desgaste nesta relação entre família e escola”, alerta.

Para as professoras

Maria Aparecida Costa, 26 anos, é professora do “maternal “I há dois anos na rede particular. A educadora afirma que teve dificuldades em pensar em aulas adaptáveis para os alunos no início das atividades on-line.

“Minha maior dificuldade inicialmente foi montar as aulas em casa, pois o espaço e os materiais para montar a aula tem que ser bem pensado.”

Durante as aulas, a educadora tenta trazer atividades lúdicas e brincadeiras que possam desenvolver as habilidades das crianças e aprimorar a coordenação motora dos alunos. “Em sala de aula, temos tudo o que precisamos. Em casa é tudo mais limitado, já que o aluno precisa ter tudo em casa”.

A docente explica que os pais devem repetir as atividades mesmo após as aulas, para que as crianças continuem o seu desenvolvimento da melhor maneira. “É interessante incentivar a criança com musicalização, realizando brincadeiras e atividades assim como nas aulas”.

A professora ainda pensa nas dificuldades que podem existir após o isolamento, com a volta as aulas com restrições para evitar outros picos, já que para as crianças menores o contato com os professores e colegas é essencial para o seu desenvolvimento.

Já a professora da rede pública Francisca Queiroz, 52 anos, que da aula há 23 anos pela secretaria de Educação, lamenta que é difícil trazer o conteúdo para o espaço virtual. “A criança aprende por proximidade. Então, quanto mais próxima ela está daquilo que ela tem que aprender, vai ser mais fácil adquirir o conhecimento que ela deseja obter. Isso não fala só da relação professor e aluno, mas da relação aluno e aluno também, aprendendo juntos.”

Para a pedagoga, a preocupação maior é com aqueles que não tem acesso a internet ou não poderão ter o apoio constante dos pais. “Muitos pais trabalham o dia todo, saem às 5h da manhã e voltam tarde da noite. Muitas vezes não tem muito tempo de ter um contato maior com os filhos fora do período de folga, fora os que não tem acesso a um bom equipamento tecnológico”, explica.

A professora entende que é necessário estar atentos a traumas causados pela pandemia. “Infelizmente, vamos receber crianças e professores traumatizados por terem perdido algum familiar ou pessoas próximas, o medo infelizmente vai permear até que haja uma vacina. A secretaria deve sentar com especialistas e estudar possibilidades de como fugir dos futuros picos e cuidar dessas pessoas”, desabafa.

A psicóloga Mara Weber ressalta a importância de existir um canal aberto entre escola e família para que as dificuldades possam ser superadas e que possa haver um desenvolvimento saudável para os envolvidos. “Quando surgirem dificuldades, que alternativas sejam pensadas conjuntamente diante das possibilidades de cada situação, não havendo uma proposta pronta, cada família tem suas particularidades e que precisam ser consideradas neste momento de afastamento, lembrando que a situação é nova tanto para os alunos quanto para os professores.”

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