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Brasília

Faltam cateteres em hospitais do DF e Saúde culpa licitações fracassadas

Arquivo Geral

18/07/2018 19h54

Foto: Rayra Paiva Franco/Jornal de Brasília.

Rafaella Panceri
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Os bebês internados na UTI Pediátrica do Hospital Materno Infantil de Brasília (Hmib) podem morrer por falta de tratamento adequado. O Sindicato dos Empregados em Estabelecimentos de Serviços de Saúde (Sindsaúde-DF) diz que há um rombo no estoque de cateteres na farmácia interna da unidade. Cada item, utilizado para administrar medicamentos direto nas veias das crianças, custa cerca de R$ 400.

A Secretaria de Saúde se livra da responsabilidade — apesar de o insumo, requisitado com urgência, ser considerado essencial à sobrevivência dos recém-nascidos. Em nota, a pasta argumenta que a “indisponibilidade de cateteres neonatais e pediátricos deve-se a sucessivos processos licitatórios fracassados”.

Para a Saúde, a dificuldade é administrativa: “Há processos que podem fracassar por preço, desinteresse de um fornecedor, ou quando não aparece fornecedor interessado em vender determinado item”, explicou à reportagem.

Leia Mais: Sem cirurgia na rede pública, bebês lutam pela sobrevivência

O Sindsaúde considera a situação recorrente no DF. A atitude da Saúde é vista pela categoria como uma “omissão com a vida”. Em dezembro de 2017, o JBr. já chamava atenção para o problema — faltavam cateteres em toda a rede de saúde pública e a pasta admitiu o desabastecimento.

Os estoques estavam desfalcados desde novembro e não havia previsão de normalidade. Desta vez, a secretaria estabeleceu prazo: “O cateter Central de Inserção Periférica (neonatal) e o Central de Inserção Periférica (pediátrico) têm previsão de entrega para a próxima semana”.

médicos do HMIB dependem de cateteres fornecidos pela Secretaria de Saúde para tratar bebês prematuros internados na UTI. Foto: Rayra Paiva Franco/Jornal de Brasília.

Urgência
A direção do Hmib nega que haja bebês sem cateter na UTI atualmente. No entanto, servidores da própria unidade de terapia intensiva pedem o material em “caráter de urgência”. Os funcionários que assinam os documentos não quiseram ceder entrevista por medo de represálias.

Para tentar solucionar a situação, o sindicato da categoria apresentou o problema ao Ministério Público do Distrito Federal. Em nota, o órgão informou que a representação chegou “na semana passada e será analisada pela 2ª Promotoria de Justiça de Defesa da Saúde”.

A médica intensivista da UTI Pediátrica do Hmib, Cira Ferreira Antunes Costa, redigiu o memorando que motivou a denúncia do Sindsaúde ao MPDFT na última segunda-feira (16). No documento, consta que o cateter “é um item fundamental para a assistência dos pacientes criticamente enfermos, sem o qual não existe possibilidade de atendimento adequado, inclusive com risco de morte”.

Segundo o Sindsaúde, a diretoria do Hmib encaminhou um despacho ao Sistema de Acompanhamento Governamental (SAG) após receber o memorando. Nele, solicita a regularização da situação de desabastecimento “que vem comprometendo a segurança e a qualidade do atendimento aos usuários”.

Hospital Regional de Santa Maria reportou a falta de cateteres à Secretaria de Saúde em junho. Foto: Breno Esaki/Jornal de Brasília

Saiba mais
O Núcleo de Farmácia Hospitalar do Hospital de Santa Maria também reportou falta de cateteres à Saúde. Em um memorando escrito pelo chefe do núcleo, Diego Nunes Moraes, em 7 de junho, consta que o produto estava em falta no estoque da Farmácia Central e que, até a data, não havia processo de compra em andamento.

“Fizemos projeto de compra em Maio/2018, que teve trâmite cancelado devido a um processo de compra existente na época, compra esta insuficiente para a demanda global da Secretaria de Saúde”, confirma o texto, e indica que, por serem considerados itens de alto custo, os cateteres não podem ser comprados com recursos do hospital, para não comprometer outras demandas.

Memória
Em dezembro de 2017, o JBr. noticiou o caso de uma recém-nascida, internada no Hospital de Base, que precisava de um cateter de inserção periférica para sobreviver. À época, a família foi informada de que o item estava em falta em todo o DF. Após a publicação da matéria, porém, o item foi disponibilizado no Base e a garota sobreviveu.

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