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Brasília

“Eu tava no trabalho e vim parar aqui”, diz suspeito de matar ex no Sudoeste

Segundo Alan, ele não sabe que está sendo acusado de feminicídio e não sabe como foi parar no hospital

Redação Jornal de Brasília

24/12/2019 16h31

Por Vítor Mendonça e Paula Beatriz 

Alan Fabiano Pinto de Jesus, de 45 anos, foi preso acusado do crime de feminicído de Luciana de Melo Ferreira, de 49 anos. Em vídeo o acusado, que está no hospital, diz não lembrar como foi parar no hospital e que não estava sabendo que está sendo acusado.

Com o vigilante deitado sobre uma maca, o PM pergunta: “Você conhece a Luciana?”. Como resposta, ouve apenas “hum?”, seguido de silêncio. O policial continua: “A Luciana, sua ex-namorada, foi morta com uma facada no peito. O senhor está sendo acusado de homicídio. Está sabendo disso?”. “Não estou sabendo de nada não”, diz Alan.

O vigilante é novamente questionado: “O que aconteceu com o senhor, que está aqui no hospital?”. “Eu estava no trabalho, no serviço, e do serviço eu vim pra cá”, responde. “Mas o que aconteceu? Por que o senhor está com o olho roxo? Alguém te bateu? Foi acidente de moto, de carro?”, continua o policial. “Não lembro”, finaliza o vigilante.

Esse foi o 34º caso de feminicídio do Distrito Federal. O algoz de Luciana de Melo Ferreira, 49 anos, foi identificado como Alan Fabiano Pinto de Jesus, de 45 anos. A mulher foi brutalmente assassinada no último sábado, dentro do próprio apartamento, no Sudoeste, pelo ex-companheiro que não aceitava o fim do relacionamento.

O vigia foi preso na Emergência do Hospital onde deu entrada com vários hematomas e suspeita de traumatismo, aguardando atendimento médico para assim que ser liberado, ser preso.

Foram cerca de 30 facadas em Luciana, que foi encontrada morta na última segunda-feira (23) pelo namorado da filha Débora, quando o casal entrava no apartamento.

Segundo o relato da filha de Luciana para a polícia, neste sábado, ela teria ido ao shopping com a mãe e depois seguido para a casa do namorado, retornando apenas hoje por volta de 16h. Ao chegar em casa, não conseguiu abrir a porta e precisou de um chaveiro. Encontrou a mãe caída na sala com uma poça de sangue ao lado.

O homem que tinha em seu nome uma medida protetiva para manter-se afastado da vítima e sem contato via internet há pelo menos dois meses teria conseguido na Justiça uma autorização para retirar a tornozeleira eletrônica que usava e, há cerca de 10 dias, tentava contato com Luciana novamente.

De acordo com a delegada Cláudia Alcântara, da 3ª Delegacia de Polícia (Cruzeiro Velho), a servidora do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) teria saído pela manhã no dia do crime e encontrado no carro o seguinte bilhete do assassino: “Te amo. Fale comigo no ‘zap’”. No último dia 17, Alan havia enviado um buquê de flores para a vítima.

“Nós examinamos as imagens das câmeras de segurança e percebemos que ele tinha ficado de tocaia perto do apartamento”, afirmou a investigadora Cláudia. “Depois que ela chegou do shopping, ele — que tinha a senha de acesso para entrar no prédio — subiu e ficou esperando lá em cima para atacá-la”, continuou.

Tentativa

Após aproximadamente 30 minutos, as câmeras de segurança do prédio mostram Alan segurando a bolsa de Luciana. Dentro do acessório estava o celular da vítima, que poderá conter maiores informações sobre o relacionamento que os dois mantinham.

Em outubro deste ano, o autor do crime foi incriminado por tentativa de feminicídio: ao dirigir um carro em que Luciana estava, Alan o atirou contra uma árvore — mas ela saltou do veículo antes da colisão. Desde então, após processos criminais, ele usava tornozeleira eletrônica.

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