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Brasília

Estudo no DF mostra que juventude negra é maioria

A quantidade de jovens negros no DF é proporcionalmente maior que no Brasil

Larissa Galli Malatrasi

13/08/2020 6h16

A maioria dos jovens do Distrito Federal é negra. Uma pesquisa realizada pela Companhia de Planejamento do DF (Codeplan) sobre o perfil da população jovem dos moradores da capital divulgada ontem apontou que 61,8% das pessoas que têm entre 15 e 29 anos são negras.

De acordo com o estudo, a proporção de jovens negros no DF é superior à proporção de jovens negros em todo o Brasil (53,6%) e maior que a proporção da população negra como um todo (57,6%).

A pesquisa mostrou ainda que a proporção da população negra e não negra no DF varia conforme a renda média das Regiões Administrativas. As RAs de maior renda possuem a menor prevalência de população jovem negra (38,3%), ao passo que o maior percentual de jovens negros encontra-se nas RAs de baixa renda (70,9%). Quase 82% dos jovens negros estão na Fercal; 76,5% moram na SCIA-Estrutural; e 76,3% são residentes do Varjão. O Lago Sul, por sua vez, registrou um percentual de 29,3% de jovens negros; o Park Way, 31,2%; e o Lago Norte, 35,9%.

De acordo com a socióloga Olívia Assis, o resultado da pesquisa é uma representação histórica.

“A população jovem negra sempre esteve na periferia e a replicação desse contexto socioeconômico é preocupante. Nós continuamos deixando os negros à margem da sociedade. Esse histórico de exclusão é muito danoso”, explica.

A socióloga ainda destaca que o fluxo migratório para Brasília e o inchaço populacional podem explicar o índice. “Brasília sempre foi uma cidade que despertou a esperança e a expectativa dos jovens. Passamos a receber mais pessoas, com expectativa de melhor qualidade de vida, que nem sempre é encontrada, e acabam se estabelecendo nas periferias do DF. E os jovens negros são quem mais estão nessa busca porque os jovens brancos frequentemente estão melhor estabelecidos”, analisa Olívia.

Maioria na Ceilândia

Segundo o estudo da Codeplan, 717.377 jovens residem hoje no Distrito Federal, o que corresponde a 25% da população total. Em números absolutos, Ceilândia possui a maior quantidade de jovens (112 mil) e Fercal, a menor (2,4 mil). Em relação ao gênero, a população jovem se mostrou equilibrada: cerca de 49% dos jovens no DF são do sexo masculino e 51%, do sexo feminino.

Geograficamente, a pesquisa mostrou que os jovens estão localizados em maior proporção nas regiões consideradas de baixa renda. No Paranoá, 28,6% são jovens, no Recanto das Emas, 28,8%; no Varjão, 29,1%; na SCIA-Estrutural, 31,1%; e no Itapoã, 28,4%. No grupo das regiões consideradas de alta renda, a proporção de jovens é menor. No Sudoeste/Octogonal, 15,9% são jovens; no Lago Norte, 17,9%; no Plano Piloto, 19,1%; e no Lago Sul, 19,2%.

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O conjunto de jovens casados ou em união estável variou de 9,5% no grupo das RAs de maior renda a 14,9% no grupo das RAs de menor renda.

As menores proporções de jovens solteiros foram registradas na Fercal (76,8%) e SCIA-Estrutural (76,4%). Em contraste, no Lago Sul, 96,5% dos jovens estão solteiros e no Jardim Botânico, 93%.

Enquanto o percentual de jovens entre 15 e 25 anos casados no grupo das RAs de maior renda é de 10,2%, o mesmo índice chega a 38,1% no grupo das RAs de menor renda.

A pesquisa sugere atenção especial para a elaboração e aplicação de políticas públicas para a juventude nas RAs do grupo de baixa renda per capita.

“Em todas elas – Fercal, Paranoá, Recanto das Emas, Varjão, SCIA-Estrutural e Itapoã, os jovens chegam a mais de 28% da população. Nessas regiões de baixa renda, deve-se prestar especial atenção ao acesso dos jovens à escola e/ou a treinamentos em que possam desenvolver suas habilidades, a serviços de saúde e à segurança dos jovens”, concluem os autores.

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