Menu
Brasília

Estudantes indígenas se reúnem na Esplanada pela manutenção do Programa Bolsa Permanência

Arquivo Geral

15/05/2019 14h30

Povos indígenas se reúnem em ato contra cortes na educação. Foto: Ana Karolline Rodrigues/Jornal de Brasília.

Ana Karolline Rodrigues
[email protected]

Pelo menos 6 mil brasilienses estiveram presentes na Esplanada dos Ministérios, nesta quarta-feira (15), em uma manifestação contra os cortes de vebas da Educação anunciados pelo MEC. Em meio ao protesto, diferentes povos indígenas se reuniram pedindo pela manutenção do Programa Bolsa Permanência, política pública que concede auxílio financeiro a estudantes indígenas nas universidades. “Nós também nos sentimos afetados com esse corte. Então viemos para somar na manifestação”, disse a presidente da Associação dos Acadêmicos Indígenas da Universidade de Brasília (UnB), Jeniffer Tupinikim, 26 anos.

Para ela, o programa do governo viabiliza a permanência destes estudantes na universidade e, caso seja afetado pelo contingenciamento, povos indígenas podem perder espaço no ambiente acadêmico. “Nos já tínhamos a nossa pauta que antecede essa marcha de hoje, porque o governo não parece ter a intenção de ajudar na permanência do indígena nas universidades. Então já lutamos por isso”, disse.

Presidente da Associação dos Acadêmicos Indígenas da UnB, Jeniffer Tupinikim. Foto: Ana Karolline Rodrigues/Jornal de Brasília

A associação dos acadêmicos indígenas foi formada pela organização de estudantes na UnB em 2008 e, segundo a presidente Jeniffer, é um meio jurídico para que estes povos possam dialogar com com a universidade e com o governo. “Hoje, estamos aqui juntos para mostrar para esse governo o quanto a política de acesso é importante. Só assim podemos atingir essa pluralidade de povos dentro da universidade”, defendeu a também estudante de Saúde Coletiva da UnB.

Para o estudante de Ciência Política da UnB, Danilo Tupinikim, 19 anos, o movimento desta quarta-feira é uma oportunidade para promover visibilidade para a luta indígena. “Assim como os outros, nós também estamos aqui pela educação, mas lutamos pela nossa Bolsa Permanência, que é muito importante para a gente. Esse movimento é uma forma de mostrarmos que estamos presente na universidade sim”, afirmou. 

Parte do Povo Tupinambá do Pará, Raquel Tupinambá, 28 anos, é doutoranda em Antropologia na UnB. Além de oportunidade no ensino superior, ela manifesta também por maiores chances de indígenas em cursos de pós-graduação, mestrado e doutorado. “Estamos aqui para lutar pelos nossos direitos. A bolsa é muito importante, porque nós não temos recursos econômicos como outras famílias, nosso território na cidade é pobre financeiramente, porque na cidade tudo precisa ser comprado. Então estamos lutando para que ela continue e para termos mais espaço também após a graduação”, contou.

“Esse corte também é muito cruel para a nossa população. Para nós, é uma forma do governo nos retirar das universidades. Queremos mais vagas na pós-graduação, no mestrado, mais vagas no país como um todo”, completou.

Raquel Tupinambá, 28 anos. Foto: Ana Karolline Rodrigues/Jornal de Brasília

Bolsa Permanência

O Programa Bolsa Permanência é um recurso a estudantes quilombolas, indígenas e em situação de vulnerabilidade socioeconômica matriculados em instituições federais de ensino superior. O benefício é diretamente aos estudantes de graduação por meio de um cartão após o ingresso na universidade. Segundo o Ministério da Educação, o valor é de R$ 900,00 para estudantes indígenas e quilombolas e R$ 400,00 para os demais.

Povos indígenas se reúnem em ato contra cortes na educação. Foto: Ana Karolline Rodrigues/Jornal de Brasília

    Você também pode gostar

    Assine nossa newsletter e
    mantenha-se bem informado