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Brasília

Estelionatárias ligadas ao Comando Vermelho são presas em Ceilândia

Arquivo Geral

20/12/2018 15h10

Mulheres presas nesta quinta em Ceilândia. Foto: Divulgação.

Ana Karolline Rodrigues
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Seis mulheres foram presas em Ceilândia nesta quinta-feira (20) por estelionato e participação em organização criminosa. Segundo a Polícia Civil, três delas eram aliciadoras e as outras três, “laranjas”, que intermediavam golpes feitos por meio do site de compra e venda OLX. O grupo faz parte de uma grande organização ligada ao Comando Vermelho no estado do Mato Grosso, que vendia veículos que não lhes pertenciam. As vítimas nunca chegavam a receber os carros.

A quadrilha presa nesta quarta envolve 18 criminosos no total e, segundo as investigações, pratica golpes pelo menos desde junho deste ano. Além das mulheres presas no DF, 12 participantes do grupo foram presos no Mato Grosso: quatro detidos em Rondonópolis, seis em Cuiabá, um em Primavera do Leste e outro em Campo Verde. Destes, sete já estavam presos e agiam de dentro de presídios.

De acordo com o delegado-chefe da 15ª Delegacia de Polícia, em Ceilândia, André Luís da Costa Leite, o núcleo central da organização eram detentos de presídios localizados nessas cidades do Mato Grosso. Ao se passar por compradores de veículos, eles uniam fotos de documentos e informações do automóvel que pretendiam adquirir do verdadeiro proprietário. Depois, anunciavam o bem no site como se lhes pertencesse. “De dentro da cadeia eles usavam celulares para aplicar esses golpes. Adulteravam o DDD para passar a impressão de que estavam naquela cidade em que o golpe estava sendo aplicado, entravam no site e anunciavam carros com preços mais atrativos, mais baratos [que o preço de mercado]”, explica.

Segundo o delegado, por conseguir adequar o número do telefone ao local do anúncio que estava no site, a quadrilha podia atuar em todo o País. “Eles faziam duas vítimas: o vendedor e o comprador do carro. Obtinham de R$ 40 mil a R$ 50 mil por dia. O ritmo é frenético”, ressalta.

Dinheiro apreendido pela polícia. Foto: Divulgação.

Após uma sequência de registros de ocorrências feitos por vítimas na delegacia, a Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) passou a apurar o caso e descobriu que havia uma organização envolvida. De acordo com André Luís Leite, apenas em Ceilândia foram 12 vítimas. “Em alguns casos a gente teve vítimas que entregaram o carro e ficaram três dias esperando o dinheiro cair na conta. Depois dessas ocorrências fomos caminhando e chegamos até Mato Grosso” conta o delegado.

Em família

Dentre as mulheres presas, uma residia em Vicente Pires, e as outras cinco em Ceilândia. Algumas são da mesma família. Maria Cristina Silva dos Santos, 45 anos, por exemplo, atuava com ajuda da sobrinha Letícia Oliveira Silva, 20, fazendo transferências de dinheiro para outras contas correntes, que rapidamente era sacado. O delegado afirma que, pelo fato de a organização ter desenvolvido uma rede de contas bancárias e logo sacar o valor depositado, a PCDF precisou de quatro meses de apuração para chegar até as criminosas. “Identificamos contas com mais de dez depósitos. A gente sabia que o destino final seria Mato Grosso, tivemos ajuda da Polícia Civil de lá, mas depois que o dinheiro era sacado já era. É muito difícil rastrear”, afirma.

André Luís da Costa Leite, delegado-chefe da 15ª DP. Foto: Raianne Cordeiro/Jornal de Brasília.

Grande organização

O Comando Vermelho (CV) é uma das maiores organizações criminosas do Brasil. Os diversos grupos que participam da facção incluem vários criminosos que atuam dentro de presídios. Segundo Leite, a maioria dos detentos participantes do golpe está ligada ao CV. Ele conta que as mulheres presas em Ceilândia, porém, alegam não ter conhecimento da ligação dos crimes com o grupo. “Elas dizem que não sabiam o tamanho da organização em que estavam envolvidas, mas pela quantia que elas recebiam é difícil [não saber]”, afirmou.

A polícia ainda apura a localização dos valores depositados e dos bens que foram vendidos.  “Buscamos identificar o destino final desse dinheiro para tentar devolvê-los às vítimas”, disse. Além dos crimes de participação em organização criminosa e estelionato, a PCDF investiga se as mulheres praticavam lavagem de dinheiro.

De acordo com o delegado, ainda há outros participantes a serem identificados no Distrito Federal e as investigações ainda prosseguirão pelos próximos dias. Por conta dos crimes que até então são acusadas, as estelionatárias podem pegar mais de dez anos de prisão se condenadas.

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