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Brasília

Enem surpreende com tema de redação sobre cinema

Exame iniciado ontem atrai jovens e idosos no anseio de ingresso em universidades públicas

Lindauro Gomes

04/11/2019 6h26

Enem 2019 Foto: Vitor Mendonca/Jornal de Brasilia Data: 03-11-2019

Vítor Mendonça
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No primeiro dia do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) cerca de 3,9 milhões de candidatos em todo o país realizaram a prova, distribuídos em 10.133 locais e 1.727 municípios. Abstiveram-se 1,2 milhão de inscritos.

Nesta primeira fase, os temas são voltados aos estudos de humanidades, nas matérias de linguagens, ciências humanas e redação, que nesta edição surpreendeu os candidatos com o tema sobre a “Democratização do acesso ao cinema no Brasil”. No próximo domingo (10), será a vez das ciências da natureza e matemática.

Algecira Amaral, aposentada de 73 anos, é uma das candidatas e decidiu fazer a prova por três principais motivos: “Primeiro porque eu gosto de estudar, segundo porque gosto enfrentar novos desafios e terceiro porque eu nunca tinha feito o Enem na minha vida. Já fiz diversas faculdades, mas eu quis fazer a prova”, apontou. Depois de completar a graduação em jornalismo, em 1974, e se especializar em pelo menos mais três cursos, ela declara ter disposição para a graduação em Engenharia Florestal, pela familiaridade com temáticas agrícolas.

Ao analisar o exame, apesar de estreante, Algecira considerou que se saiu bem. “Como sempre gostei de estudar, interpretar os textos não foi difícil. Na redação, defendi a deselitização do cinema, porque hoje não são todos que podem arcar com os preços. O que falta é uma cultura para incentivar as pessoas a participarem das artes, além de reconhecer e valorizar o folclore. Precisamos de políticas públicas”, concluiu.

O tema escolhido este ano para a redação foi imprevisível para muitos candidatos . Este foi o caso da estudante Camila Amorim (foto), de 17 anos, que está cursando o terceiro ano do Ensino Médio e fez a prova pela primeira vez na tarde de ontem.

“Foi bem inesperado. Fiquei meio confusa com o tema, mas consegui desenvolver bem. Achei que ia ser sobre mulheres, negros, etc.”, comentou.

“A prova foi cansativa, mas foi bem feita, apesar das questões serem mais abrangentes, sem as demandas das minorias do país; talvez por conta do governo”.

Para defender o tema, ela afirma ter sido incisiva quanto às tensões entre a presidência brasileira e a Agência Nacional do Cinema (Ancine). “Os filmes brasileiros não são valorizados, então, se o Bolsonaro decidir mesmo acabar com a Ancine, como a gente vai produzir filmes com liberdades de expressão e com a possibilidade das pessoas consumirem os filmes que quiserem?”, questionou.

Cássio de Camargos tem 18 anos e também realizou a prova pela primeira vez este ano. Portando apenas uma caneta e uma garrafa d’água, ele chegou no local de prova por volta de 12h10 para não atrasar. Ele terminou o Ensino Médio em 2018 e agora se dedicou aos estudos em um cursinho da capital.

Para o jovem, o exame aplicado pelo Enem não é capaz de medir apenas o conhecimento dos estudantes que o realizam, mas também a habilidade de lidar com o tempo. “Eu diria que é mais uma prova de pressão do que exatamente de conhecimento. É muito conteúdo sim, mas se você estudar, consegue ir bem. O que pode atrapalhar é essa pressão desnecessária que muitas pessoas colocam na prova”, afirmou. “Eu estava bem relaxado, mas tenho certeza que a pressão atrapalhou muita gente.”

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