O panelaço contra o presidente Jair Bolsonaro marcado para as 20h30 desta quarta-feira, dia 18, começou antes da hora e teve adesão no Plano Piloto de Brasília e cidades satélites do Distrito Federal. Com panelas e buzinas, moradores da capital federal pediram a renúncia do presidente da República aos gritos de “fora, Bolsonaro” e “fora, Bozo”.
Antes mesmo do horário agendado, houve registro de panelaço em Águas Claras (DF), durante o pronunciamento que o presidente fez com medidas econômicas por causa pandemia do novo coronavírus no Palácio do Planalto, transmitido por emissoras na TV paga.
Logo depois, às 20h, o panelaço se estendeu pela Asa Norte, em quadras como a 212, 402, 309 e 303, todas quadras de área residencial de Brasília, onde durou mais de 10 minutos, além dos bairros do Sudoeste e Noroeste, de ocupação mais recente.
Das janelas e varandas, vieram também gritos ofensivos ao presidente e xingamentos,
Os panelaços viraram uma marca de apoiadores do impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff (PT). Agora foram retomados contra Bolsonaro, impulsionados por opositores nas redes sociais.
Mais cedo, Bolsonaro chegou a dizer que os panelaços pelo País eram uma manifestação democrática e disse que também haverá um panelaço em apoio a ele.
Panelaço no Rio e em São Paulo
Pelo segundo dia consecutivo, o presidente foi alvo de panelaços. Além do DF, foram registradas manifestações em São Paulo e no Rio de Janeiro.
No Rio, o panelaço e os gritos de protesto começaram parte na tarde desta quarta-feira durante a entrevista coletiva, em Brasília, do presidente Bolsonaro e de alguns ministros sobre a pandemia da covid-19. Enquanto as declarações eram transmitidas pela televisão, houve manifestações pelo menos nos bairros da Lagoa, Leme, Laranjeiras, Cosme Velho e Flamengo. “Fora Bolsonaro” e “canalha” foram algumas das palavras gritadas pelos manifestantes, das janelas dos prédios.
Os protestos na cidade foram retomados depois, quando Bolsonaro voltou a se pronunciar, à noite. Houve panelaços em Flamengo, Botafogo, Laranjeiras, Copacabana, Ipanema, e Glória, na zona sul, e no Grajaú, na zona norte da capital. Em Niterói, do outro lado da Baía de Guanabara, também foi possível ouvir o bater de panelas. Em todos, houve gritos de “Fora” dirigidos ao presidente.
Em entrevista coletiva nesta quarta-feira, 18, Bolsonaro afirmou que encara qualquer movimento por parte da população como uma expressão da democracia. “Qualquer manifestação popular nas ruas ou dentro de casa, como o panelaço, nós, políticos, devemos entender como a pura manifestação da democracia.”
Em seguida, o presidente citou que seus apoiadores organizaram um panelaço a favor do governo para 30 minutos depois da oposição, mas que veículos da imprensa não falaram sobre o ato. “A TV Globo divulgou esse movimento do panelaço, bem como a Veja Online. Mas não vi esses órgãos da imprensa falando que corre nas mídias sociais um panelaço às 21h favorável ao governo Jair Bolsonaro”, disse. No Twitter, ele ainda reforçou a mensagem.
A noite da última terça-feira, 17, também contou com panelaço contra o presidente em ao menos doze bairros da capital paulista: Bela Vista, Barra Funda, Campos Elíseos, Consolação, Higienópolis, Jardins, Perdizes, Pinheiros, Pompeia, Praça Roosevelt, Santa Cecília, Vila Madalena e Vila Romana. Também houve registros no Rio de Janeiro e em Brasília.
Estadão Conteúdo