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Brasília

Em barracos ou megafestas no Lago, brasilienses comemoram vitória do Brasil

Arquivo Geral

27/06/2018 20h21

Foto: Myke Sena/Jornal de Brasília

Rafaella Panceri
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Pipoca, caldo de carne, uma televisão de 40 polegadas e famílias reunidas. Em um barraco da Cidade Estrutural, quem venceu a partida entre Brasil e Sérvia foi a simplicidade. Ali, 15 moradores se reuniram ontem para torcer pela Seleção Brasileira.

O catador de recicláveis Paulo Bonifácio, 26, recebe os vizinhos em todos os jogos do Brasil na Copa do Mundo. A transmissão começou com ele, a mulher, dois filhos e a sogra. Ao longo da partida, os amigos foram chegando. “Ele tem a televisão maior”, brinca o comerciário Luís Oliveira, 45. Dono do barraco, Paulo Bonifácio diz que o local virou ponto de encontro. “Pena que não deu para comemorar tanto. A maioria trabalha amanhã”, expõe.

Convidado, o pedreiro Jeofran Oliveira, 26, relembra o último jogo entre Brasil e Costa Rica, em que a Seleção fez dois gols e levou a vitória. “Tinha quase 30 pessoas aqui. No meio da semana é complicado. Tem gente presa no trabalho”, diz.

Moradores da Cidade Estrutural assistem à partida entre Brasil e Sérvia nesta quarta-feira (27). Kléber Lima/Jornal de Brasília

Para a doméstica Elizabeth Alves, 59, o importante é reunir a família durante os jogos, seja qual for o horário. “Aproveitar todo mundo aqui, de folga”, destaca. Enquanto assistia à partida com a neta no colo, ela compartilhou do mesmo sentimento da filha, a auxiliar de cozinha Bruna Katielly, 24. “Nunca acompanho futebol. Mas quando é o Brasil, fico nervosa”, conta.

Bruna complementa: “Eu fico muito brava quando não tem gol”. O restaurante onde ela trabalha fechou as portas ontem. Em casa, a cozinha ficou movimentada. Ela fez pipoca para o grupo e uma vizinha levou caldo de carne para compor o lanche. Os homens fizeram vaquinha para comprar refrigerante. A maioria estava vestida com a camiseta da Seleção Brasileira, adquirida por R$ 30, em média, na Feira dos Goianos (Ceilândia).

Moradores da Cidade Estrutural, três primos jogam bola durante o intervalo do jogo entre Brasil e Sérvia. Foto: Kléber Lima/Jornal de Brasília

Sonho de consumo
Bruna Katielly conta que os filhos pediram a camiseta oficial, mas não ganharam. “Achei caro até na feira. As mais bonitas saem por R$ 45. Vou fazer um sacrifício para comprar para os dois, mas também queria”, conta. A avó, Elizabeth Alves, diz que os pequenos encaram a Copa com naturalidade. “Não ficam pedindo bola, chuteira e camisa. Eles já têm as deles e sabem que não temos condições de comprar coisas melhores”, afirma.

As crianças aproveitaram para jogar futebol durante o intervalo. A resposta para a pergunta “o que você quer ser quando crescer” foi unânime entre Marcos Henrique, 10, Pablo Felipe, 13 e Paulo da Silva Tauan, 6: “jogador de futebol”.

Familiares e vizinhos do catador de recicláveis Paulo Bonifácio, 26, comemoram vitória da seleção brasileira. Foto: Kléber Lima/Jornal de Brasília

Os meninos se inspiram no atacante da seleção, Neymar Júnior, e acreditam que o Brasil conquistará o título de hexacampeão. Os adultos, por outro lado, estavam mais pessimistas. “O clima da Copa é bom, mas sinto falta de jogadores que partem pra cima. Tipo o Ronaldo fenômeno”, opina Luís Oliveira.

Para Cleberson Oliveira, o lateral- esquerdo Marcelo é o favorito. “Ele tem mais raça e arranque”, opina. “O brasileiro dá muita importância ao futebol, mesmo com tanto problema no País. Eu também, mas acredito no hexa”, compartilha.

Torcida durante o jogo Brasil x Sérvia no evento Torcida Villa Mix. Foto: Myke Sena/Jornal de Brasília

Do telão à telinha do quiosque
No Plano Piloto, um dos pontos de concentração da torcida foi o evento Torcida Villa Mix, no Setor de Clubes Sul. Mesmo depois de quebrar a perna um dia antes do jogo, a estudante Lara Damasceno, 22, não perdeu a oportunidade.

“Eu não queria estragar o passeio dos meus amigos, e, se eu não viesse, ninguém viria”, diz. Para ela, a eliminação da Alemanha não foi tão boa assim: “Eu queria mesmo que ela fosse para a final com o Brasil. Isso sim seria uma revanche”.

Lara Damasceno foi festejar com os amigos mesmo com a perna quebrada. Foto: Myke Sena/Jornal de Brasília.

Já o fisioterapeuta Vander Oliveira, 31, vibrou com a eliminação dos alemães. “Esse hexa é nosso!”, confia. Vander assistiu ao jogo do Brasil em um quiosque no estacionamento do Mané Garrincha. “Era o lugar mais perto e mais fácil para eu não perder o jogo”, justifica.

Colaborou Tainá Morais

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