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Brasília

Driblar a ansiedade é desafio atual

O confinamento por conta do coronavírus pode provocar danos psicológicos como depressão e síndrome do pânico

Lucas Neiva

24/03/2020 6h01

Diversas dificuldades surgem com o estabelecimento da quarentena. Nasce a necessidade de reestruturar a rotina de trabalho, se acostumar com o afastamento das atividades sociais, procurar maneiras de cuidar da saúde sem sair de casa. E sem os devidos cuidados, o confinamento pode provocar danos psicológicos. A psicóloga da saúde Adriana Flores explica os efeitos que podem ser observados durante esse período, e como é possível evitar danos.

A curto prazo, Adriana explica que o medo e a ansiedade são os sentimentos mais frequentes na quarentena, principalmente pelo medo do contágio. “É um período de muita ansiedade, principalmente porque o tempo inteiro ouvimos falar de sintomas muito conhecidos, e com uma tendência a nos identificarmos. É um período também marcado pela frustração da interrupção de planos e com a mudança repentina de rotina”, explica.

A médio prazo, os efeitos da quarentena ficam mais preocupantes. “As perdas reais acontecem, e permanece a dificuldade em estabelecer uma nova rotina. É quando se começa a ver os sentimentos associados a um padrão de depressão. (…) A longo prazo, já se começa a perceber casos moderados e graves de depressão. As pessoas ficam mais irritadas, o nível de tolerância vai baixando e surgem dificuldades até de assimilar novas informações de forma lógica”, explica.

Após a quarentena, é comum que o medo permaneça. “Alguns estudos realizados com outras patologias que exigem o isolamento mostram que, quando a quarentena termina, nos primeiros meses as pessoas tendem a continuar emitindo padrões de comportamento que eram exigidos durante o confinamento”. Comportamentos compulsivos, principalmente com a higiene, são comuns em pessoas que saíram recentemente da quarentena. Mas Adriana explica que esse efeito é temporário. “Depois de seis, sete meses, as pessoas entendem que podem voltar a um padrão de normalidade”.

Precauções

O primeiro cuidado é evitar a sobrecarga de informação. “Uma pessoa que cede ao impulso de procurar por informação o tempo todo tem uma grande probabilidade de sofrer por antecedência. O que eu oriento é buscar um horário fixo do dia para se atualizar, e sempre com fontes seguras de informação”, pondera.

Mas, se mesmo isso não for sufi ciente, o certo é reconhecer e assumir o medo, e procurar por ajuda psicológica o quanto antes. “O Conselho de Psicologia já permite o atendimento à distância, e muitos profissionais já oferecem serviço gratuito nesse sentido. Busque falar sobre isso, procure ajuda”, indica.

Ajuda gratuita

Para ajudar na prevenção aos transtornos associados à quarentena, o Serviço Social do Comércio do Distrito Federal (Sesc-DF) anunciou ontem que estará oferecendo ajuda psicológica online gratuita à população. Os atendimentos são realizados em grupos virtuais de até 15 pessoas, de todas as idades. As inscrições são feitas por e-mail, enviando o nome completo e o horário de preferência para o endereço [email protected]. Os atendimentos podem ser as 8h às 12h e das 14h às 20h.
Aplicativos

As lojas de aplicativos da Apple e Google também oferecem opções gratuitas de terapia e meditação guiada. Aplicativos como “Queria Ansiedade”, “Headspace”, “Cíngulo”, “Calm”, “Rootd”, “Inside Timer” entre outros podem servir como suporte auxiliar para enfrentar crises de pânico ou ansiedade nesse período.

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