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“Dói muito, dói bastante. Está sendo muito difícil”, diz ex-babá do menino Bernardo

A cerca de 200 metros da capela 10 do cemitério da Boa Esperança, um túmulo de mármore branco é o repouso de Neusa Maria, avó que Bernardo sequer conheceu

Redação Jornal de Brasília

10/12/2019 20h49

Foto: Vítor Mendonça/ Jornal de Brasília

Por Olavo David Neto e Vitor Mendonça 

Foi velado na tarde de hoje, por volta das 17h10 o corpo do menino Bernardo da Silva Marques Osório, morto pelo próprio pai na sexta-feira do dia 29 de novembro por intoxicação de sonífero de uso adulto. A capela 10 do cemitério Campo da Esperança, na Asa Sul, recebeu cerca de Brasília 100 pessoas no serviço fúnebre de Bernardo.

Sem a presença de familiares do pai e algoz do menino, Paulo Roberto de Caldas Osório, 45, parentes e amigos preservaram a imagem da mãe, Tatiana da Silva Marques, 30, que se manteve dentro da capela, a todo momento recebendo palavras de consolo e abraços complacentes com a dor. Orações cristãs foram repetidas à exaustão, em ciclos. Logo após o “amém”, novamente se iniciava a reza.

Foto: Vítor Mendonça/ Jornal de Brasília

“Ele é um monstro. Eu quero justiça”, disse Rita Luziete, 67 anos, ex-babá do menino. A também diarista cuidou de “Bernardinho” – forma como se dirigia à criança – desde os 4 até os 11 meses de vida. Mesmo após a matrícula na creche, a senhora mantinha contato com o bebê quando o pai ou a mãe o levavam para os cuidados da moradora da Vila Telebrasília.

“Ele aprendeu a andar e a falar na minha casa. Passava muito tempo com ele, desde a manhã até umas 17h. Era muito querido”, afirmou. Com relação a Paulo Roberto, a possibilidade de haver qualquer agressão por parte do pai era inimaginável.

“Nunca me passou pela cabeça que ele ia fazer isso. Ele ia na minha casa buscar o filho dele. Era muito carinhoso. A gente não pensava que era esse homem”, relatou, ainda não acreditando no que aconteceu.

Ao assistir um trecho de uma gravação feita em casa com o menino, não contém as lágrimas. A lembrança de estar com Bernardo perfura o silêncio do choro. “Dói muito, dói bastante. Está sendo muito difícil”, diz. “Ele era lindo, maravilhoso o ‘meu’ bebê. Até agora não caiu a ficha. Aquela casa vai ficar pequena, ‘meu’ anjinho agora precisa descansar”, finalizou.

Último adeus

O cortejo deixou a capela por volta das 16h50. Abalada, Tatiana seguiu o trajeto abraçada à um buquê de rosas brancas. Enquanto a família revezava o transporte do caixão de Bernardo, era acompanhado de uma foto em que o garoto sorria abertamente para a câmera. A passos lentos, a procissão chegou ao local de sepultamento. Pouco depois do horário em que o menino era pego na casa de Rita e na creche em que estudava, às 17h10, ocorreu o sepultamento.

A cerimônia fúnebre de Bernardo foi marcada por um silêncio profundo. Duas músicas irromperam do luto. As canções “Gostava Tanto de Você”, de Tim Maia e, logo depois, “Como É Grande O Meu Amor Por Você”, de Roberto Carlos, foram entoadas aos prantos.

Desconhecidos, mas muito em comum

Foto: Olavo David Neto/ Jornal Brasília 

A cerca de 200 metros da capela 10 do cemitério da Boa Esperança, um túmulo de mármore branco é o repouso de Neusa Maria, avó que Bernardo sequer conheceu. Mãe de Paulo Roberto, Neusa foi assassinada pelo próprio filho em 1992.  A genitora foi a primeira vítima do homem, que cumpriu pena na ala psiquiátrica do Complexo Penitenciário da Papuda.

Ao Jornal de Brasília, uma fonte, que não quis se identificar, chegou a conviver com Paulo desde 2002, ano em que deixou o cárcere. Ela confirmou a existência de um laudo psicológico que o aponta como psicopata, obtido ainda em 1992, ano do assassinato de Neusa. Agora, as duas vítimas de Paulo serão vizinhas para a eternidade.

Foto: Olavo David Neto/ Jornal Brasília 

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