Raphaella Sconetto
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Mulheres vítimas da violência doméstica terão mais um local para buscar ajuda. Foi inaugurado nesta segunda-feira (30) o Espaço da Mulher, nas dependências da Administração de Taguatinga. Lá, elas poderão agendar atendimento psicológico e jurídico, a partir de quarta-feira (02). O espaço foi criado em parceria com o Núcleo Pró-Vítima, da Secretaria de Justiça.
Em 2017, três mulheres foram vítimas de tentativas de feminicídios em Taguatinga. Foram cerca de 1.179 agressões contra a mulher, com base na Lei Maria da Penha. Em relação aos estupros, a região administrativa registrou 58 casos. Nos dois últimos crimes, Taguatinga ficou em quarto lugar no ranking com todas as regiões administrativas.
De acordo com a coordenadora do Núcleo Judiciário da Mulher, do Tribunal de Justiça do DF e dos Territórios (TJDFT), Luciana Lopes Rocha, o Espaço da Mulher era requisitado pelo judiciário. Só no ano passado, mais de mil mulheres entraram com medidas protetivas em Taguatinga. “Taguatinga é uma das circunscrições que tem o maior índice de violência doméstica e familiar do Distrito Federal”, afirma.
Antes, o judiciário encaminhava as mulheres e elas eram atendidas em outras regiões administrativas. “A rede de proteção de Taguatinga precisava de um fortalecimento, por isso, esse espaço era tão desejado. Houve pedido específico do judiciário para atendimento psicossocial e jurídico. Agora, mulheres vítimas de violência e encaminhadas pelo judiciário podem ser atendidas aqui”, completa Luciana.
Presente no Guará, em Ceilândia, no Paranoá e na Asa Sul, o secretária de Justiça e Cidadania, Francisco de assis, garantiu que em breve um outro Espaço da Mulher será aberto. “Em parceria com o Judiciário, abriremos em Planaltina, no fórum da região”.
Atendimentos Diversos
As vítimas serão atendidas individualmente. O primeiro passo é o acolhimento e, em seguida, vêm os atendimentos psicológico e jurídico. Crianças que as acompanharem também vão ser recebidas, em uma ludoteca, a ser inaugurada ainda. A multidisciplinaridade é outro ponto destacado pela coordenadora do Núcleo Judiciário da Mulher.
“Quando se trata de violência doméstica é necessária toda uma articulação de políticas públicas para que a gente consiga enfrentar. O Judiciário sozinho não consegue, por isso mesmo a Lei Maria da Penha, em seu artigo oitavo, diz sobre essa integração operacional: saúde, segurança, educação, Ministério Público, Defensoria Pública, e outros órgãos governamentais e não-governamentais”, aponta.
Segundo a administradora de Taguatinga, Karolyne Guimarães, o jurídico prestará apoio com as demandas que ocorrem paralelamente à violência contra a mulher. “ como a guarda do filho, pensão alimentícia, divórcio, reconhecimento de união estável, regulamentação de visitas”, explica.
Além disso, ela alega que foi feita uma parceria com o Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas). “Eles oferecerão palestras, oficinas e cursos, para as mulheres se redescobrirem, ativarem seus talentos e se empoderarem por intermédio do empreendedorismo”, conta a administradora regional. A Polícia Civil também esteve presente no lançamento. Lá, firmaram uma parceria para o registro de boletins de ocorrência.
Uma equipe fixa ficará nas dependências da Administração de Taguatinga, de segunda a sexta-feira, de 8h às 12h, e de 14h às 18h. A mulher pode comparecer espontaneamente ou por meio de encaminhamentos.