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Brasília

DF fornecerá mapeamento genético para detectar câncer

Nova lei determina que mulheres com risco elevado da doença devem ter exame assegurado

Lucas Neiva

30/11/2020 5h52

Proposta pelo deputado distrital Rafael Prudente (MDB) e sancionada pelo governador Ibaneis Rocha, a lei nº 6733 busca assegurar a realização de exames de mapeamento genético para mulheres com risco elevado de câncer de mama. A lei torna obrigatória a oferta desses exames em todos os hospitais vinculados à Secretaria de Saúde do Distrito Federal, que fica também encarregada de equipar todos os laboratórios dos hospitais que ainda não possuam recursos humanos ou materiais para tal.

O médico ginecologista Álvaro Luiz Colusso explica que o critério adotado pela medicina para considerar que uma mulher possui alto risco de contrair o câncer de mama é o diagnóstico da doença em parentes próximos: mãe, avós paternas ou maternas e/ou tias. “Essa mulher, no ponto de vista genético, teria uma chance maior de câncer de mama”, afirma.

A função do exame é identificar uma predisposição genética para o câncer de mama. “O teste busca reconhecer duas modificações genéticas, o BRCA 1 e o BRCA 2. Aquela pessoa que já tem um histórico familiar de câncer de mama teria que fazer o exame para saber se sofre mutação em um desses dois genes. Se houver a mutação, significa que ela tem um risco bastante elevado de ter o câncer de mama”, esclarece o ginecologista.

Por outro lado, segundo Álvaro a presença dessas mutações quer dizer que o câncer de mama seja garantido. “Não significa obrigatoriamente que ela vai ter. Mas a incidência é muito maior se ela tiver essas alterações”. Uma vez identificadas as mutações no exame, a recomendação é que aumente a atenção quanto à regularidade dos exames preventivos e se realize exames com maior rigor. Álvaro recomenda a realização anual da mamografia, ecografias anuais ou semestrais e, no mínimo, autoexame realizado uma vez por mês. Na detecção de qualquer nódulo ou alteração da mama, deve-se procurar a ajuda de mastologista ou de ginecologista.

Álvaro alerta que a maioria dos casos de câncer de mama não são de origem genética, devendo haver atenção para isso mesmo sem que haja histórico familiar. “Anos atrás a genética era a condição mais importante, mas hoje não. Os hábitos de vida e de alimentação são condições mais preponderantes do que a genética propriamente dita”. Manter a prática regular de exercício físico, alimentação equilibrada e evitar o consumo de álcool e cigarro e realizar exames dentro do prazo recomendado são as principais formas de prevenção ao câncer de mama.

A lei em questão já se encontra em vigor em todo o Distrito Federal, e determina também que as despesas para a coleta dos exames sejam especificadas na lei orçamentária anual. O executivo possui o prazo de 60 dias para que ela comece a ser cumprida integralmente. A Secretaria de Saúde informa por meio de sua assessoria de comunicação que se prepara para ofertar mais esse serviço à população do DF, estudando a melhor forma de atender o que está previsto na lei.

Infertilidade assombra

Após o diagnóstico de câncer, muitas mulheres se perguntam se deveriam pensar em ter filhos ou se, de fato, poderão tê-los no futuro. As dúvidas são variadas e, muitas vezes, acabam acompanhas de “achismos” e mitos que mais atrapalham do que informam.

Para esclarecer esses questionamentos, a oncologista, especialista em câncer de mama, Ludmila Thommen esclarece que a mulher que recebe o diagnóstico de câncer e vai iniciar o tratamento precisa ser informada sobre a possibilidade da infertilidade.

“Não é a oncologista que define as técnicas de reprodução, mas esse profissional precisa abordar o assunto com a paciente e informar as possibilidades disponíveis. Uma série de fatores como idade, histórico familiar e até mesmo o desejo em maternar serão levados em consideração antes da tomada de qualquer decisão”, explica a médica.

De acordo com a especialista, todo o processo de quimioterapia pode vir a provocar lesões nos ovários. Já a radioterapia e a cirurgia apenas se for do útero e ovário. Contudo, isso vai depender com que tipo de tumor o paciente foi diagnosticado, do quão avançada está a doença e ainda, como será a intensidade do tratamento ao qual ela será submetido. É importante ressaltar, que a prioridade sempre deve ser de combater o câncer no paciente.

Mesmo após a conclusão dos processos de quimio e radioterapia, o ideal segundo a oncologista, seria esperar um tempo antes de engravidar. Não existe uma regra básica, mas a decisão pode e deve ser discutida caso a caso.

Segundo estudos publicados até o presente momento, as pesquisas não mostram qualquer fator de risco para a doença em filhos de pacientes com câncer. Entretanto, é preciso avaliar todo o histórico familiar do indivíduo para identificar qualquer possível síndrome genética. Se os casos presentes na família são numerosos, é indicado procurar um geneticista para avaliar as chances de os filhos terem uma chance maior do que o normal de ter câncer.

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