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Brasília

Dezembro Laranja: Mês de alerta para o câncer de pele

No sábado, médicos do DF organizam mutirão solidário para atender e realizar exames em pessoas que tenham ou achem que tenham câncer de pele

Aline Rocha

06/12/2019 14h30

Camilla Germano 
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Você conhece o Dezembro Laranja? O mês de alerta foi criado pela Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD) há cinco anos como modo de alertar a população sobre a importância da prevenção do câncer de pele, doença que atinge cerca de 180 mil pessoas ao ano. Em um dos casos mais recentes da doença, por exemplo, o técnico do Vasco da Gama, Vanderlei Luxemburgo foi diagnosticado após realizar a biópsia em três pintas no nariz, uma delas malignas. Apesar de tratável, na maioria dos casos, o diagnóstico precoce facilita muito o tratamento. Para isso, a SBD organizará amanhã um mutirão de atendimentos para alertar sobre o câncer de pele.

“O dezembro laranja foi criado com o intuito de alertar e dar publicidade para um assunto que não é muito divulgado. Esse ano tivemos casos públicos de câncer de pele mas é preciso alertar sobre os perigos. O alerta é feito em dezembro justamente por ser o início do verão e também época do ano em que as pessoas estão mais expostas ao sol”, explica o dermatologista Alessandro Guedes.

A doença é provocada pelo crescimento anormal e descontrolado das células que compõem a pele. Essas células se dispõem formando camadas e, de acordo com as que forem afetadas, são definidos os diferentes tipos de câncer. Existem três tipos o carcinoma basocelular, o mais prevalente dentre todos os tipos, o carcinoma espinocelular, segundo mais prevalente dentre todos os tipos de câncer e o melanoma, tipo que menos ocorre e também o mais letal.

O câncer é determinado por pintas, eczemas ou outras lesões benignas, ou seja, saber em quais regiões existem pintas, faz toda a diferença na hora de detectar qualquer irregularidade. Somente um exame clínico feito por um médico especializado ou uma biópsia podem diagnosticar o câncer da pele, mas é importante estar sempre atento aos sintomas.

De acordo com a Instituto Nacional de Câncer (INCA), no levantamento mais recente de 2019, foram registrados cerca de 2.470 novos casos de câncer de pele no Distrito Federal. Em se tratando de Brasil estimam-se 85.170 casos novos de câncer de pele, sem incluir o melanoma, entre homens e 80.410 nas mulheres para 2019. Esses valores correspondem a um risco estimado de 82,53 casos novos a cada 100 mil homens e 75,84 para cada 100 mil mulheres. É o mais incidente em ambos os sexos.

Causas

O câncer de pele é provocado pelo crescimento anormal das células que a compõe. Os diferentes tipos da doença se manifestam de formas distintas. A presidente da Sociedade Brasileira de Dermatologia do DF (SBD-DF), Cristina Salaro explica que é importante estar sempre fazendo check-ups com dermatologistas. “Fazer o check-up em pintas regulares também é importante justamente porque em casos de câncer, diagnosticá-los cedo facilita o tratamento”, diz. “O tratamento é feito, principalmente, por meio de cirurgias e por isso caso detectado muito tarde é preciso fazer o que chamamos de cirurgia mutiladora, que pode deixar sequelas estéticas, por exemplo”, explica ela.

O diagnóstico precoce eleva as chances de cura para mais de 90% dos casos. Avaliações regulares da própria pele para procurar por sinais que sejam recentes são uma boa forma de se prevenir contra a doença. Foi assim com a dona de casa Alzira de Castro, 58. O diagnóstico precoce garantiu recuperação e tratamento rápidos. “Eu era pequena e pegava muito sol e de repente apareceram uma manchas na minha pele, porque tenho uma pele muito sensível e branquinha. Apareceram manchas no meu nariz e ao lado do olho. Fui ao dermatologista e me informaram que era câncer de pele e que seria fácil remover. Desde então nunca mais tive sintomas de câncer de pele”, conta. Ela explica também que por conta disso vai regularmente aos dermatologistas para fazer acompanhamento.

O aposentado Amilcar Jiran Ziller, 72, ainda está em tratamento contra o câncer de pele e acredita que os mais jovens não passaram pelo mesmo que ele. “Penso que futuramente os jovens de hoje não terão este tipo de problema, visto que usam frequentemente os filtros e protetores solares”, pondera. “Quando tinha 40 anos notei uma pequena ferida no braço esquerdo que não cicatrizava e, por vezes, coçava. Como parte do tratamento, vários nódulos, cerca de uns 70 a 80, não sei ao certo, foram retirados através de pequenas incisões cirúrgicas, feitas em clínicas”, explica ele. A causa sinalizada pelos médicos a época era o excesso de exposição ao sol, durante os esportes que ele praticava ao ar livre.

Mutirão

A campanha Dezembro Laranja vai conscientizar a população sobre os riscos de alta exposição ao sol, que pode desencadear os cânceres de pele. O melanoma, tipo mais raro mas mais agressivo de câncer da pele, caracteriza-se por pintas pretas ou com várias cores na mesma lesão, com bordas irregulares e que pode acontecer em qualquer parte do corpo, inclusive couro cabeludo, sola dos pés e palmas das mãos. Já os cânceres de pele “não melanoma” (carcinoma basocelular e espinocelular) são os mais frequentes, com alta possibilidade de cura quando diagnosticados precocemente, e são mais comuns em áreas do corpo que já pegaram sol ao longo da vida.

O mutirão, organizado pela Sociedade Brasileira de Dermatologia acontece amanhã no Hospital Regional da Asa do Norte (HRAN) a partir das 9 horas da manhã e atenderá 400 pacientes. O atendimento, no entanto, será feito somente para o tratamento de câncer de pele, por isso pacientes que queiram atendimentos para outras doenças de pele não devem buscar o atendimento amanhã. Pacientes que tenham dúvidas sobre a presença ou não do câncer na pele podem procurar o local. Além disso, serão distribuídas senhas a partir das 7 horas da manhã para os interessados nos atendimentos que serão feitos por ordem de chegada. Cerca de 60 profissionais estarão no local.

Tipos

  • Carcinoma basocelular (CBC): Tem baixa letalidade e pode ser curado em caso de detecção precoce. Os CBCs surgem mais frequentemente em regiões expostas ao sol, como face, orelhas, pescoço, couro cabeludo, ombros e costas. Podem se desenvolver também nas áreas não expostas, ainda que mais raramente.
  • Carcinoma espinocelular (CEC): segundo mais prevalente dentre todos os tipos de câncer. Pode se desenvolver em todas as partes do corpo, embora seja mais comum nas áreas expostas ao sol, como orelhas, rosto, couro cabeludo, pescoço etc. A pele nessas regiões, normalmente, apresenta sinais de dano solar, como enrugamento, mudanças na pigmentação e perda de elasticidade. É duas vezes mais frequente em homens do que em mulheres. Normalmente, têm coloração avermelhada e se apresentam na forma de machucados ou feridas espessos e descamativos, que não cicatrizam e sangram ocasionalmente. Eles podem ter aparência similar à das verrugas. Somente um médico especializado pode fazer o diagnóstico correto.
  • Melanoma: tipo menos frequente dentre todos os cânceres da pele, o melanoma tem o pior prognóstico e o mais alto índice de mortalidade porque pode ser metastático – condição que pode gerar câncer em outras áreas do corpo como o cérebro, por exemplo. O melanoma, em geral, tem a aparência de uma pinta ou de um sinal na pele, em tons acastanhados ou enegrecidos. Porém, a “pinta” ou o “sinal”, em geral, mudam de cor, de formato ou de tamanho, e podem causar sangramento.

* A hereditariedade desempenha um papel central no desenvolvimento do melanoma. Por isso, familiares de pacientes diagnosticados com a doença devem se submeter a exames preventivos regularmente. O risco aumenta quando há casos registrados em familiares de primeiro grau.

Sintomas

  • Uma lesão na pele de aparência elevada e brilhante, translúcida, avermelhada, castanha, rósea ou multicolorida, com crosta central e que sangra facilmente;
  • Uma pinta preta ou castanha que muda sua cor, textura, torna-se irregular nas bordas e cresce de tamanho;
  • Uma mancha ou ferida que não cicatriza, que continua a crescer apresentando coceira, crostas, erosões ou sangramento.

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