Jéssica Antunes
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Parada há três meses, não há prazo definido para que a obra do viaduto do centro de Taguatinga seja retomada e concluída. Ela faz parte do conjunto de promessas para aliviar o trânsito intenso no chamado Corredor Oeste, na Estrada Parque Taguatinga (EPTG). Tapumes foram colocados em fevereiro de 2017 e a previsão de entrega já foi alterada ao menos três vezes. Da expectativa inicial, passaram-se mais de 430 dias. Nesse meio tempo, obras foram anunciadas, iniciadas e concluídas.
Cerca de 135 mil veículos circulam pela região todos os dias e os engarrafamentos são diários. Eles começam lá atrás, na avenida Elmo Serejo, e se estendem até o fim da EPTG, na altura da Octogonal. Atualmente, os motoristas passam por um desvio na altura da linha férrea do Guará. Ali, o trecho é submetido ao terceiro alargamento de ponte, previsto para ser entregue na segunda quinzena de outubro. No início de julho, foram terminados e liberados os que passam sobre os córregos Samambaia e Vicente Pires.
Enquanto a obra no centro de Taguatinga continua parada, a ciclovia também tomou forma. Ao JBr., o Departamento de Estradas de Rodagem (DER) informou que a obra está em processo de finalização. A previsão de conclusão é novembro deste ano, mas pode ser prorrogada. Uma nova saída por Águas Claras também foi anunciada, para alívio dos motoristas que sofrem especialmente com o nó no Viaduto Israel Pinheiro, que há não previsão de intervenções.
As obras devem começar até o fim de 2018 com estimativa de término até o primeiro semestre de 2019, ao custo de R$ 5 milhões. Com 2 km de extensão, a saída terá duas faixas em cada sentido, ligando o balão de interseção entre a Avenida Pitangueiras e a Avenida Parque Águas Claras.
Vaivém
No centro de Taguatinga, por sua vez, a novela parece longe do fim. No fim do ano passado, quando já haviam sido gastos R$ 4,7 milhões, o governo anunciou um aditivo de R$ 1,1 milhão. Cinco meses depois, as obras foram paralisadas. De acordo com a Secretaria de Infraestrutura e Serviços Públicos (Sinesp), a suspensão, por 90 dias, foi recomendada pela Controladoria Geral do Distrito Federal. A pausa foi necessária para readequações no projeto executivo e aditivo financeiro. As obras devem ser retomadas neste mês, mas sem data definida.
“Com a fundação e os pilares concluídos, avançou-se para a fase dos tabuleiros, onde foram encontradas divergências entre o tabuleiro existente e o projetado, o que gerou a necessidade de readequação do projeto executivo”, informou a pasta, que calcula que 25% dos serviços totais foram executados. Se tudo der certo, a passagem pode ser liberada ainda neste ano.
Mudança
O viaduto tem de 60 metros de extensão e 20 metros de largura e deve ganhar mais duas faixas, sendo uma de veículos e outra exclusiva para ônibus. O orçamento para execução é de R$ 5,4 milhões provenientes de um contrato de financiamento com a Caixa Econômica Federal e contrapartida do GDF. De acordo com o governo, é estratégia que as obras ocorram em etapas.
Martírio Diário
“É sempre um martírio”, resume a operadora de telemarketing Eunice Maia, 32. Ela mora em Ceilândia e precisa sair mais de duas horas antes de bater o ponto, para não chegar atrasada ao trabalho: “Fico em pé no ônibus por mais de uma hora e meia. O problema está quando diminuem as pistas. É engarrafamento todo dia”. Para ela, as intervenções podem ajudar nesse fluxo: “Mas parece que é só conto da sereia e nunca vai sair”.
A situação não é diferente para condutores. “A redução no número de faixas complica demais a vida. A ideia de alargar os viadutos é boa, mas precisa sair. Nos lugares que já foram liberados a mudança já foi clara, mas essa obra no centro de Taguatinga já faz parte da paisagem”, critica Marcela Pinho, administradora de 40 anos.
Memória
Saiba Mais
O JBr. pediu os detalhes que levaram a Controladoria Geral do DF a recomendar a paralisação das obras em Taguatinga, mas não obteve retorno do governo até a primeira publicação desta matéria. Às 10h09 desta sexta (3), a CGDF esclareceu que “está em andamento trabalho de inspeção rotineiro e que a Sinesp se encontra dentro do prazo para encaminhar as respostas a esta Controladoria”. Como está em andamento, o relatório ainda não foi publicado e não há como emitir conclusões sobre indícios ou irregularidades.