Menu
Brasília

Criminosos invadem casa no Altiplano Leste utilizando chave da residência

Arquivo Geral

16/11/2016 10h35

Google Street View

Douver Barros
[email protected]

Dois homens invadiram uma casa do Condomínio Privê Morada Sul, no Altiplano Leste, por volta das 14h de terça-feira (15). Eles entraram pela porta da frente da residência, utilizando uma chave. Um adolescente de 17 anos, que jogava videogame no quarto, foi surpreendido pela presença dos assaltantes.

Segundo a Polícia Civil, os suspeitos entraram em silêncio e pegaram as facas da cozinha da própria casa para surpreender o menor. Ele teve as mãos amarradas e foi amordaçado com uma toalha, sendo trancado em um dos quartos. A vítima informou à polícia que os assaltantes o questionaram onde estaria o pai e uma suposta arma.

De acordo com a Polícia Militar, policiais vizinhos que estavam de folga ouviram um barulho e foram verificar o que ocorria ali. Os criminosos, no entanto, conseguiram fugir pelos fundos da casa, levando dois televisores e um videogame. Ninguém havia sido preso até a publicação desta matéria, mas a PM já possui um suspeito.

“Possivelmente algum conhecido da família ou empregado passou a chave para o cometimento desse crime. Não se explica eles terem a chave do portão e da porta da casa”, comenta o capitão da Polícia Militar, Michello Bueno. Ele afirma que é possível que um terceiro suspeito tenha dado suporte para os criminosos em um veículo.

Os índices criminais na região são baixos, segundo Michello. Recentemente houve alguns casos de crimes por ali e alguns responsáveis foram presos. “Temos um sistema de monitoramento e comunicação com a população via WhatsApp. Isso tem ajudado bastante a Polícia Militar”, conclui ele. O caso da residência invadida é investigado pela 6ª Delegacia de Polícia, no Paranoá.

A violência perto de casa

Jorge Eduardo Antunes
[email protected]

Resido no Privê Morada Sul desde agosto 2001, exatamente na mesma rua onde foi cometido o crime na tarde de terça. O condomínio é um lugar bucólico, com bons vizinhos e uma segurança acima da média. Na hora em que soube do caso, meu primeiro sentimento foi pedir a Deus que meus vizinhos estivessem bem. Como sou carioca, fui vítima várias vezes de assaltos quando morava no Rio – sete, no total, de saidinha de banco a sequestro-relâmpago, passando por assalto a ônibus, roubo no trânsito e outras modalidades. Sei como é estar na mira de criminosos. Não desejo isso a ninguém.

Felizmente, todos passam bem, apesar da extrema violência de terem sua casa invadida e de um adolescente ficar à mercê de bandidos armados com facas, prontos para fazer qualquer tipo de crueldade – e amarrar e amordaçar um jovem de 17 anos é um ato extremamente cruel.

O fato de escaparem quase ilesos – o prejuízo psicológico não é mensurável neste momento – não impediu que a noite na minha casa fosse de sobressalto. Mesmo tendo dois cães de guarda, a gente não sossega. A cada latido, acorda, sai da cama, olha pela janela… Pode ser um gato de rua passando, mas pode ser um gatuno. A tranquilidade, depois de um evento destes, vai para o espaço. Para a família atingida e para todas as outras que souberam do drama.

É lógico que as medidas tomadas pela segurança e administração nos deixaram mais calmos. Em poucos instantes havia viaturas da PM e Polícia Civil cuidando de apurar a violência sofrida pelos meus vizinhos e buscar os ladrões. Não tenho dúvidas que serão presos.

Isso, claro, é bom.

Mas, de certa forma, nos sentimos invadidos – eu mesmo, que tenho o hábito de fumar um charuto de janelas abertas ou no quintal, para curtir a temperatura mudando à noite, me resguardei e tranquei-me em casa, como fazia quando morava no Rio.

Isso é muito ruim.

Essa sensação vai passar – como passou o medo de entrar em ônibus após o primeiro assalto deste tipo que sofri no Rio.

Mas é complicado saber que não podemos confiar em mais ninguém. A chave da residência do meu vizinho caiu em mãos erradas. Estou certo que ele a forneceu para alguém que julgava ser de confiança – e embalado por bons sentimentos. E essa confiança foi traída.

Aí não adianta a boa segurança que temos e a amizade dos vizinhos, que correram para ajudar quando ouviram ruídos anormais. Elas só vão minorar o problema. Isso porque o ladrão já estará em nossa casa.

A culpa disso, claro, não é nossa.

A culpa é do criminoso, do violador da confiança. É nele que devemos mirar. É ele que precisa ser preso, afastado do convívio social. E será.

Infelizmente, graças às nossas leis, por pouco tempo. Isso precisa mudar. Urgentemente.

Aos meus vizinho assaltados, desejo que a paz reine em seu lar. Assim como desejo a todos que, um dia, foram vítimas de qualquer tipo de violência.

Às autoridades, tenho um pedido: não basta prender. É preciso deixar preso por mais do que alguns dias. É preciso rever a progressão penal indiscriminada, aplicando-a apenas a poucos presos, merecedores do benefício. É preciso rever os saidões. E é preciso fazer das prisões um lugar para corrigir os bandidos. Hoje, elas são uma universidade para formar criminosos mais cruéis. E quando eles saem de lá, nós somos cada vez mais vítimas.

Porque ontem foi meu vizinho, como antes fui eu. E amanhã, quem será?

    Você também pode gostar

    Assine nossa newsletter e
    mantenha-se bem informado